Eduardo Bolsonaro pagava aluguel de Allan dos Santos – Revista Crusoé – Alvo de um mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o blogueiro Allan dos Santos, do canal Terça Livre, tornou-se conhecido como um dos principais pontas de lança da milícia digital bolsonarista. Desde que saiu do anonimato para ganhar a ribalta como um dos maiores defensores de Jair Bolsonaro na internet, ele se esmerou em fazer proselitismo em favor dos interesses políticos do presidente e de seus filhos, disseminou largamente informações falsas e desfechou inúmeros ataques contra adversários do governo. Foi apontado pela CPI da Covid, cujo trabalho terminou nesta semana, como um dos maiores propagadores de mentiras relacionadas à pandemia. Investigado em dois inquéritos no Supremo, mudou-se para os Estados Unidos, para sair do foco.
Não deu certo. A iminência do retorno forçado ao Brasil guarda uma dor de cabeça não só para o blogueiro, mas também para o Planalto: investigações da Polícia Federal escancaram sua relação de intimidade com o núcleo duro do presidente Jair Bolsonaro. Mensagens inéditas de WhatsApp obtidas pela CPI da Covid e às quais Crusoé teve acesso com exclusividade indicam que a relação de Allan com o clã presidencial envolvia até mesmo ajuda financeira para a manutenção da milícia digital controlada por ele.
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O material, reunido pela Polícia Federal no curso das investigações sobre as claques digitais bolsonaristas, mostra que os filhos do presidente costumavam se encontrar na casa de Allan dos Santos para discutir estratégias políticas e sugere que o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho 03 de Jair Bolsonaro, ajudava a financiar a atuação do blogueiro. Em um dos diálogos, Allan dos Santos afirma que o parlamentar chegou a “pagar” o aluguel do “bunker” que ele passou a usar quando se mudou para Brasília.
As mensagens deixam claro que o blogueiro, hoje afastado das redes sociais por força de seguidas decisões do STF, funcionava como uma extensão da família Bolsonaro para a execução de suas estratégias nas redes. Eduardo, o filho 03 do presidente, era a figura com quem, de acordo com as mensagens, ele mantinha uma conexão mais direta. A relação com o deputado envolvia encontros frequentes, nos endereços de ambos, e momentos de lazer e descontração – um deles, por exemplo, na casa de um sócio de Allan que logo depois viria a celebrar um contrato sem licitação com o governo.
Se antes da posse de Jair Bolsonaro a relação já era estreita, depois que ele assumiu a cadeira no Planalto a proximidade tornou-se ainda maior. Foi no primeiro ano de governo, em outubro de 2019, que Allan dos Santos, em um diálogo com um parlamentar bolsonarista, afirmou estar ocupando o tal bunker pago por Eduardo Bolsonaro. Em uma troca de mensagens com o deputado federal Filipe Barros, do PSL do Paraná, na qual ambos trocavam impressões sobre a vinheta de abertura dos programas Terça Livre e Onda Conservadora, o blogueiro escreveu: “Já estou no bunker pago pelo Eduardo. Cadê tu? Aparece aqui. Tenho algo grandioso para te mostrar. Sobre a viagem para SP”.
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A afirmação chamou a atenção dos investigadores da Polícia Federal que atuam nas apurações sobre as milícias bolsonaristas. Em um dos relatórios produzidos pela equipe, o trecho que faz referência a Eduardo foi grifado.
As primeiras suspeitas de que o filho 03 do presidente da República bancava o aluguel da casa que Allan dos Santos passou a ocupar em 2019 no Lago Sul, uma das áreas mais nobres de Brasília, foram levantadas naquele mesmo ano. Quem puxou o assunto foi o cantor Lobão, àquela altura já um ex-bolsonarista, em uma entrevista. “A minha fonte lá de Brasília me mandou um WhatsApp: ‘Você sabe quem está morando aqui? O Allan dos Santos. Morando numa mansão no Lago Sul, que o Eduardo Bolsonaro está bancando’”, disse o artista. O blogueiro não negou, mas reclamou da exposição que considerava indevida. Disse que era vítima de ameaças de morte e que Lobão, ao falar sobre seu novo endereço, colocou-o em risco.
Àquela altura, Crusoé descobriu o exato endereço e chegou a flagrar Allan dos Santos trabalhando, em trajes informais, na varanda da casa, localizada a 12 quilômetros do Palácio do Planalto. Allan ocupou o imóvel até deixar o Brasil rumo aos Estados Unidos, onde vive desde agosto de 2020 – hoje, ele está em situação irregular no país. Espaçoso, o imóvel é de propriedade de uma empresária chinesa e está atualmente disponível para locação por 9 mil reais, incluindo impostos. Encravada em um terreno de 2 mil metros quadrados, com 600 de área construída, a casa de seis quartos tem dois andares, com um espaçoso salão de festas, piscina com mesas de concreto dentro d’água, banheiras, mirante, sauna e hidromassagem (veja aqui).
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Para além de indicar quem financiava a estadia de Allan dos Santos no confortável endereço, as mensagens mostram que a casa sediava “reuniões quinzenais” do blogueiro com apoiadores dos Bolsonaro e integrantes do governo. Em razão do canal direto que tinha com os filhos do presidente, Allan fazia pedidos frequentes, inclusive para que fossem destacadas para os encontros autoridades do governo com as quais tinha interesse em se aproximar.
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Dois generais ministros de Estado receberam meias diárias para participar do ato pró-Bolsonaro, no último dia 7 de setembro, em São Paulo. A manifestação foi marcada por ataques antidemocráticos do presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive com a declaração de que não mais obedeceria ordens emitidas pelo ministro Alexandre de Moraes.
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