Bolsonarista preso por golpismo – Centenas de pessoas continuam presas por terem participado dos atos golpistas de 8 de janeiro, quando milhares de manifestantes bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes e quebraram bens e estruturas dos prédios.
A mãe de um homem que ainda está preso conversou com o site G1 sobre a situação do seu filho, e disse que não entende o que o levou a chegar a tal ponto. Por segurança, a mulher não quis se identificar.
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“O que me entristece é que parece que foi feita uma lavagem cerebral no meu filho. Não dava para entender nada. Eu nunca vi um negócio como esse. Ele mudou muito, uma lavagem cerebral.”
A mãe conta que o homem preso largou o emprego no interior do Mato Grosso do Sul e começou a viver em acampamentos bolsonaristas a partir do segundo semestre do ano passado, sem pagar transporte ou alimentação.
“Ele foi de uma cidade para outra. Depois, ele veio para a capital [Campo Grande]. Aqui, ele chegou com tudo pago: passagem de ônibus e até carro por aplicativo. Isso tudo e ele já estava desempregado”, revela.
Distanciamento da família
De acordo com o relato da mãe, o filho começou a se distanciar cada vez mais e as conversas com ele sempre acabam num tom político extremista. Ele passou a seguir o ex-presidente Jair Bolsonaro, até que não soube mais separar sua vida pessoal da política.
“No fim do ano, quando ele me ligou, já estava havia duas semanas no acampamento na minha cidade. Eu senti uma diferença muito grande. Saímos para ir ao mercado, mas ele estava bem diferente. Me falaram que ele estava louco”, conta.
No Natal, a mãe pediu para que não se discutisse política na festa, e família conseguiu se reunir em paz. No entanto, ele não quis ficar com os familiares no Ano Novo.
“Ele foi passar o Ano Novo com o pessoal em frente ao Comando Militar Oeste do Exército, no acampamento.”
“Mordomia”
A mãe não consegue ver sentido na atitude do filho de largar o emprego para viver em acampamentos. Ela acredita que ele teve ajuda financeira para isso e para ir até Brasília participar dos atos.
“Meu filho conseguiu muita mordomia. Ele estava desempregado em Brasília. Foi um choque quando ele me ligou e falou que ia sair do serviço e ir para o acampamento dos bolsonaristas. Eu falei para ele ‘cara, você tá louco, o que você tá fazendo aí?'”.
Ela diz ainda que o filho foi três vezes a Brasília com todas as despesas pagas. Na última vez, o rapaz chegou em 6 de janeiro, dois dias antes dos ataques prédios públicos dos Três Poderes.
“Ele disse que ia para Brasília para ‘’defender o país’. Eu disse para ele: ‘larga a mão, não faz isso, você não precisa ir lá para Brasília’. Ele respondia: ‘eu prefiro morrer do que não defender o meu país’. Eu não sei, parece que fizeram uma lavagem cerebral nele, ele estava com a cabeça bem diferente.”
O rapaz ligou para a mãe pouco antes dos atos para avisar que iria participar.
“Eu não acredito que eu tenha me matado e sacrificado para criar um filho sozinha e chegar nessas alturas da vida e ver uma situação dessa: ver meu filho sendo preso por política”, lamenta.
(Com informações de G1)
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)