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Opinião: ‘Falhas em Belo Monte custam caro ao povo brasileiro’

Falhas em Belo Monte – Gastamos 40 Bi em Belo Monte, que tem turbinas para gerar aproximadamente 11,5 GW, e gera apenas 350 MW, (menos de 3% da capacidade instalada), e ainda assim prejudicou o meio ambiente, o criadouro de inúmeras espécies da fauna e flora na Volta Grande do Xingu, e gerou enormes prejuízos sociais para ribeirinhos, povos nativos, municípios no entorno, enfim, prejuízos e prejuízos que vem sendo acumulados para todos os brasileiros.

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Com os mesmos 40 Bilhões de Reais, poderíamos ter construído de 6 a 8 usinas de 3 a 4 GW em outros locais, com reservatórios sim, gerando todas elas mais de 90% da capacidade instalada, se bem planejadas e executadas, fazendo valer os recursos da nação brasileira, do nosso povo, beneficiando direta e indiretamente mais de 50 milhões de cidadãos brasileiros, e aumentando a base constante de geração de energia elétrica, importantíssima para podermos gerar também energia elétrica intermitente, como solar e eólica.

Com esta base, poderíamos gerar mais 4/6 de intermitente, ou 20 GW de intermitente, garantindo a qualidade do sistema, com o crescimento que temos tido em novos projetos de solar e eólica, isto vai fazer muita falta daqui a pouco tempo, e vamos ter que correr atrás deste prejuízo, para o qual a maioria dos nossos cidadãos ainda nem foram adequadamente informados.

E sem pensar no equilíbrio de constante (60%) com intermitente (40%), quanto poderíamos ter executado de solar, eólica, novas linhas de transmissão, sub estações, ativos que atenderiam muito melhor à nossa nação, com estes mesmos 40 Bi???

Por quaisquer óticas, o prejuízo gerado por Belo Monte é enorme, e quem permitiu isto, não pode passar impune.
Vamos desenrolar este novelo:

Em 2004 criaram a EPE – Empresa de Pesquisa Energética, uma Autarquia, criada com o propósito de nos prover a visão necessária sobre “energia”, que fez excelentes trabalhos, mas também criou a “jabuticaba” de a fio d’água. Na minha modesta opinião de velho engenheiro, por que gastar nossos recursos com uma hidrelétrica sem reservatório? Se não pode ter reservatório, vamos empregar estes recursos com outros ativos energéticos.

Ainda, por que está faltando água na Volta Grande do Xingu? Fazem mais de 30 anos, e isto se aprofundou muito entre 1995 e 2014, que as cabeceiras desta importante bacia hidrográfica tem sido precarizadas sistematicamente: desmatadas, queimadas, sem a adequada fiscalização pelos órgãos e autarquias do estado.

Quem deixou degradarem a este ponto as cabeceiras, matas ciliares e mananciais do Rio Xingu? Este rio tem tido seus regimes, desde sempre, de grande alteração sazonal, precarizados ano a ano, historicamente, e não houveram preocupações proporcionais a garantir sua preservação da mesma monta que os interesses na construção deste grande elefante branco: Belo Monte. Tudo naquele estilo de empurrar: no vai do passa boiada ideológico manipulado.

Nada tenho contra hidrelétricas, muito pelo contrário, compreendo que somos o país com maior potencial para aplicar novas hidrelétricas, garantindo competitividade com sustentabilidade, pelo menos uns 250 GW, um potencial que deve ser estrategicamente conduzido nas próximas décadas para garantir a nossa soberania, segurança energética, segurança hídrica, e equilíbrio do sistema entre constante e intermitente, permitindo crescermos muito também em solar e eólica. Com isto seremos a maior potencia energética sustentável do planeta.

Hoje temos carência energética, entregamos menos de 188 GW para 214 milhões de habitantes.

Comparativamente, o Canada, das estatais energéticas, sendo a maior delas a Hydro-Québec, Estatal de Quebec, que tem o propósito de prover energia e competitividade. Estas estatais entregam no sistema canadense 165 GW para 47 milhões de habitantes, ou seja, no Canada há disponíveis 4,5 vezes mais energia per capita que aqui, e esta energia custa muito menos, sem considerar nossos impostos, de ½ a 1/5 do que custa aqui. Se considerarmos as bandeiras tarifárias, horário de ponta na bandeira vermelho II, a energia residencial no Canadá pode custar umas 25 vezes menos do que aqui.

As estatais canadenses, que são as empresas que acumulam os principais ativos do sistema, hidrelétricas, termelétricas e linhas de transmissão, tem a importante missão de prover aos cidadãos e empresas canadenses, energia de forma competitiva, sem priorizar o lucro, mas permitindo que a inciativa privada de lá tenha competitividade, e lucrem mais, gerem mais empregos, e tornem aquela sociedade cada vez mais próspera.
Aqui nós subvertemos esta ordem, e ainda permitimos que ONGs alienígenas queiram vir aqui ditar regras, usando verdades relativas e parciais, precarizando a nossa soberania, e garantindo que o Brasil permaneça engessado, mesmo sendo a maior potência multi energética do planeta.

Tudo isto, junto e misturado, sacou do povo, para beneficiar as grandes empreiteiras em Belo Monte, e ainda sacramentar de forma relativa que não devemos mais pensar em hidrelétricas no Brasil, o país que tem o maior potencial global para velas.

No atual panorama de guerra global por energia, hegemonia, e soberania, chamo a atenção para o que temos perdido desde 1995, cujo ápice é Belo Monte.

Precisamos de uma CPI de Belo Monte, Dilma, Lobão, e muitos diretores de autarquias e empreiteiras precisam ser exemplarmente processados. Basta! Não podemos mais permitir que retirem do nosso povo para garantir os interesses de grandes empreiteiras, até para que estas empresas sejam enfim ressignificadas, e se tornem também colunas do nosso desenvolvimento e reindustrialização verde, sustentável e soberana.

Minha expectativa, é que tenhamos em breve, um PND, que trate todas essas coisas de forma estratégica, em favor da nossa nação e de todos os nossos cidadãos.

Este texto é opinativo e não reflete, necessariamente, a opinião do site Brasil Independente.

Por Lauro de Almeida

Lauro de Almeida Neto é engenheiro mecânico automobilístico e designer, consultor em eficiência energética/energias alternativas/GDMM e comércio exterior, e militante do Ecotrabalhismo

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