Categorias
Política

‘Com ou sem Bolsonaro’, militares planejam ficar no poder, diz coronel

Militares planejam ficar no poder – Para explicar o porquê, ele conta sobre uma conversa que teve com um tenente sobre como vários dos colegas com quem tinha servido estavam no governo.

“O tenente disse: ‘É, realmente, houve um aparelhamento, mas o outro lado, quando governava, fazia o mesmo’. Na hora nem percebi, mas depois vi que ele pensa que os militares têm um lado. Isso é errado”, diz o coronel Pimentel à BBC News Brasil.

Nascido em uma família de militares e formado pela turma de 1987 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Pimentel diz que isso vai contra tudo pelo que ele trabalhou até deixar a ativa, em 2018.

“Estão destruindo a muralha que minha geração construiu entre as Forças Armadas e o governo, entre o militar e a política”, diz o coronel de 54 anos. Se os militares tomam partido, “deixam de ter representatividade para defender o Brasil inteiro”, defende ele.

Pimentel avalia que essa mentalidade é cada vez mais comum entre os militares. Mas acredita que as baixas patentes estão apenas seguindo o exemplo que vem de cima, dos generais que formam o que Pimentel chama de “Partido Militar”.

LEIA: Sem máscara, Bolsonaro defende cloroquina após ‘motociata’ em SP
ASSISTA: Vídeo: Acidente generalizado em ‘motociata’ de Bolsonaro em SP
ASSISTA: “Fora genocida!”; Bolsonaro é vaiado e xingado ao entrar em avião
LEIA: Thiago Manga: ‘Acabou, p….!’; O Brasil no avião que escorraçou Bolsonaro

Em sua visão, esse grupo, que comanda o Exército, encontrou no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) uma forma de chegar ao Planalto sem uma ruptura institucional, como no golpe de 1964.

“Dos 17 generais que formam o Alto Comando do Exército, 15 exercem cargos de primeira ordem. Há militares tanto na administração direta, que é a Esplanada dos Ministérios, quanto nas empresas estatais, autarquias, órgãos de fiscalização.”

Ele diz ser por isso que ele chama o atual governo é um governo militar. “As pessoas não enxergam porque esse grupo chegou ao poder sem uma ruptura institucional, mas eles ocupam cabeça, tronco, membros, entranhas e alma desse governo.”

De volta ao comando do país, diz Pimentel, esses militares agora estão se preparando para se manter no poder, “com ou sem Bolsonaro”.

‘A finalidade é manter o poder conquistado’

Pimentel diz que pegou emprestado de cientistas sociais o termo Partido Militar para falar desse grupo que decidiu se lançar na política.

Ele aponta que são militares formados na Aman nos anos 1970, em plena ditadura — como o próprio Bolsonaro. Tornaram-se generais no primeiro mandato de Lula, segundo Pimentel, e chegaram ao comando do Exército no governo Dilma.

“São generais da reserva em sua maioria, mas também da ativa. É um grupo bastante coeso, hierarquizado, disciplinado, com algumas características autoritárias e pretensões de poder até hegemônicas. Sua finalidade é manter o poder conquistado”, diz.

O grupo teria começado a se articular no início da década passada, segundo o coronel, em parte por causa das insatisfações com as conclusões da Comissão da Verdade sobre os crimes cometidos por militares na ditadura e o fato do país ser governado por Dilma Rousseff (PT), uma ex-guerrilheira.

LEIA: Entre os “Nem Bolsonaro, Nem Lula”, Ciro lidera disparado, diz pesquisa
LEIA: Ciro Gomes é favorito para ‘3ª via’, diz pesquisa no Congresso Nacional
LEIA: Ciro consolida 3ª via após quase dobrar porcentagem em pesquisa
LEIA: Ciro e Lula vencem Bolsonaro no 2º turno em 2022, diz pesquisa

Ao mesmo tempo, a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti aproximou as Forças Armadas brasileiras e americanas.

“Estabeleceram-se relações pessoais entre os generais brasileiros e americanos. O lazer das tropas era na Flórida, em Nova York, em Washington. Esses oficiais viram como o cidadão americano tratava o militar. olhavam para cá e não sentiam que o brasileiro valorizava, né?”, comenta Pimentel.

O coronel diz que foi esse grupo que procurou Bolsonaro e não o contrário. Não teria sido por acaso, portanto, que o presidente lançou sua candidatura na Aman, ainda em 2014.

