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Irmão de Cláudio Castro é alvo de operação da PF; governador do RJ é investigado

Irmão de Cláudio Castro é alvo de operação da PF – Irmão de criação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), Vinícius Sarciá Rocha é alvo nesta quarta-feira (20) da Operação Sétimo Mandamento, da Polícia Federal (PF), que investiga possíveis fraudes em programas assistenciais do governo Castro. Ele é presidente do Conselho de Administração da Agerio (Agência Estadual de Fomento)

Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além de Sarciá, também sofreram buscas Astrid de Souza Brasil Nunes, subsecretária de Integração Sociogovernamental e de Projetos Especiais da Secretaria Estadual de Governo, e Allan Borges Nogueira, gestor de Governança Socioambiental da Cedae. As informações são do Blog da Andréia Sadi no G1.

Cláudio Castro não é alvo de buscas nesta quarta, mas é investigado no mesmo inquérito. Vinicius Sarciá é irmão de criação de Castro, visto que sua mãe se casou com o pai do governador. Os dois, aliás, têm o mesmo advogado.

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“Foram identificados pagamentos de vantagens ilícitas variáveis entre 5% e 25% dos valores dos contratos na área de assistência social, que totalizam mais de R$ 70 milhões”, afirmou a PF.

Agentes da PF também cumprem sete medidas de afastamento de sigilo bancário e fiscal e seis medidas de afastamento de sigilo telemático. O site G1 e a TV Globo tentam contato com citados. O governo do estado e a Cedae ainda não se pronunciaram.

Advogado que representa Castro e Sarciá, Carlo Luchione informou estar buscando uma cópia da decisão “para se inteirar dos motivos da busca e apreensão, haja vista que fatos noticiados na imprensa remontam anos”.

Peculato, corrupção e lavagem de dinheiro

A operação recebeu como nome ‘Sétimo Mandamento’, que na Bíblia, é o mandato sobre não roubar. A PF investiga os crimes de organização criminosa, peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, que teriam sido praticados na execução dos projetos Novo Olhar, Rio Cidadão, Agente Social e Qualimóvel entre os anos 2017 e 2020.

Ministro do STJ, Raul Araújo autorizou em abril a abertura de um inquérito PF para investigar Castro pelo suposto envolvimento dele em um esquema de corrupção na época em que ele era vereador e vice-governador. Os períodos são entre 2017 e 2020.

“A organização criminosa penetrou nos setores públicos assistenciais sociais do estado e realizou fraude a licitações e contratos administrativos, desvio de verbas públicas e pagamentos de propinas aos envolvidos nos esquemas”, diz o inquérito da PF.

“O grupo obteve vantagens econômicas e políticas indevidas, pois procurou direcionar a execução dos projetos sociais para seus redutos eleitorais, aproveitando-se também da população mais necessitada”, afirma a corporação.

Desdobramento da Operação Catarata

A ação desta quarta-feira é um desdobramento da Operação Catarata, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), que apurou, em 2020, um esquema de corrupção na Fundação Leão XIII, órgão estadual responsável por políticas de assistência social.

Na época, o MP-RJ denunciou 25 pessoas. A ex-deputada federal Cristiane Brasil e o ex-secretário estadual de Educação Pedro Fernandes estavam entre os indiciados e sempre negaram as acusações.

Na mesma operação, o empresário Flávio Chadud – dono da Servlog – foi preso, acusado de pagar propina em troca de contratos públicos e gravado no episódio da mochila com Cláudio Castro.

A investigação apontou que o esquema causou um prejuízo de até R$ 32 milhões aos cofres públicos. O processo criminal estava na 26ª Vara Criminal da Justiça do Rio, mas foi encaminhado ao STJ depois que um dos réus fechou acordo de delação premiada.

Na delação, o empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva fez acusações contra o governador Cláudio Castro. Ele afirmou ao Ministério Público que ajudou a financiar a campanha de Castro a vereador, em 2016, e depois virou assessor dele na Câmara Municipal do Rio.

