Ex-embaixador dos EUA – Ex-assessor de segurança nacional da Casa Branca do governo de Donald Trump e ex-embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas, John Bolton reconheceu nesta terça-feira (12) que ajudou a planejar tentativas de golpe em outros países.
Bolton fez essas declarações ao ser entrevistado na CNN sobre o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio, por uma multidão de apoiadores de Trump, um evento que está sendo investigado por um comitê do Congresso.
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Os nove membros (sete democratas e dois republicanos) do painel parlamentar acusam Trump de ter incitado e planejado a violência naquele dia, dias antes, depois de perder as eleições de 2020.
Durante uma conversa com o apresentador da CNN Jake Tapper, o jornalista afirmou que “você não precisa ser brilhante para fazer um sucesso”, ao que o ex-assessor respondeu:
“Não concordo. Como alguém que ajudou a planejar golpes, não aqui, mas em outros países, posso dizer que dá muito trabalho”, gabou-se Bolton.
Bolton também sugeriu que Trump não era competente o suficiente para realizar um “golpe cuidadosamente planejado”.
Quando o entrevistador insistiu nesse ponto, Bolton se recusou a comentar “casos específicos”.
Venezuela
No entanto, logo depois, ele fez alusão à crise política na Venezuela em 2019, quando ainda era conselheiro de segurança nacional, quando o governo dos EUA, do qual fazia parte, reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino.
Bolton continuou afirmando que “a oposição tentou derrubar um presidente eleito ilegitimamente [Nicolás Maduro] e falhou”. Maduro permaneceu no poder.
“Sinto que há outras coisas que você não está me dizendo [além da Venezuela]”, continuou o apresentador da CNN, ao que o também ex-embaixador dos EUA na ONU respondeu enigmaticamente: “Tenho certeza que sim”.
“John Bolton, que serviu nos cargos mais altos do governo dos EUA, incluindo embaixador da ONU, se gaba casualmente de ter ajudado a planejar golpes em outros países”, escreveu Dickens Olewe, jornalista da BBC do Quênia no Twitter.
Histórico longo
Muitos especialistas em política externa criticaram o histórico de intervenção de Washington em outros estados ao longo dos anos, desde seu papel na derrubada do então primeiro-ministro iraniano Mohammad Mosaddegh (1953) e seu envolvimento na Guerra do Vietnã (1965-1975), até suas invasões de Afeganistão (2001) e Iraque (2003) já neste século.
No entanto, é muito raro que as autoridades americanas reconheçam abertamente seu papel no fomento de tumultos ou golpes em países estrangeiros.
(Matéria traduzida do jornal El País)
Foto: Reprodução