O fim de Bolsonaro – A possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizar as festividades do Dia da Independência (7/9) para produzir novos atos golpistas é vista com grande preocupação por aliados.
Neste domingo (07), Bolsonaro foi hostilizado em uma churrascaria em São Paulo, onde ouviu vaias e xingamentos enquanto se retirava do local.
O receio é de que novos ataques às eleições aumentem e consolidem a rejeição ao presidente, além de poder desencadear uma série de reações em massa, sobretudo de setores econômicos.
A apreensão se ampliou após Bolsonaro anunciar que irá ao Rio de Janeiro no feriado e dizer que o desfile militar será em Copacabana.
“Sei que vocês [paulistas] queriam [que o ato fosse] aqui [em SP]. Queremos inovar no Rio. Pela primeira vez, as nossa Forças Armadas e as forças auxiliares estarão desfilando na praia de Copacabana”, anunciou Bolsonaro.
Porém, o edital publicado no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro, na quinta-feira (04), mostra que a Prefeitura do Rio ignorou os planos do presidente e manteve o desfile na região central.
Ainda assim, Bolsonaro reafirmou o ato em Copacabana, mas, dessa vez, não citou a participação das Forças Armadas.
“Estarei 10h em Brasília, num grande desfile militar, e às 16h em Copacabana, no Rio de Janeiro. Mas estarei ligado aqui. Terei uma satisfação muito grande caso tenha oportunidade de falar num telão com vocês que participarão desse movimento”, afirmou a apoiadores em discurso após participar de motociata no Recife.
Pá de cal
A avaliação entre aliados de Bolsonaro é de que usar o Bicentenário da Independência para fazer ataques contra ministros do STF e para espalhar teorias da conspiração sobre as urnas eletrônicas pode ser o fim de Bolsonaro, eleitoralmente falando.
Em 18 de julho, Bolsonaro reuniu embaixadores no Palácio da Alvorada, e fez ataques ás instituições brasileiras e às eleições em si.
O resultado foi terrível: manifestações contrárias da cúpula do Judiciário, de servidores de diversos órgãos do governo e até mesmo de governos estrangeiros.
A principal consequência talvez tenha sido a formulação de uma carta em defesa do Estado de Direito, organizada pela Faculdade de Direito da USP e que já tem mais de 760 mil assinaturas.
Entre os signatários estão banqueiros e altos representantes do sistema financeiro, além de lideranças políticas, entidades da sociedade civil, intelectuais e artistas.
Caso Bolsonaro repita a sanha golpista no Dia da Independência, aliados temem não haver tempo hábil de reverter possíveis estrago causados institucionais e na opinião pública há menos de um mês das eleições presidenciais, marcadas para o dia 2 de outubro.
Boa parcela dos estrategistas do presidente avalia que o discurso golpista não traz votos para Bolsonaro e que ‘forçar a barra’ pode ser a pá de cal nas chances de reeleição.
(Com informações de matéria de Marianna Holanda e Matheus Teixeira em Folha de S. Paulo)
(Foto: Reprodução)