O empresário Clésio Andrade, 68, foi vacinado, entre outras pessoas, contra covid-19 gratuitamente e às escondidas em Minas Gerais, conforme revelou reportagem da revista Piauí, publicada ontem. Ele é um personagem muito próximo de personalidades conhecidas no cenário nacional.
Clésio foi vice-governador de Minas Gerais na gestão Aécio Neves entre 2003 e 2006, senador entre 2011 e 2014, além de já ter sido sócio do ex-publicitário Marcos Valério, conhecido pela participação no ‘mensalão’ do PT.
Em todo esse período, o empresário manteve a presidência da CNT (Confederação Nacional do Transporte). Ele foi presidente da organização por 26 anos, entre 1993 e 2019, acumulando também a presidência dos conselhos nacionais do Sest (Serviço Social do Transporte) e Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte).
Mineiro de Juatuba, município da região metropolitana de Belo Horizonte, Clésio foi o último réu do processo do mensalão tucano, que ainda seria julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em 2014, mas renunciou ao cargo de senador poucos dias antes do início do julgamento.
Alegando problemas de saúde, o pedido de renúncia foi acompanhado de laudo médico com diagnóstico de necrose no fêmur das duas pernas. Com isso, as acusações contra ele foram remetidas para a Justiça de Minas Gerais.
Cinco anos depois, em 2019, a 5ª Câmara Criminal do TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais), anulou as denúncias contra o ex-senador, que havia sido condenado em primeira instância, encerrando o caso.
O mensalão tucano
No início da década de 1990, Clésio comprou participação em duas agências de publicidade de Belo Horizonte, SMP&B e DNA Propaganda, e colocou o publicitário Marcos Valério para dirigir as duas empresas.
Com Valério, o empresário teria articulado o esquema de fraude e colocado o publicitário para operar o caixa 2 na campanha à reeleição do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo do Estado em 1998.
De acordo com a denúncia do MP (Ministério Público) de Minas Gerais na ação, Clésio era o arrecadador da campanha do tucano e teria recebido R$ 325 mil (cerca de R$ 2,2 milhões em valores atuais), desviados dos cofres públicos do governo de Minas Gerais, como contraprestação pelos serviços feitos em parceria com Valério na agência de publicidade.
A reportagem do UOL não localizou o ex-senador, na manhã de hoje para comentar o caso.
Vacina gratuita e às escondidas
De acordo com a reportagem da revista piauí, empresários e políticos ligados ao setor de transportes em Minas Gerais teriam sido vacinados às escondidas contra a covid-19, em Belo Horizonte, no início da semana. Parentes desses vacinados também foram imunizados.
O grupo teria comprado o imunizante por conta própria, sem repassá-lo ao SUS (Sistema Único de Saúde). De acordo com a publicação, a aplicação da segunda dose nas cerca de 50 pessoas envolvidas no esquema está prevista para acontecer em 30 dias. O custo da operação teria sido de R$ 600 por indivíduo.
Conforme a denúncia, Clésio Andrade está no grupo que foi vacinado. Os organizadores da compra teriam sido os proprietários da Viação Saritur, Rômulo e Robson Lessa. Uma garagem da empresa teria sido transformada em “posto de vacinação”.
Fonte: UOL
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