Compras de Bolsonaro no cartão corporativo – Além do total de R$ 27,6 milhões gastos por Bolsonaro no cartão corporativo, algumas despesas se destacam. Um exemplo disso são seis compras de exatamente R$ 9,5 mil que um mesmo funcionário fez em uma lanchonete de São Paulo no mesmo dia, em 15 de abril de 2022. Na mesma data, o ex-presidente participou de uma motociata na cidade, em direção a Americana. 

Os pedágios da rodovia Anhanguera registraram 3.700 motos participando do evento naquele dia. Os R$ 54 mil gastos no cartão apenas na lanchonete seriam suficientes para pagar um lanche de R$ 15 para cada pessoa que compareceu, por exemplo. 

Os dados foram revelados na noite desta quarta-feira (11) em resposta a um pedido feito pela agência Fiquem Sabendo com base na Lei de Acesso à Informação. Luiz Fernando Toledo, um dos fundadores da entidade, contou que a agência já havia feito outros 10 pedidos acessar os gastos do cartão corporativo da presidência durante o governo Bolsonaro, mas todos foram negados com a justificativa de que as informações colocariam o presidente e seus familiares em risco. 

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Ainda há dúvidas se a soma de R$ 27,6 milhões está completa, já que um relatório do Tribunal de Contas da União apontou que foram gastos R$ 21 milhões com o cartão da presidência apenas nos dois primeiros anos de mandato de Bolsonaro. 

Ao todo, o sistema tem 22 CPFs registrados responsáveis pelas compras, mas apenas dois concentram metade das notas fiscais. Há 59 tipos diferentes de despesas. 

Hotéis, marmitas e mercado gourmet todo dia 

No quesito diárias de hotel, um estabelecimento no Guarujá recebeu R$ 1,46 milhão durante o mandato. Atualmente, é possível encontrar diárias pela internet que variam de R$ 436 a R$ 940. Pagando o valor máximo de R$ 940, o montante gasto pagaria 1.553 diárias no Ferrarreto Hotel. 

As dez maiores notas fiscais de despesas no cartão corporativo são de hospedagem, variando de R$ 115 mil a R$ 312 mil. 

Num restaurante chamado Sabor de Casa, em Boa Vista, Roraima, há uma nota fiscal de R$ 109 mil, de uma compra realizada em 26 de outubro de 2021, quando Bolsonaro esteve na cidade para tratar sobre refugiados venezuelanos. O local vende marmitas a R$ 20.  

O mesmo restaurante recebeu outros dois pagamentos, de R$ 14 mil e R$ 28 mil, em setembro daquele ano. 

Uma padaria no Rio de Janeiro também faturou alto com a presidência. Ao todo, uma filial da Santa Marta recebeu R$ 362 mil. Um dos gastos, de R$ 33 mil, foi em 22 de maio de 2021, na véspera de uma motociata na cidade. O maior gasto no estabelecimento foi de R$ 55 mil. 

O ex-presidente gastou ainda R$ 8,6 mil em 62 compras em cinco sorveterias. 

Em um mercado gourmet em Brasília foram realizadas 1,2 mil compras, que totalizaram R$ 678 mil. Ou seja, é como se todos os dias durante os 4 anos de mandato fosse feita uma compra de R$ 565 no local. 

(Com informações de: Estadão)

(fotos: reprodução/ Veja e Folha de S.Paulo)