“Nós temos que mudar o Brasil, tá ok?”, disse Bolsonaro na época, diante de um grupo de aspirantes que o chamavam de “líder” — um registo do encontro está no canal no YouTube de Carlos Bolsonaro, filho do presidente.

“Alguns vão morrer pelo caminho, mas estou disposto em 2018, seja o que Deus quiser, a tentar jogar para a direita este país.”

“Parece até que ele estava vaticinando o que ia acontecer na presidência dele”, diz Pimentel, que é um crítico antigo do presidente.

‘Partido Militar vai estar no segundo turno do ano que vem’

O coronel diz que, em algum momento do primeiro mandato de Dilma foi fechado um acordo em torno da candidatura de Bolsonaro. Ele afirma ter acompanhado de perto a transformação da imagem do então deputado federal entre as tropas.

“Em 2015, eu fui a uma formatura na Aman, e Bolsonaro era simplesmente o maior astro. Como um camarada que tinha saído do Exército pela porta dos fundos tinha sido de repente convertido em mito?”, questiona.

“Essa candidatura foi muito bem pensada, planejada, e foi usada muita história de cobertura para disfarçar o envolvimento desse grupo, como aquela novela (da escolha) do vice. Falaram no Magno Malta, no príncipe (Luiz Phelippe de Orleans e Bragança), na Janaína Paschoal, mas a única dúvida era se seria o (general Augusto) Heleno ou o (general Hamilton) Mourão.”

A idade avançada de Heleno acabou sendo decisiva, e Mourão foi o escolhido, completa o coronel. A chapa Bolsonaro-Mourão venceu as eleições, e o Partido Militar ocupou o governo e a máquina pública, diz Pimentel.

O coronel diz que o mesmo grupo agora está se preparando para continuar no poder. “Repito: com ou sem o atual presidente da República”, pontua.

Pimentel atuou junto com Santos Cruz em 2016 em um grupo de trabalho do Estado Maior do Exército que era supervisionado pelo coronel, ainda na ativa, e orientado pelo general, que já estava na reserva.

Santos Cruz assumiu a Secretaria de Governo de Bolsonaro em novembro de 2018 e foi demitido sete meses depois, após ataques de apoiadores do presidente. Ele tem mantido uma intensa agenda pública desde então.

“Talvez o Mourão passe para o segundo turno. Talvez seja o Santos Cruz”, especula Pimentel. “Mas o Partido Militar vai estar no segundo turno no ano que vem.”

Santos Cruz disse à BBC News Brasil que não quer comentar sobre as “divagações” de seu ex-subordinado.

O Exército e o Planalto não responderam o contato da reportagem até a publicação desta reportagem.

‘Fui chamado de esquerdopata e comunista’

Pimentel diz que a ida do general Eduardo Pazuello para o Ministério da Saúde foi um erro de cálculo do Partido Militar. “As curvas estavam caindo na Europa e na Ásia, e ninguém sabia que haveria ondas, pensava-se que seria um surto”, diz o coronel.

“Tentaram fazer uma publicidade da capacidade do Exército brasileiro de resolver problemas, pensando que os nossos números também iam cair, e quem estaria à frente do ministério seria um general da ativa vendido como o rei da logística.”

Mas a pandemia se agravou, e Pazuello deixou o ministério em março passado muito criticado e sendo investigado por causa do colapso do sistema de saúde em Manaus.

Mas Pazuello não se afastou de Bolsonaro — pelo contrário. Virou secretário do presidente da República e discursou em um ato em apoio a Bolsonaro.

A decisão do Exército de não punir Pazuello por ter participado da manifestação é mais um exemplo da politização das Forças Armadas e mostra que elas “têm um lado”, diz Pimentel.

O regimento militar veda manifestações políticas por quem está na ativa. “Mas isso só vale para manifestações contra o presidente ou vale para qualquer manifestação política?”, questiona o coronel.

A depender dessa resposta, diz ele, o Exército brasileiro estará assumindo uma posição política. “Ficou estranha essa decisão, porque com indisciplina não se transige. É a base da instituição.”

O comando do Exército concordou com os argumentos do ex-ministro da Saúde e do presidente de que a manifestação não foi um ato político e que por isso o general não cometeu nenhuma transgressão.

“Dizer isso é uma ofensa com a inteligência média do indivíduo”, diz Pimentel.

