Crédito mais caro do Brasil – As linhas de crédito mais caras do mercado foram as que mais cresceram em janeiro deste ano na comparação com janeiro de 2022, aponta o mais recente relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI).
Sempre campeão dentre as famílias endividadas, o cartão de crédito foi o que mais emprestou dinheiro neste período. As taxas de juros para quem atrasa o pagamento da fatura chegam a 182% ao ano, no caso de parcelamento do pagamento, a 411% ao ano, se entrar no rotativo.
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O cheque especial apareceu em seguida no ranking, com juros médios de 132% ao ano. No entanto, por ser uma média, existem taxas mais baixas e muito mais altas no cheque especial, que chegam a mais de 1.000% ao ano.
Segundo dados do Banco Central, o crescimento na concessão de crédito por modalidade foi:
- Cartão de crédito rotativo: 51%
- Cartão de crédito parcelado: 41,1%
- Cheque especial: 19,6 %
- Empréstimo consignado: 16%
- Empréstimo não consignado: 15,8 %
- Crédito imobiliário: 14,1%
- Aquisição de veículos: 7,3%
Ou seja, as linhas de crédito mais acessíveis por serem pré-aprovadas, como cartão de crédito e cheque especial, foram as que mais cresceram. Porém, os juros são bem mais altos por serem consideradas de alto risco.
Modalidades consideradas mais seguras para as instituições financeiras, como o empréstimo consignado e os financiamentos de veículos e imóveis (que passam por análise para aprovação), também subiram, mas num volume muito maior.
A conclusão que se faz a partir desses dados é que, em vez de tomarem empréstimos para comprar bens como um carro ou uma casa, as pessoas estão precisando de crédito para pagar outras dívidas, recorrendo aos empréstimos caros aos quais têm acesso.
Queda na renda
O relatório da IFI analisa que um dos responsáveis por este cenário é o mercado de trabalho. Embora o índice de desocupação tenha caído nos últimos tempos, conforme os dados do IBGE, a qualidade do emprego piorou, com o país batendo recorde de informalidade.
Sem carteira assinada, os trabalhadores não conseguem fazer empréstimos consignados, nem apresentar garantias de renda para conseguir créditos mais baratos ou fazer financiamento de algum bem.
A economista Isabela Tavares, que analisa crédito e sistema financeiro na Tendências Consultorias, afirma que o aumento nessas modalidades de crédito caro é um reflexo também do fim do auxílio emergencial.
“Durante a pandemia, quando a gente teve um aumento bem expressivo na renda das famílias mais pobres por conta do auxílio emergencial, essas modalidades emergenciais diminuíram bastante”, contou.
A relação apontada por Isabela fica clara quando se observa os gastos com cartão de crédito dentre as famílias que ganham até 2 salários mínimos, ou seja, dentro da faixa de renda elegível para o auxílio emergencial.
De acordo com levantamento do Banco Central, o volume emprestado para famílias que ganham de 1 a 2 salários mínimos com o cartão de crédito aumentou 77% entre janeiro de 2021 e dezembro de 2022. O valor total passou de R$ 48,4 bilhões para R$ 85,9 bilhões.
(Com informações de G1)
(Foto: Reprodução)