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Defensor dos “sonhos de Lula”, Ciro Nogueira será ministro de Bolsonaro

Cotado para ministro, Ciro Nogueira apoiou PT em 2018 e chamou Bolsonaro de ‘fascista’

Ciro Nogueira vira ministro de Bolsonaro – Matéria do Estadão assinada pelo jornalista Lauriberto Pompeu informa que o presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI), que deve assumir a posição de ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, já foi aliado de primeira ordem dos principais adversários do presidente. E há pouco tempo.

Nas eleições presidenciais de 2018, Ciro e Bolsonaro estiveram em lados opostos. O senador apoiou a candidatura de Fernando Haddad (PT) desde o primeiro turno do pleito, inclusive com a participação de comícios do petista no Piauí.

A decisão de apoiar o PT contrariou a própria legenda dirigida pelo parlamentar. Isso porque o Progressistas, seu partido, fez parte da coligação do candidato Geraldo Alckmin (PSDB). Apesar de ter apoiado Haddad, o próprio dirigente partidário participou das reuniões que sacramentaram apoio ao tucano.

Durante a eleição de 2018, após a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser barrada pela Justiça Eleitoral, o senador declarou que ficaria com Lula “até o fim”.

Críticas a Bolsonaro não faltaram. Em 2017, em entrevista à TV Meio Norte, emissora do Piauí, o senador classificou o então deputado e pré-candidato ao Planalto Jair Bolsonaro como “fascista”: “O Bolsonaro, eu tenho muita restrição, porque é fascista, ele tem um caráter fascista, preconceituoso, é muito fácil ir para a televisão e dizer que vai matar bandido”.

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Ciro Nogueira preside o Progressistas desde 2013, dando início a uma era de influência da bancada do Nordeste sobre o partido. Antes dele, a sigla era comandada por Francisco Dornelles, que já foi vice-governador do Rio, e tinha Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo, como maior líder nacional. A legenda faz parte do Centrão, grupo de partidos que aderem a governos em troca de cargos.

https://twitter.com/ciro_nogueira/status/1039562866507108359

Foi no ano passado, em meio ao início da aproximação de Bolsonaro com o Centrão, que o senador rompeu com o PT e se declarou oposição ao governador Wellington Dias (PT-PI).

Bolsonaro já foi filiado por mais de dez anos ao Progressistas. Apesar do longo tempo de mandato de deputado exercido pelo partido, o hoje presidente da República nunca foi escolhido pela sigla para exercer cargo de liderança ou comandar comissões.

Para ter uma interlocução melhor com o Congresso, o presidente tem aberto espaço no Palácio do Planalto para parlamentares dos partidos do Centrão.

Além da provável entrada de Ciro na Casa Civil, a deputada Flávia Arruda (PL-DF) comanda a Secretaria de Governo, e o deputado Fábio Faria (PSD-RN), ministro das Comunicações, despacha do Planalto. João Roma, que é deputado pelo Republicanos da Bahia, é o chefe do Ministério da Cidadania, responsável por programas sociais.

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Centrão no miolo do governo

O colunista Lauro Jardim publicou em O Globo uma nota em que afirma que o namoro do Centrão com governo Bolsonaro deu em casamento no ano passado. Mas agora o Centrão está a um passo de avançar mais uma casa em direção ao miolo do poder, ganhando um dote precioso.

Está praticamente acertada uma mudança num dos ministérios mais importantes do governo, a Casa Civil.

Por esse arranjo, o general Luiz Eduardo Ramos, que ocupa a pasta há pouco mais de três meses, seria deslocado para a Secretaria-Geral, comandada desde fevereiro por Onyx Lorenzoni.

Para o lugar de Ramos, foi convidado o senador e líder do Centrão, Ciro Nogueira, presidente do PP, conforme revelou Natuza Nery. A alteração deve ser anunciada até sexta-feira.

Por volta das 17h30 de ontem, Ramos foi chamado ao gabinete presidencial por Jair Bolsonaro, que lhe informou que precisava do cargo. Ciro Nogueira é visto por Bolsonaro como a pessoa certa para baixar o fogo do Congresso, em tempos de CPI da Covid e outras crises.

Não está definido para que cargo Onyx iria. Bolsonaro, porém, quer mantê-lo no Executivo.

A alteração é uma indicação inequívoca de fragilidade do governo. O governo capitulou. Antes da posse, o bolsonarismo desdenhava o Centrão, hoje precisa dele para sobreviver.

Cada palavra do célebre “Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”, cantarolado em tom de superioridade pelo general Augusto Heleno na campanha de 2018, teve que ser engolida goela abaixo.

Por Redação

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