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ONU condena cerco de Israel – Em um comunicado publicado nesta terça-feira (10), a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que o “cerco total” à Gaza – que abriga 2,3 milhões de habitantes -, anunciado por Israel na segunda (09), põe em risco a vida de civis e é proibida pelo direito humanitário internacional.
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“A imposição de cercos que põem em perigo a vida de civis, privando-os de bens essenciais à sua sobrevivência, é proibida pelo direito humanitário internacional”, afirmou o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, em um comunicado divulgado à imprensa.
Gaza ‘ficará sem combustível, remédios e alimentos em breve’, dizem autoridades palestinas. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, fez um apelo pela instalação de um corredor humanitário em Gaza para garantir a entrada de insumos essenciais à população civil.
“A OMS apela pelo fim da violência (…). Um corredor humanitário é necessário para alcançar pessoas com suprimentos médicos”, destacou o porta-voz da entidade, Tarik Jasarevic.
A preocupação das agências das Nações Unidas com o território palestino aumentou com a forte ofensiva lançada por Israel em resposta ao ataque ocorrido no último sábado
Bombardeios intensos mataram mais de 600 pessoas em Gaza, segundo autoridades de saúde palestinas.
Invasão à Gaza
Dezenas de milhares de soldados também estão sendo enviados para a fronteira com Gaza e uma invasão terrestre à região vem sendo especulada. Em meio às medidas de resposta, o ministro da Defesa anunciou o bloqueio total.
“Estamos impondo um cerco total à Gaza. Sem eletricidade, sem comida, sem água, sem gás, tudo bloqueado. Estamos lutando contra animais e agimos em conformidade”, disse o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, em um vídeo.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários afirmou que mais de 123 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas diante dos ataques em Gaza, que teve bairros inteiros destruídos (foto).
No terceiro dia da ofensiva militar, o Exército de Israel anunciou que retomou o controle das partes no sul, onde havia infiltrados do Hamas, mas admitiu que “ainda pode haver terroristas na região”, segundo um porta-voz militar.
Cerca de 900 israelenses morreram, incluindo mais de 100 militares, e mais de 2 mil ficaram feridos nos ataques, de acordo com um novo balanço publicado pelo governo.
Só no primeiro dia, os terroristas mataram por volta de 260 pessoas que participavam de um festival de música eletrônica perto do enclave palestino, segundo a ONG Zaka, que ajudou nas operações de recuperação dos corpos.
“Tempos de guerra”
O Exército israelense também tenta resgatar os mais de 100 cidadãos sequestrados pelo Hamas, de acordo com o governo.
“O que aconteceu não tem precedentes em Israel” reconheceu o primeiro-ministro de extrema-direita do país, Benjamin Netanyahu.
Segundo as forças israelenses, mil combatentes deste grupo islâmico extremista participaram da “invasão de Israel”.
“Civis e soldados estão nas mãos do inimigo, são tempos de guerra”, afirmou o chefe do Exército israelense, general Herzi Halevi.
Netanyahu pediu aos cidadãos de seu país que se preparassem para uma guerra “longa e difícil” e o Exército anunciou que removeria todos os habitantes das áreas próximas da Faixa de Gaza.
Em Jerusalém, sirenes de alerta antifoguetes foram acionadas e seguidas rapidamente por várias explosões, relataram jornalistas da AFP.
Vítima brasileira
Cidadãos de outros países morreram na ofensiva palestina, alguns com dupla nacionalidade israelense, incluindo 12 tailandeses, 10 nepaleses e quatro americanos.
Pelo menos três brasileiros estão desaparecidos e um, hospitalizado, de acordo com o governo. O brasileiro Ranani Glazer, desaparecido desde sábado após o início do conflito foi encontrado morto, confirmou o Itamaraty nesta terça-feira.
“É de longe o pior dia da história de Israel”, declarou o porta-voz do Exército.
Diretor da Iniciativa de Segurança do Oriente Médio Scowcroft, Jonathan Panikoff considera que “Israel foi pego de surpresa neste ataque sem precedentes”, e “muitos israelenses não entendem como isso pôde acontecer”.
O ataque do Hamas foi condenado por diversos países ocidentais, entre eles os Estados Unidos, que começaram a enviar ajuda militar a Israel no domingo. Além disso, os norte-americanos direcionaram seu porta-aviões “USS Gerald Ford” para o Mediterrâneo.
A China condenou quaisquer “ações que atentem contra os civis” e defendeu um cessar-fogo, enquanto a Rússia e a Liga Árabe disseram que rejeitam a violência “de ambos os lados” e que vão trabalhar para “pôr fim ao derramamento de sangue”.
A União Europeia (UE) convocou uma reunião de emergência com seus ministros das Relações Exteriores. Já o Irã foi um dos únicos países a aplaudirem a ofensiva deste grupo palestino.
Os iranianos negam as acusações de seu papel na operação, afirmando que são “baseadas em motivos políticos”.
Israel ocupa ilegalmente a Cisjordânia desde 1967, anexou Jerusalém Oriental e impõe um bloqueio à Gaza – também considerado ilegal pelas leis internacionais, motivo de inúmeras manifestações contrárias da ONU – desde que o Hamas tomou o poder no enclave em 2007.
(Com informações de O Globo e Agências Internacionais)
(Foto: Reprodução)