O próprio coronel foi punido por ter protestado em uma rede social contra a “bolsonarização” do Exército e o fato do governo federal tratar 1964 como uma revolução e não um golpe.

Tudo isso aconteceu quando ele já estava na reserva, em 2019, e a lei garante o direito a manifestações políticas a estes militares. Por isso, Pimentel diz que suas punições foram ilegais. “Isso me abalou muito”, diz.

“Sofri uma tentativa de intimidação, uma censura. Mas, se eu fui punido por uma manifestação que pouca gente viu, o que dizer de um general da ativa em uma manifestação claramente política? Isso só torna a minha punição ainda mais injusta.”

O coronel diz que seus posicionamentos — ele declarou voto em Fernando Haddad (PT) no segundo turno da última eleição e, “no primeiro, votei no Ciro Gomes (PDT)” — e as críticas que faz ao atual governo e ao Exército tem lhe rendido alguns problemas com amigos e na família.

“Sofro muitos ataques. Fui chamado de (Carlos) Lamarca, de esquerdopata, de comunista, embora nunca tivesse votado no PT antes daquela eleição. Fiz isso porque queria evitar tudo que está acontecendo agora”, conta ele.

O coronel diz que faz isso para “despertar a consciência crítica” dos militares, especialmente os mais jovens.

“A minha geração está politizada, eu já perdi a esperança que ela vá romper com esse processo. Quero que as próximas gerações vejam que não é esse o caminho e que a gente tem que ocupar o lugar que a Constituição nos reservou.”

Fonte: BBC

Ciro Gomes alerta militares de que Bolsonaro é ‘traidor das Forças Armadas’

Em novo passo de seu projeto presidencial, Ciro Gomes (PDT-CE) buscará afastar os militares de Jair Bolsonaro ao tentar colar nele a pecha de traidor das Forças Armadas. Ele publicou vídeo sobre o tema nesta segunda-feira (07).

Leia a matéria completa aqui.

LEIA: Felipe Neto exalta Ciro Gomes após vídeo contra Bolsonaro: “Perfeito”
LEIA: Senado aprova projeto que protege brasileiros de superendividamento

Centrais Sindicais convocam ato por auxílio emergencial de R$ 600

As centrais sindicais convocaram uma mobilização para o dia 18 deste mês com pautas em defesa dos trabalhadores, entre elas o auxílio emergencial de R$ 600.

Leia a matéria completa aqui.

LEIA: ‘Embaixador’ de Bolsonaro, Crivella está com o passaporte apreendido pela PF
LEIA: Promotor pede prisão de Keiko Fujimori no Peru

G7 e OCDE propõem ‘imposto global’ sobre lucro de grandes empresas

Na opinião do secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mathias Cormann, uma alíquota mínima de 15% para o imposto corporativo global seria um “passo muito significativo”, que daria aos países margem suficiente para competir.

Leia a matéria completa aqui.

STF retira sigilo de inquérito que investiga bolsonaristas

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, levantou o sigilo dos autos do inquérito dos atos antidemocráticos, aberto após manifestações defendendo a volta da ditadura militar, intervenção das Forças Armadas e atacando instituições democráticas no ano passado.

Leia a matéria completa aqui.

LEIA: Gastos de Bolsonaro na pandemia: 90% em viagens com aglomerações
LEIA: PF indicia líder do governo Bolsonaro por propina de R$ 10 milhões
LEIA: ‘Não há crise; Bolsonaro obedece ao Partido Militar’, diz coronel

Intubado no RJ, pastor R.R. Soares ensinava oração para ‘expulsar’ covid

R. Soares, pastor fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, foi intubado neste sábado (5) devido a complicações no quadro de Covid-19, segundo informações do site Metrópoles. Ele está internado desde sexta-feira (4) no Hospital CopaStar, em Copacabana, no Rio.

Leia a matéria completa aqui.

LEIA: PF diz que ‘gabinete do ódio’ atua no governo Bolsonaro

Veja mais notícias no BRI.

Por Redação

O Brasil Independente é um veículo jornalístico que tem como valores a defesa da soberania e de um projeto nacional emancipador.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Aponte sua câmera

ou

Chave: brindependentetube@gmail.com

Assine nossa Newsletter!

Cadastre-se agora e receba nossas novidadesx

Assine nossa Newsletter!

Cadastre-se agora e receba nossas novidades

Sair da versão mobile