Por Marina Silva – Na última sexta-feira, meu amigo Ciro Gomes (PDT) foi alvo do espírito autoritário e abusivo que persiste entre os militares brasileiros após 37 anos de redemocratização.
O ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas apresentaram à Procuradoria Geral da República notícia-crime contra Ciro por ter dito que o crime organizado ocupa a Amazônia “por ação, dolo ou omissão” de parte dos militares.
Como já vimos em 2018 e diante de um cenário no qual o seu candidato à reeleição à Presidência está sob ameaça, as Forças Armadas usam de vários estratagemas para influenciar no processo eleitoral.
Quatro anos atrás, o general Villas Bôas, de triste memória, bradou contra a possibilidade de o STF conceder habeas corpus a favor de Lula, em razão de prisão pela condenação pela Lava Jato.
Vídeo: Ciro Gomes diz que vai acabar com reeleição presidencial
Hoje, o ministro da Defesa e os chefes da FFAA endossam as suspeitas infundadas de Bolsonaro contra a lisura das urnas eletrônicas e querem coagir aqueles que, corretamente, apontam falhas no cumprimento de suas atribuições.
Em vez de gastar energia com as críticas, deveriam expor ao país solução definitiva para eliminar garimpo e pesca ilegais, desmatamento desmesurado e grilagem inimputável. Antes de atacar, é melhor que se perguntem: “Quem mancha as FFAA?”.
Com certeza, a resposta não é Bruno, Dom, os ianomâmis e outros tantos brasileiros e brasileiras vítimas da bandidagem que avança na Amazônia por defenderem a região.
Muito menos Ciro Gomes, que expôs com serenidade um alerta que deve ser levado em consideração por aqueles que estão à frente dos quartéis. A Ciro, minha total solidariedade. Aos militares queixosos, atenham-se à Constituição.
Por Marina Silva, historiadora, professora, psicopedagoga, ambientalista e política brasileira, filiada à Rede Sustentabilidade (REDE)
(Publicado originalmente no Twitter)
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