Após uma enxurrada de postagens de bolsonaristas em redes sociais atacando oficiais do Exército, o comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, determinou o envio de mensagem para todo o público interno a fim de alertar aos integrantes da Força sobre a propagação de tais ofensas.

Dentre os alvos dos ataques estavam o general Valério Stumpf, chefe do Estado-Maior do Exército, os comandantes militares do Sudeste (Tomás Miné Ribeiro de Paiva), do Leste (André Luiz Novais) e do Nordeste (Richard Nunes), além do general Guido Amin, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, chamados pelos bolsonaristas de “melancia”: verde e amarelo por fora, mas vermelho (em referência ao comunismo) por dentro.

Diz o informe, assinado pelo general José Ricardo Vendramin: “Incumbiu-me o Senhor Comandante do Exército de informar à Força que, nos últimos dias, têm sido observadas postagens em aplicativos de mensagens com alusões mentirosas e mal-intencionadas a respeito de integrantes do Alto Comando do Exército, através da maliciosa e criminosa tentativa de atingir a honra pessoal de militares com mais de quarenta anos de serviços prestados ao Brasil, bem como de macular a coesão inabalável do Exército de Caxias”.

Ressalta ainda que “ao tentarem de forma anônima e covarde disseminar desinformação no seio da Força e da sociedade, esses grupos ou indivíduos atestam a sua falta de ética e de profissionalismo”. Por fim, conclui dizendo que “O Exército Brasileiro permanece coeso e unido, sempre em suas missões constitucionais, tendo a hierarquia e a disciplina de seus integrantes o amálgama que o torna respeitado pelo povo brasileiro, seu fiador”.

Os ataques

Depois da divulgação da nota do Exército, passaram a circular em grupo bolsonaristas publicações que responsabilizavam “esquerdistas” pela divulgação das publicações contra os generais, afirmando que o objetivo deste grupo era distanciar o Exército dos integrantes de protestos antidemocráticos que ocupam as portas dos quartéis desde a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que derrotou Jair Messias Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições realizadas no último dia 30 de outubro.

Outras publicações feitas por bolsonaristas buscavam pressionar generais de brigada, de divisão e de exército. Compartilhadas por bolsonaristas, elas questionavam diretamente os oficiais com a seguinte pergunta: “E agora, general? No dia 01/Jan/2023, V.Exa. pretende prestar continência a quem? Ao povo brasileiro ou aos comunistas?”

Segundo o Estadão, ao menos três dos generais citados receberam a publicação em seus telefones celulares na qual constava a pergunta, a foto do oficial, seu nome e o comando ocupado, com linguagem militar. Houve ainda publicações contra generais da reserva, também identificados como simpáticos ao comunismo, como general Otávio Rêgo Barros, que foi porta-voz de Bolsonaro e se tornou crítico ao governo, que foi retratado com um capacete em forma de melancia na cabeça.

O termo que já foi usado pelo próprio Jair Bolsonaro para designar generais em 2019, após ser criticado por uma declaração xenofóbica em que chamou os nordestinos de “paraíbas”, o atual presidente, à época chamou o general Luiz Eduardo Rocha Paiva – que é considerado um dos mais anticomunistas generais do Exército e era amigo do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra – de “melancia” em sua conta de Twitter.

Outro que foi retratado como comunista pelos bolsonaristas foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que após deixar o governo Bolsonaro, onde fora ministro-chefe da Secretaria de Governo, passou a criticar o radicalismo do presidente e o que considerava ser uma tentativa de envolver o Exército na política.

O episódio gerou confusão entre bolsonaristas. Influenciadores e organizadores em grupos antidemocráticos no WhatsApp e Telegram pediam para que apoiadores do presidente parassem de acusar os generais, usando o recorrente discurso que as mensagens foram disseminadas por “membros infiltrados”.

(Fonte Terra/Estadão)

Leia também: Donos de contas bloqueadas pelo STF doaram R$ 1 milhão para campanha de Bolsonaro