EUA realizam manobras militares na Guiana – Nesta quinta-feira (07), aviões militares dos Estados Unidos (EUA) sobrevoarão a região de Essequibo e o resto da Guiana em exercícios, anunciou o governo dos EUA. É o 1º movimento militar dos norte-americanos na região desde o referendo que a Venezuela realizou, no último domingo (03), sobre a anexação de Essequibo.
No plebiscito, 96% dos venezuelanos que participaram da votação apoiam a ideia de anexar o território, que atualmente é controlado pela vizinha Guiana. O governo venezuelano reivindica o território como parte de seu país e afirma que a região é dela porque isto consta em um acordo firmado em 1966 com o próprio Reino Unido, que controlava a região antes da independência de Guiana.
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Segundo a Embaixada dos EUA na Guiana, os exercícios acontecerão em parceria com a Força Aérea guianesa e fazem parte de operações de rotina da parceria para “melhorar a segurança” da região. Os dois países anunciaram uma “parceria militar” em 2022, justamente em meio ao embate com o país vizinho.
Por meio de um comunicado, o governo da Venezuela acusa o presidente da Guiana, Irfaan Ali, de ter agido “de maneira irresponsável” ao dar “sinal verde” para a presença das bases militares americanas na região, “sobre a qual a Guiana mantém uma ocupação de fato”.
“A Venezuela denuncia, perante a comunidade internacional e, especificamente, perante a Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac), a atitude imprudente da Guiana, que, agindo sob o mandato da transnacional estadunidense ExxonMobil, está abrindo a possibilidade de instalação de bases militares por uma potência imperial, ameaçando a zona de paz delineada nesta região”, diz o comunicado.
Na terça-feira (05), Maduro anunciou a criação de uma Zona Operacional de Defesa Integral (Zodi) na área, baseada em Tumeremo, no estado de Bolívar, que faz fronteira com o Essequibo. Além disso, informou a nomeação do major-general e deputado Alexis Rodríguez Cabello como autoridade única da Guiana Essequiba e ordenou à petrolífera estatal PDVSA que entregasse licenças de exploração na região — a Venezuela critica o fato de que a Guiana pretende conceder licenças à ExxonMobil para exploração de petróleo na região.
Professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra Ronaldo Carmona opina que o fato de o sobrevoo ocorrer em meio à crise entre Guiana e Venezuela indica que a ação não é rotineira.
“Absolutamente, não se trata de uma operação de rotina. Afinal, estamos em meio a uma escalada do conflito e logo depois do anúncio de uma série de medidas pelo governo Maduro anteontem como consequências do plebiscito. Ou seja, não há ‘situação normal'”, afirmou o professor ao site G1.
Interferência estratégica
Para ele, os Estados Unidos podem – e devem – aproveitar a oportunidade para “posicionar-se de forma permanente em plena Amazônia”.
“No curto prazo, posicionar-se para dissuadir ação militar da Venezuela em Essequibo. Do ponto de vista estratégico, posicionar-se de forma permanente em plena Amazônia. Não tenha dúvida de que os EUA cobrarão a proteção que agora oferecem à Guiana”.
Dias antes da realização do referendo, o presidente norte-americano Joe Biden enviou à Guiana comandantes do alto escalão do Comando Militar do Sul dos EUA para debater possíveis estratégias de defesa. O governo Biden também estuda a construção de uma base militar em Essequibo.
O anúncio acontece um dia depois de um helicóptero militar guianês desaparecer ao sobrevoar Essequibo. Além do piloto e do co-piloto, cinco oficiais do alto escalão do Exército da Guiana estavam a bordo da aeronave. O objetivo do voo era realizar uma inspeção das tropas situadas na área de fronteira. Nesta quinta, no entanto, as Forças Armadas afirmaram que o helicóptero foi localizado com “sinais positivos de vida”.
Na segunda-feira (04), Nicolás Maduro disse que seu governo busca “construir consensos” e que vai “conseguir recuperar Essequibo”. No mesmo dia, o vice-presidente da Guiana afirmou em que está se preparando para o pior. O ministro do Trabalho do país disparou que o governo não vai tolerar nenhuma invasão ao território guianês.
Mantendo sua tradição de conciliador diplomático, o Brasil se mantém neutro na disputa e na segunda, a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Gisela Padovan, afirmou que o Itamaraty está mantendo conversas de alto nível com ambos os lados.
A origem do problema
O território de Essequibo é disputado por Venezuela e Guiana há mais de um século e desde o fim do século 19, está sob controle da Guiana. A região representa 70% do atual território da Guiana e lá moram 125 mil pessoas, cerca de 30% da população do país.
O que acirrou recentemente foi que em 2015, foi descoberto petróleo na região, uma localidade de mata densa. Estima-se que existam reservas de 11 bilhões de barris na Guiana, sendo que a parte mais significativa é “offshore”, ou seja, no mar, perto de Essequibo.
Tanto a Guiana quanto a Venezuela afirmam ter direito sobre o território com base em documentos internacionais. A Guiana afirma que é a proprietária do território porque existe um laudo de 1899, feito em Paris, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Na época, a Guiana era um território do Reino Unido.
Já a Venezuela afirma que o território é dela porque assim consta em um acordo firmado em 1966 com o próprio Reino Unido, antes da independência de Guiana, no qual o laudo arbitral foi anulado e se estabeleceram bases para uma solução negociada.
(Com informações de G1)
(Foto: Montagem/Reprodução)