O PDT promove neste sábado (24), às 16h, a plenária virtual “Agora é Ciro” na região de Sorocaba com o objetivo de apresentar a qualquer interessado o PND (Projeto Nacional de Desenvolvimento), encabeçado pelo ex-ministro Ciro Gomes. Para participar é preciso fazer a inscrição, de forma antecipada, através do link aqui.
O vice-presidente estadual do partido, Antonio Neto, é sorocabano e fiz três perguntas a ele sobre o momento em que vivemos.
A primeira, de sua intimidade, se relaciona ao fato dele ser presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e sua relação com a militância política de esquerda. Ele é filho de Guarino Fernandes dos Santos, que também foi um líder sindical ao presidir a União dos Ferroviários da Estrada de Ferro Sorocabana, ter sido vereador em Sorocaba (1959/1963); e deputado estadual eleito por São Paulo e cassado antes da posse. Guarino foi preso no regime militar por ter participado das principais lutas operárias entre os anos de 1942 a 1987 e escreveu o livro “Nos Bastidores da Luta Sindical (132 pp, São Paulo:Ícone Editora Ltda. 1987), onde relata os detalhes da luta sindical, a sua experiência e de seus companheiros”.
As outras duas perguntas referem-se ao porquê de seguir este caminho com Ciro e não seguir com Bolsonaro ou voltar com Lula.
Leia:
1) Que sentimento você tem ao vir apresentar um projeto de país em sua terra natal? O seu pai teria orgulho de você?
Eu espero estar cumprindo a mesma tarefa que papai tinha. Ele sempre foi um nacionalista. É uma honra apresentar na minha cidade natal um Projeto Nacional de Desenvolvimento, agora que está cada vez mais evidente a necessidade da reindustrialização do país e de incrementar a importância do papel do Estado na economia, na saúde, na educação, na segurança. Então, creio que realmente papai deve estar orgulhoso, porque era o que ele defendia.
2) Por que não continuar com o projeto Bolsonaro?
Bolsonaro não tem projeto. Na verdade, quando ele transferiu as suas responsabilidades para o “Posto Ipiranga”, por sua absoluta incompetência para gerenciar o Brasil, por sua total incapacidade de ter visões sobre os mais diversos assuntos, ele entregou o país na mão de um agente do rentismo, para que ele faça o que está na contramão do que ocorre no mundo hoje.
Nesta semana, se discutiu o fim do Consenso de Washington de 1989 e a criação de um novo Consenso de Washington, com valorização do papel do estado na economia, do papel da indústria dentro do próprio país.
Não se pode ficar na dependência de tanta importação, como a gente acabou de ver no caso da pandemia, quando tivemos que importar máscara, respirador, equipamentos, insumos, uma coisa absurda. Ou seja, a pandemia mostrou que todos os países têm que começar a pensar também que é importante fortalecer o comércio internacional sim, mas que não dá ficarmos totalmente dependentes, sem alternativas.
Porque, na hora que os mais ricos precisam das vacinas, eles terão as vacinas na frente, terão os respiradores na frente. Em síntese, precisaríamos ter uma estrutura no Brasil para que a gente pudesse fazer face a esse momento. Mas o desgoverno Bolsonaro não tem projeto, o que eles querem é destruir o Estado brasileiro, privatizar indiscriminadamente, vendendo tudo a preço de banana. Ou fazendo essa política absurda no caso do petróleo, exportando óleo cru e importando diesel e gasolina em dólar.
Ou seja, eles não têm compromisso com o Brasil nem com os brasileiros. E o Projeto Nacional de Desenvolvimento é a antítese disso.
3) Por que não abraçar a volta do Lula?
Porque Bolsonaro é fruto dos erros cometidos na gestão Lula e Dilma. Lula conciliou com o rentismo, o PT não tinha um projeto econômico, social e político definido, pelo contrário, era um projeto mais de poder do que efetivamente um projeto de nação. Os governos do PT não tinham projeto de reindustrialização.
Durante o período Lula e Dilma, a indústria brasileira começou a desabar, eles fortaleceram apenas grandes empresas, os “campeões nacionais”, financiados pelo BNDES. Com essa política e diversos erros na condução da economia, eles produziram a pior crise da história do Brasil.
Esse desastre, somado aos inúmeros escândalos de corrupção que explodiram nas gestões petistas, acabaram produzindo o fenômeno do antipetismo que elegeu uma tragédia maior ainda, que é o desgoverno genocida do Bolsonaro. Precisamos sair dessa polarização, deixar para trás o ódio, a incompetência e projetos pessoais de poder e começar a reconstruir este país.
Não através de salvadores da pátria messiâncos, porque a História já mostrou que isso não funciona. Mas sim com base em um Projeto Nacional de Desenvolvimento, como defendido por Ciro Gomes. Um projeto bem detalhado e realista, que mostra os caminhos para sairmos desse buraco em que a polarização e o ódio nos meteram. O Brasil tem jeito.
Fonte: O De Da Questão
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