O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) criticou a proposta de reforma administrativa do governo Bolsonaro durante live da CSB, nesta segunda-feira (05). “Em uma sociedade onde 5 pessoas tem a fortuna igual a de 100 milhões de brasileiros, está muito claro pra mim que quem tem que pagar a conta é o andar de cima”, afirmou o pedetista.
O ex-governador do Ceará, como de costume, fez duras críticas à gestão de Jair Bolsonaro à frente do país no enfrentamento da pandemia de coronavírus e lamentou as mais de 330 mil mortes no país. “Se juntar todas as guerras, não morreu um terço do que a covid já matou no Brasil. É disparada a maior crise e da história do país”, apontou Ciro.
Ciro Gomes demonstrou indignação com a situação de insegurança alimentar, que tem aumentado em larga escala. “(Comer) A pizza do domingo tá impossível pro trabalhador”, lamentou. “Temos que repartir com o povo brasileiro a ideia de um projeto nacional de desenvolvimento”, defendeu o ex-prefeito de Fortaleza.
Crise e fuga de capitais
Ciro Gomes apontou elementos sobre a crise sem precedentes. “O Brasil tem hoje 14 milhões de desempregados, quase 6 milhões de pessoas de desalentados, que desistiram de procurar empregos e a eles se juntam 40 milhões de brasileiros na informalidade. É a maior crise sanitária, social e fiscal da história brasileira”, declarou.
Ciro ainda acrescentou que o Brasil está experimentando a maior fuga de capitais da sua história: “São 70 bilhões de dólares”.
‘Desgoverno’ fiscal de Bolsonaro
O ex-ministro elencou motivos para que o chamou de “desgoverno” Bolsonaro. “O Brasil tem um déficit primário de 900 bilhões de reais, 7x o maior déficit que já tivemos na história”, pontuou, alertando para a explosão da dívida pública: “(a dívida pública) galopou pra 90% do PIB, e um quarto dela vence em breve”.
“A dívida brasileira já está em 90% do PIB e aí o que acontece? O agiota já não quer renovar o acordo com o papagaio, que é o governo. Estamos fechando uma janela de oportunidades. Vamos ver os juros voltarem a subir voando, entraremos em um quadro de estagflação (aumento da taxa de desemprego combinado com aumento contínuo de preços).” – Ciro Gomes
Aumento da concentração de riquezas
Ciro lembrou que entre 1980 e 2010, o Brasil viu seu crescimento médio cair de 12% para cerca de 2%, com os governos Collor, FHC e Lula. “E de 2010 para cá paramos de crescer. 10 milhões de lares de irmãos nossos não tem um copo d’água!”, bradou.
Ele lembrou do aumento da concentração de riqueza durantes os governos chamados de ‘progressistas’. “O PT ganhou quatro eleições, o FHC mais duas com esse papo de progressismo e criou essas 5 pessoas acumulando a mesma renda que 100 milhões de nossos irmãos. Eu estava lá, a gente tem que olhar, não adianta se zangar. Mas por que isso acontece? Por que no Brasil a gente só cobra imposto de pobre e classe média”.
“Em uma sociedade onde 5 pessoas tem a fortuna igual a de 100 milhões de brasileiros, tá muito claro pra mim que quem tem que pagar a conta é o andar de cima” – Ciro Gomes
Servidor público
Ciro ressaltou a importância do servidor público no Brasil. “Precisamos fazer uma homenagem ao servidor público, que na CSB tem sua voz altiva. Minha vida é devotada ao serviço público e dou meu testemunho que se não fosse o servidor a situação humana seria ainda mais dramática”, disse.
O pedetista também opinou sobre o suposto “inchaço” do Estado brasileiro. “Pergunto, você acha que o Brasil tem mais ou menos policiais do que precisa? Mais ou menos médicos?”, indagou.
‘Deus’ mercado e chamado à sociedade
Ciro argumentou sobre os problemas causados por uma sociedade baseada no consumo como medição de ‘sucesso’. “A grande ilusão do mercado é essa. O ‘Deus’, quem provê felicidade através do consumo, é o mercado”, criticou.
O pré-candidato á presidência da República finalizou fazendo um apelo aos servidores públicos, aos trabalhadores e à sociedade em geral. “Temos que parar de acreditar em ‘Papai Noel’. A sociedade vê seus direitos serem destruídos e não vemos uma vitrine ser quebrada…por quê? Porque nós últimos anos aquilo que se pensava ser um governo de esquerda cooptou as estruturas e tirou delas a vocação para a luta. Por isso precisamos de servidores públicos organizados, altivos e que exijam de todos os partidos propostas e compromissos para negociar aquilo que é bom e correto para a população”.
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