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David Miranda, Glenn e Monark: União contra o identitarismo

Por Antonio Duarte Vargas, jornalista, militante trabalhista e nacionalista do Brasil. – O casal Glenn Greenwald e David Miranda concedeu entrevista no Flow Podcast comandado por Igor e Monark. David Miranda foi uma grata surpresa para mim, porque eu não conhecia sua história e atuação. O deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro foi eleito como suplente e assumiu o mandato com a renúncia de Jean Wyllys que hoje está no PT.

O encontro de David, Glenn e Monark é uma reunião de notáveis e repetidamente cancelados pelas milícias digitais de esquerda ou de direita.

Pela direita, Glenn e David são atacados o tempo inteiro por serem gays e pais adotivos. Glenn é especialmente atacado por ter revelado a parcialidade de Sergio Moro e as práticas ilegais de perseguição de Deltan Dallagnol no escândalo da Vaza-Jato. Pela esquerda, os dois são atacados por não se submeterem ao sectarismo identitário de setores autoproclamados “progressistas” que exigem censura aos discursos por eles considerados politicamente incorretos e propagadores de fake news. Pesa também o fato de que o jornalista que expôs crimes do Estado norte-americano, contra outros países e também contra seus próprios cidadãos nas revelações de Edward Snowden, é atacado por denunciar as políticas reacionárias levadas a cabo pelo Partido Democrata sob a liderança do carismático negro Barack Obama, das feministas Hillary Clinton e Kamala Harris, e do “progressista” Joe Biden.

David Miranda, do seu “lugar de fala” de gay, negro e periférico, falou contra a cultura do cancelamento e defendeu o diálogo com o eleitorado conservador que votou em Bolsonaro. Em um determinado momento Monark pergunta sobre as contradições das políticas afirmativas de representatividade, e David explica que o capitalismo se apropria e impulsiona a representatividade de forma reacionária como é o caso do democrata Obama que praticou as mesmas políticas que o republicano George Bush, ou dos bolsonaristas negros como Sergio Camargo da Fundação Palmares e o deputado Helio Lopes.

Chama a atenção o discurso anti-identitário de David Miranda que defende que a esquerda deve priorizar a luta de classes e o debate sobre as condições materiais de vida da população pobre e trabalhadora, ao invés de acusar o povo de conservador com base nos valores progressistas hegemônicos nas classes médias.

Já Monark foi cancelado e chamado de racista, machista e homofóbico pela dita “esquerda” nas redes sociais, por ser um defensor da liberdade de expressão irrestrita, mesmo para discursos de ódio ou fake news. O argumento de Monark é que não existe autoridade pública capaz de ser imparcial o suficiente para determinar o que é discurso de ódio ou mentira, pois o representante do Estado pode considerar mentira ou ofensa qualquer crítica ou denúncia que seja conveniente.

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Glenn Greenwald e David Miranda foram além e apontaram o absurdo de setores supostamente “de esquerda” defenderem mecanismos de censura impostos por grandes corporações monopolistas privadas como Google e Facebook. Essas são as mesmas megaempresas que colaboram com a espionagem em massa praticada pelo Estado norte-americano, mas mesmo que não fosse o caso, seria ridículo não supor, ainda que isso já tenha sido revelado documentalmente, que as gigantes de tecnologia da informação não utilizem seu imenso poder de comunicação para defender interesses políticos e econômicos específicos e nada “públicos”, “democráticos” ou “progressistas”.

Aliás, também chama a atenção a radicalidade da crítica de Monark ao poder ideológico do capital financeiro: “Parece que muitos políticos acham que o país ir bem é a bolsa de valores valorizar. Mas eles não entendem o quão burro é isso. Porque a bolsa de valores vai valorizar muito pelo dinheiro gringo entrando. Pro país realmente melhorar, a gente precisa ter uma indústria pujante.”

David Miranda foi na mesma linha desenvolvimentista e defendeu a indústria nacional, inclusive com protecionismo explícito contra o acordo União Europeia/Mercosul que vai aprofundar a dependência tecnológica e financeira do Brasil na troca desigual entre centro e periferia ao abrir mais ainda o mercado brasileiro para importar bens industriais sofisticados e exportar produtos primários de baixo valor agregado.

Impressiona como a corrente de opinião sobre Projeto Nacional e industrialização liderada por Ciro Gomes tem se disseminado pelo espectro político rebelde ao sistema econômico, tanto que em determinado momento Glenn defende que o presidenciável trabalhista é o candidato antissistema. Mas David Miranda, como bom filiado ao PSOL, discorda do marido, ainda que fazendo elogios e demonstrando respeito por Ciro. David inclusive atacou Lula por insistir na sua candidatura falsa sustentada pelo poste Fernando Haddad em 2018 só pra garantir uma expressiva bancada federal e fundo partidário para seu partido e entregar o poder para a extrema-direita liderada por Bolsonaro que perderia de qualquer outro candidato que não fosse do PT. Olhando para o futuro, o deputado criticou a possibilidade do PSOL apoiar Lula já no primeiro turno e abrir mão de uma candidatura de esquerda.

Vale a pena assistir a corajosa entrevista de Glenn e David no Flow, que na figura de Monark, demonstra como o diálogo de concepções políticas sofisticadas com o senso comum não só é possível como urgente.

Fonte: Portal Disparada

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Ciro apontou aparelhamento da PF por parte do governo Bolsonaro e garantiu que não será intimidado por ações que considera arbitrárias.

“Sou um homem do embate, do combate e do Direito. Essa história não ficará assim. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar. Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão. NINGUÉM VAI CALAR A MINHA VOZ” – Ciro Gomes (PDT)

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Por Redação

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