A PPI e a necessidade de ter a Petrobras na distribuição de gasolina – Desde que foi instaurada a PPI (Preço de Paridade de Importação) para a gestão dos preços do petróleo e, consequentemente da gasolina no Brasil, existe um grande problema para o brasileiro e a gestão macroeconômica.
A PPI é uma política de preços adotada pela Petrobras em 2016 para determinar o preço da gasolina. Com a PPI, o preço da gasolina passou a ser calculado levando em conta o preço internacional do petróleo e a taxa de câmbio dólar/real. Em resumo, a PPI estabelece que o preço da gasolina no Brasil deve seguir o preço internacional, com um ajuste para refletir as condições do mercado nacional.
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Antes da adoção da PPI, a Petrobras seguia uma política de preços que levava em conta principalmente os custos de produção e os impostos no Brasil. Com a PPI, a empresa passou a atualizar os preços da gasolina com mais frequência, seguindo as variações do mercado internacional. Isso causou variações significativas no preço da gasolina no Brasil, variando de acordo com a cotação do dólar e do preço do petróleo no mercado internacional.
Com as recentes oscilações do câmbio, o governo tem buscado reduzir o preço da gasolina aumentando o volume produzido nacionalmente e reduzindo a dependência internacional. Contudo, o reflexo no consumidor final tem se mostrado baixo especialmente por conta da estrutura de distribuição no Brasil.
A Petrobrás nos últimos anos reduziu fortemente o seu número de postos de gasolina, especialmente nas últimas rodadas de privatizações efetivas por Paulo Guedes e Companhia. O que nos leva a questionar especialmente sobre a necessidade da Petrobrás voltar a atuar como player final da distribuição aumentando o investimento em postos de gasolina para quebrar o lobby das bombas e dos players que se fixaram nos últimos anos.
Sem a pressão da Petrobrás no preço final, o impacto da redução do custo de produção nas refinarias e, mesmo a queda da PPI não será realmente efetivo como esperado. O Governo Federal precisa compreender que a Petrobrás precisa aplicar o “production-to-customer” se realmente quiser ser impactante e possuir resultados significativos sobre o preço dos bens e na ampliação de uma matriz energética que garanta competitividade.
Nós últimos dias o mercado discute a possibilidade de que a Petrobrás dará continuidade a reintegração da BR distribuidora (Broadcast) ao braço da maior empresa de energias da América Latina. É uma atitude certa, mas tem grandes chances de comprar da Vibra (detentora da BR) mais caro do que vendeu.
Por Emerson Braz, economista pela PUC-SP, escritor do Boletim de Conjuntura do Departamento de Economia Política (DEPE) da PUC-SP, trabalha com Risco de Mercado.
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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil