Golpistas vivem surto coletivo – O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos, considera que os bolsonaristas presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro vivem um “surto coletivo” e parecem não perceber a diferença entre o “mundo real” e o “mundo virtual”.
Em palestra da FGV nesta segunda-feira (13), no Rio de Janeiro, Passos comentou sobre a Operação Lesa Pátria, que tem investigado e detido os envolvidos nos atos, durante a palestra que abordou liberdade de expressão, redes sociais e democracia.
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“Cito o exemplo da Operação Lesa Pátria, que já tivemos sete fases. Pude acompanhar muito de perto. Vimos que, de fato, há uma catarse, um surto coletivo. As pessoas, não sei se ainda creem estar no mundo virtual, mas não se dão conta de que estamos no mundo real”, disse.
Na sua avaliação, as redes sociais permitiram a aproximação de pessoas fisicamente distantes, mas com ideias semelhantes, que virtualmente criaram uma “alma coletiva”.
“Aqui vemos o papel de algoritmo, da inteligência artificial que vai diretamente a determinada pessoa que, sei lá, é muito religioso, o outro que é contra o casamento gay, o outro que é contra não sei o quê, que não têm nenhuma relação entre si mas vão encontrar um elo, um ponto de contato, e se transformar nessa alma coletiva extremamente danosa”, explicou o delegado.
Ele comparou o fenômeno possibilitado pelas redes sociais à psicologia das multidões, ou psicologia das massas, que em linhas gerais observa como o indivíduo tem seu comportamento influenciado em meio à multidão devido, com enfraquecimento de responsabilidade individual, por exemplo.
“As redes sociais se multiplicaram com as mesmas características das multidões psicológicas, que já são estudadas há muito. Quaisquer que sejam as pessoas que a compõem, por mais diferentes que possam ser, o mero fato de se transformar em multidão dotam os indivíduos de uma espécie de alma coletiva.”
Golpistas libertados
Enquanto a PF segue investigando os atos, centenas de golpistas bolsonaristas foram libertados nos últimos dias.
Nesta segunda, o ministro Alexandre de Moraes concedeu liberdade provisória a mais de 130 homens presos pelos ataques às sedes dos Três Poderes.
Na semana passada, outras 229 pessoas foram soltas – 80 na última sexta-feira (10) e 149 mulheres na quarta-feira (8), no Dia Internacional da Mulher.
Moraes considerou que os libertados já foram denunciados e não representam mais risco à sociedade ou ao andamento dos processos, podendo assim responder às acusações em liberdade.
Porém foram aplicadas medidas cautelares, como a utilização de tornozeleira eletrônica e a imposição de que não saiam de casa à noite, nem nos finais de semana.
Os golpistas libertados deverão também se apresentar à Justiça toda segunda-feira, não podem sair do país e têm que entregar seus passaportes. Além disso, eles não podem usar as redes sociais, nem se comunicar com outros envolvidos nos atos antidemocráticos.
(Com informações de: Folha de S. Paulo)
(Foto: Montagem/Reprodução)