Embraer quer base de produção militar na Arábia Saudita – O objetivo é explorar o promissor mercado militar do país e expandir suas operações no Oriente Médio e Norte da África.
A empresa brasileira está em negociações para montar uma linha de produção do seu avião de transporte militar, KC390, em território saudita, o que representaria a primeira montagem do jato fora do Brasil.
LEIA: Governo apresenta projeto para regulamentar trabalho por app
As negociações surgem em meio aos planos ambiciosos do governo saudita de aumentar significativamente a produção local no setor de defesa e aeroespacial até 2030, com o objetivo de alcançar 50% de autossuficiência nessa área. Para a Embraer, essa meta apresenta uma oportunidade estratégica tanto em termos de negócios quanto de estabelecimento de uma unidade de produção no país.
Recentemente, a Embraer assinou três acordos de cooperação com o governo e empresas da Arábia Saudita em diversas áreas, incluindo aviação civil, mobilidade aérea urbana, defesa e segurança. Esses acordos foram firmados durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país. O comércio bilateral entre Brasil e Arábia Saudita tem oscilado entre US$ 5 bilhões e US$ 7 bilhões nos últimos anos, e o setor de defesa representa uma das principais apostas para impulsionar essa relação.
Caetano Spuldaro, vice-presidente para o Oriente Médio da Embraer Defesa e Segurança, enfatiza que a empresa brasileira tem estratégias claras para o mercado saudita, incluindo o desenvolvimento de parcerias locais e a ampliação da presença no país, com escritórios de engenharia e linhas de produção. Além disso, a possível venda do jato KC390 para a Força Real Saudita e o governo de Riad pode gerar economia significativa para os sauditas ao longo dos anos.
Apesar das preocupações com violações de direitos humanos e embargos internacionais, a Arábia Saudita não enfrenta restrições significativas no comércio de armamentos. Em 2023, as restrições impostas por alguns países europeus foram suavizadas, permitindo negociações como a possível compra de jatos Eurofighter pelo país árabe.
Com um dos maiores investimentos militares do mundo, a Arábia Saudita representa um mercado bilionário para empresas do setor. Segundo dados do SIPRI, o país foi o quinto maior investidor militar em 2022, com gastos que superaram os de Alemanha, França e Reino Unido.
A Embraer, portanto, visa aproveitar as oportunidades oferecidas por esse mercado em expansão, alinhando-se com os objetivos estratégicos do governo saudita, incluindo a sua Visão 2030 para reduzir a dependência do país em relação ao petróleo.
(Com informações de Jamil Chade no UOL)
(Foto: Reprodução)
