Jair Bolsonaro afirmou, em live nas redes sociais, nesta quinta-feira (18) que entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra decreto de governadores que intensificaram medidas restritivas para aumentar o isolamento social, entre elas o lockdown.
Ele mencionou uma decisão do município São José do Rio Preto (SP), que proibiu o funcionamento de postos de gasolina, e disse ainda que alguns governadores e prefeitos são “projetos de ditadores”. Na explicação do presidente, estes ‘fatos’ justificariam a ação de Bolsonaro no STF.
“Entramos com ação direta de inconstitucionalidade junto ao STF buscando conter esses abusos. Entre eles, o mais importante é que nossa ação foi contra o decreto de 3 governadores. No decreto, inclusive, o cara bota toque de recolher. Isso é estado de sítio, que só uma pessoa pode decretar: eu”, disse Bolsonaro.
“Se sou eu que assino o decreto, vai para dentro do Parlamento e, se eles concordarem, entra em vigor… Agora o decreto de um governador ou prefeito tem poder de usurpar a Constituição”, reclamou.
Policiais militares renderam 14 milhões de votos a Bolsonaro. Agora explicam por que estão decepcionados
Chamam atenção desde a semana passada as declarações de PMs e de entidades da segurança pública contra o presidente Jair Bolsonaro. Na imprensa, foram notícia os depoimentos de agentes, que tacharam o capitão reformado de ‘traidor’, até as ameaças de paralisações da União dos Policiais do Brasil, entidade que reúne 24 carreiras da segurança, contra o governo federal.
Os episódios parecem ser pontuais, mas revelam sintomas de um desconforto constante e progressivo entre Jair Bolsonaro e uma de suas bases eleitorais mais importantes, os policiais militares.
Segundo projeções da Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais, a Feneme, os PMs brasileiros conseguiram alavancar cerca de 14 milhões de votos para o presidente da República nas eleições de 2018. O número, para se ter ideia, representa um patrimônio eleitoral que é quase a soma do total de votos que o governador de São Paulo, João Doria, do PSDB, e o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, do PSC, receberam em 2018. O tucano foi eleito com cerca de 10,9 milhões de votos e, Witzel, com aproximadamente 4,6 milhões votos.
Os PMs e agentes da segurança são público-alvo de Bolsonaro desde quando ele era deputado federal pelo Rio de Janeiro – o presidente era considerado membro do conglomerado de deputados que fazem lobby na área da segurança pública e foram eleitos pela plataforma de combate ao crime, a “bancada da bala”, no Congresso. Assim que virou uma figura nacional, abarcou o apoio de PMs de outros estados.
Mas o casamento entre policiais militares e o bolsonarismo está conturbado desde outubro de 2019, quando teve início a briga interna entre os dois grupos pelo poder do PSL, então partido do presidente.
A crise foi pública. O senador Major Olímpio – que faleceu nesta quinta-feira (18) – e o vereador Carlos Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, protagonizaram um barraco digital. No Twitter, a troca de xingamentos foi de “moleque” a “cadela no cio” e marcou a ruptura entre o clã Bolsonaro e os policiais.
Agora, de norte a sul do país, o sentimento que prevalece nas tropas, internamente, é de “frustração” com o presidente. Pela primeira vez, começa a crescer o sentimento de decepção das bases das PMs — representadas pelos agentes de patente baixa — com Bolsonaro.
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