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Antonio Neto: Por que Ciro?

Por que Ciro? – Li neste espaço o artigo do meu amigo e vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PSD-AM), em apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em nome da preservação da democracia (“Por que Lula?”, 13/5). Respeito a opinião do deputado, mas acredito que precisamos ir além da negação de Jair Bolsonaro (PL) e do seu governo antidemocrático.

O momento é de afirmar ideias. É nesse sentido que defendo o Projeto Nacional de Desenvolvimento, liderado por Ciro Gomes (PDT), para que possamos derrotar Bolsonaro e mudar o modelo econômico e o padrão de governança estabelecidos há quase 30 anos no nosso país.

O governo atual não é causa, mas consequência das escolhas políticas das últimas décadas. Para derrotar definitivamente as forças do atraso é preciso encerrar o ciclo econômico fracassado e a desmoralização política que geraram Bolsonaro.

Conheci Ciro Gomes no fim de 1994, quando ele era ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, e eu presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT). Jovem, inteligente e bom de diálogo, juntos fomos responsáveis pela histórica conquista da medida provisória da Participação dos Lucros e Resultados (PLR) para os trabalhadores brasileiros. Naquele curto período de convivência, vi em Ciro uma liderança hábil, corajosa e compromissada com o trabalhador. Continuei acompanhando e dividindo bons momentos com Ciro Gomes ao longo dos anos, mas só nos reencontramos definitivamente em 2017, quando fui convidado para liderar o PDT na maior cidade do país.

Minha admiração por Ciro só aumentou nos últimos tempos. Não só pela relação de amizade que criamos, mas pela sua coragem, rebeldia e lealdade com o povo brasileiro. Já são anos de estrada defendendo um novo modelo de desenvolvimento econômico para o país, denunciando as profundas injustiças e a governança desastrosa que tanto infelicitaram o Brasil.

Enquanto os líderes das pesquisas rebaixam o debate para uma disputa despolitizada e nada programática de “anticomunismo versus picanha e cerveja”, o ex-governador do Ceará pauta o debate nacional a partir de um Projeto Nacional de Desenvolvimento, que conta com a contribuição de mais de 600 especialistas e que vai de um profundo diagnóstico de como chegamos a este cenário político, social e econômico lamentável até propostas parametrizadas e objetivas de temas centrais para o desenvolvimento nacional.

Como dirigente sindical, afirmo sem a menor sombra de dúvidas: Ciro Gomes é o único pré-candidato que tem coragem de apresentar uma pauta que atenda os interesses reais dos trabalhadores.

Entre os principais compromissos de Ciro com os trabalhadores estão: a revogação dos pontos da reforma trabalhista que estão judicializados no Supremo Tribunal Federal, a revisão das demais alterações realizadas nos últimos anos e a abertura de uma mesa tripartite (trabalhadores, empresários e governo) para a construção de um novo Código Brasileiro do Trabalho, em substituição da CLT, para colocar o Brasil no mundo do trabalho do século 21 a partir das melhores práticas internacionais.

É preciso tirar o Brasil do mapa da fome, mas de forma permanente. Algo que só será possível enfrentando privilégios e a profunda concentração de renda estabelecida no Brasil. Precisamos de um presidente que governe para todos, mas que tenha coragem de fazer escolhas. E que escolha o lado dos trabalhadores de fato, não só da boca para fora —não adianta falar em nome dos trabalhadores e governar com conchavos vergonhosos, aplicando o surrado modelo neoliberal que produziu a crise que vivemos.

Faço uma provocação: por que quase um terço dos eleitores de um povo destruído por um governo símbolo da incompetência, do negacionismo, do autoritarismo vulgar e que mergulhou o seu povo na fome e na miséria ainda prefere a permanência do atual governante? A resposta está na falsa polarização imposta que ressuscitou os fantasmas que levaram o país ao abismo em que vivemos. Se os governos do PT contribuíram para a diminuição momentânea das desigualdades, também foram os governos petistas que entregaram um país com dois dígitos de inflação e desemprego e envolto na lama da corrupção.

Combater a fome e a miséria não basta, é preciso uma revolução das ideias na educação, de uma reforma tributária que faça justiça social e de uma verdadeira cruzada contra o rentismo que inviabiliza o desenvolvimento nacional e a emancipação do nosso povo. E apenas Ciro parece ter a coragem necessária para encarar o desafio colocado.

Publicado originalmente no Jornal Folha de São Paulo por Antonio Neto, presidente do PDT São Paulo e pré-candidato a deputado federal pela sigla.

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Por Antonio Neto

Analista de Sistemas e sindicalista, atualmente a frente da Central dos Sindicatos Brasileiros, do Sindpd/SP e do PDT São Paulo

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