No depoimento, o empresário contou que Castro recebeu propina em contratos da Prefeitura do Rio quando era vereador, em 2017, com dinheiro desviado da então Subsecretaria da Pessoa com Deficiência (SubPD). “Dois contratos na SubPD passaram a dar capital político e propina para o então vereador Cláudio Castro lá na SubPD, em 2017 para 2018”, disse o delator.

Com a eleição de Wilson Witzel, Cláudio Castro assumiu o cargo de vice-governador em janeiro de 2019. E a Fundação Leão XIII passou a ser subordinada diretamente a ele. O delator disse ao MP que Castro participou de um esquema de corrupção em projetos de assistência social da Leão XIII. E que chegou a receber propina em dólar, nos Estados Unidos.

“(Castro) foi fazer uma viagem com a família pra Orlando. Ele, a atual primeira-dama, os filhos, cunhado, foi uma galera junto. Parte dos recursos que pagaram a viagem do Cláudio e da família lá em Orlando saiu dos cofres, da contabilidade do [programa da Leão XIII] Novo Olhar [alvo da investigação desta quarta] e foi direto pra Orlando. Quando ele chegou lá, o dólar tava lá. Não precisou sacar aqui. A pessoa só chegou e entregou pra ele. Na época foi o equivalente a 20 mil dólares, se eu não me engano. Dei uma parte, Flávio (Chadud, dono da empresa Servlog) deu outra”, revelou o delator.

Marcus Vinícius também relatou a visita que o então vice-governador fez à Servlog, empresa que tinha contratos com a Leão XIII, em julho de 2019. O delator trabalhava no escritório da própria empresa, num shopping na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

A visita de Castro carregando uma mochila, ao lado de Flávio Chadud, foi registrada por câmeras de segurança do shopping. Segundo o delator, naquela visita, Cláudio Castro recebeu R$ 120 mil de propina em dinheiro vivo, de Flávio Chadud.

Veja o que ele disse ao MP:

Promotor: “Aquela imagem dele no escritório, então…”.
Delator: “120 mil reais”.
Promotor: “Ele tinha recebido 120 mil reais naquela ocasião?”.
Delator: “Uma parte dos recursos que haviam sido liberados atrasados”.

No dia seguinte à essa visita, Flávio Chadud foi preso pela Polícia Federal na Operação Catarata. Um outro alvo da operação foi Bruno Selem, que também trabalhava na Servlog. Selem também fechou um acordo de delação premiada e confirmou que Cláudio Castro recebeu cerca de R$ 100 mil de propina nesse encontro com Flávio Chadud no escritório da Servlog.

Com o impeachment de Wilson Witzel, Cláudio Castro assumiu o governo do estado interinamente em agosto de 2020 e em maio de 2021, tomou posse definitivamente. No documento enviado ao STJ em novembro do ano passado, a PGR pediu autorização para que a Polícia Federal investigasse Cláudio Castro a partir do momento em que se tornou governador.

“O modo de execução dos crimes, a forma com que a organização criminosa se instalou na Prefeitura e no Estado do Rio e a continuidade delitiva durante período considerável permitem juízo preliminar de que os crimes continuaram mesmo durante o exercício do novo cargo de governador do Estado do Rio de Janeiro”, disse a PGR, na ocasião.

“Ao menos nesta fase inicial da investigação, os elementos probatórios convergem para a continuidade da atuação criminosa no novo cargo, justificando, portanto, o reconhecimento do Superior Tribunal de Justiça como foro competente para investigação dos crimes indicados pelo colaborador Marcus Vinícius Azevedo da Silva”, completou, na época, a Procuradoria-Geral da República.

(Com informações de G1)
(Foto: Reprodução)

Por Thiago Manga

Thiago Manga é carioca, jornalista, assessor, já atuou em campanhas eleitorais. Atualmente é Diretor de Redação do Brasil Independente.

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