Em abril de 2020, quando o novo coronavírus (SARS-CoV-2) começava sua escalada pelo interior de SP, a médica emergencista Taiane Solin, de 30 anos, falou ao VivaBem sobre a rotina pesada de cuidar dos pacientes vítimas da covid-19. Na época, ela havia viralizado na internet com um desabafo sobre um paciente que se despediu da família usando o celular da médica, pouco antes de ser intubado. Ele faleceu.
Quase um ano depois, no interior de SP, Taiane conversou com a reportagem novamente para contar o que tem vivido durante o agravamento da pandemia no estado de São Paulo. Agora, ela atua apenas em hospitais na região de Campinas.
“Estamos exaustos”, resume ela, que conversou com a gente enquanto fazia compras no mercado— seu único “rolê” ultimamente. “As coisas já tinham melhorado, eu esperava que, a essa altura, nós já estivéssemos mais preparados, e não estamos”, diz.
“Eu comecei a pandemia atuando no PS como emergencista, mas acabei mudando minha área de atuação. Por pura falta de profissionais disponíveis, acabei indo cada vez mais para as UTIs e fiquei de vez.
Na UTI, a qualidade de vida é melhor. Não tem ninguém gritando na minha cara enquanto eu tento ajudar o paciente, o que era frequente no pronto-socorro. Por outro lado, a gente vê muita gente morrer. Essa é a pior parte.
Eu e meus colegas não aguentamos mais ver tanta gente morrendo.
O perfil também mudou. Antes eram os mais velhos, gente com comorbidade, uma situação mais complexa. Agora são pessoas jovens, saudáveis, que chegam já em estado muito grave. O que percebemos é que o corpo jovem reage mais violentamente à infecção, e justamente por isso a situação se agrava, as coisas ficam piores.
Hoje eu atuo em hospitais da rede particular e do SUS. Os dois têm problemas. Recebi ontem uma mensagem avisando que talvez falte bomba de infusão —um aparelho que serve para manter os pacientes sedados, com medicação o tempo todo na veia. Falta medicação em outro. É como falar para um restaurante que não tem arroz bem na hora do almoço.”
Veja o depoimento completo de Taiane na matéria publicada pelo UOL.
Jovens morreram 10 vezes mais em Araraquara (SP), interior de SP
A Prefeitura de Araraquara registrou nesta quinta (4) a internação de uma mulher de 21 anos e de um outro homem, de 26 anos, por causa da Covid-19. Os dois estavam em estado grave e foram intubados.
O prefeito da cidade, Edinho Silva (PT-SP), diz que a nova cepa do coronavírus que passou a circular na cidade segue alcançando cada vez mais pessoas jovens, em uma situação dramática que não era comum no ano passado.
Segundo ele, em 2020 apenas uma pessoa de menos de 40 anos morreu em Araraquara vítima da Covid-19. Só em fevereiro e março, já foram registrados os óbitos de dez pessoas nessa faixa etária até agora.
Veja a matéria completa aqui.