Haddad: investimento privado que fará economia crescer – O arcabouço fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), foi bem aceito, no geral, pelo mercado financeiro, mas tem recebido críticas principalmente por economistas e políticos de esquerda, que dizem que o plano é muito restritivo ao investimento público. Haddad, então, explicou de onde virá o investimento no terceiro governo Lula: do setor privado.
“O que vai fazer a economia crescer é o investimento privado. Existe espaço para crescer com PEC da Transição, com o arcabouço, a reforma tributária e a queda da taxa de juros”, disse ele nesta segunda-feira (3).
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O ministro acredita que não há espaço para uma política fiscal mais expansionista do que o que foi aprovado pela PEC da Transição no passado, quando foram liberados R$ 170 bilhões a mais para o governo no orçamento deste ano.
Ele deu a declaração após uma reunião com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que ele classificou como “muito boa”. Foi a primeira vez que os dois conversaram depois que o BC decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75%, apesar das críticas públicas do presidente Lula à Selic alta.
“Foi uma reunião de rotina, em que a gente conversa sobre vários temas. Alinha informações, troca informações, estabelece alguns protocolos de como encaminhar as coisas. Foi muito boa. Conversamos sobre tudo, não tem uma pauta específica”, contou.
Lula e aqueles que concordam com ele argumentam que a inflação no Brasil não é causada por demanda, tornando a medida de aumentar o juro ineficaz para combatê-la, ao mesmo tempo em que prejudica o crescimento da economia.
De acordo com o Datafolha, 80% dos brasileiros concordam com Lula de que a taxa de juros deve ser reduzida.
Antes da reunião com o chefe do BC, Haddad havia dito que “tem espaço para cortes” na Selic
“Na minha opinião, tem espaço para cortes. Quando vai ser esse corte? Eu não sei, eu não estou lá dentro. Tem um espaço para corte suficiente para garantir que a economia brasileira se reestabilize”, afirmou o ministro em entrevista à GloboNews.
No entanto, ele ponderou que acredita que o Banco Central não está totalmente ciente do que está acontecendo no mercado de crédito brasileiro, especialmente no mercado de capitais.
“Não faço parte do BC, mas é um tema recorrente em nossas conversas: será que vocês estão considerando o que parece estar acontecendo no mercado de capitais?”, falou na mesma entrevista.
Nesta terça, Campos Neto participaria de uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, quando deveria prestar esclarecimentos justamente sobre por que manteve a Selic em 13,75% ao ano.
(Com informações de: O Globo)
(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)