ONU denuncia Israel – Nesta terça-feira (24), uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), marcada para votar a resolução que os Estados Unidos elaboraram sobre o conflito na Faixa de Gaza, terminou em uma crise diplomática entre a ONU e Israel.
Secretário-geral da ONU, Antonio Guterres fez duras críticas à Israel e disse que “o ataque de Hamas não aconteceu por acaso”. Em resposta, o chanceler israelense cancelou a reunião bilateral que teria com o Guterres.
Em discurso de abertura da sessão, o secretário-geral denunciou uma “ocupação sufocante” de Israel na Faixa de Gaza de mais de meio século e frisou que os palestinos têm seus direitos violados constantemente pelo governo israelense.
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“É importante reconhecer que os atos do Hamas não aconteceram por acaso. O povo palestino foi submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante. Eles viram suas terras serem brutalmente tomadas e varridas pela violência. A economia sofreu, as pessoas ficaram desabrigadas e suas casas foram demolidas”, discursou Guterres.
O diplomata da ONU fez questão de registrar que “os sofreres do povo palestino não podem justificar os ataques do Hamas”.
Desacostumado a receber críticas públicas, Israel se revoltou com a fala do líder da ONU. Além de o chanceler cancelar a reunião com Guterres, o embaixador do país na ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão imediata do secretário-geral.
“Eu peço que ele se demita imediatamente. Não há justificativa ou sentido em falar àqueles que mostram compaixão às mais terríveis atrocidades cometidas contra os cidadãos de Israel e o povo judeu”, bradou.
Bombas de Israel mataram 35 funcionários da ONU
Ainda em seu discurso, o secretário-geral da ONU afirmou que cerca de 35 funcionários da ONU morreram em Gaza desde o início da guerra.
Além disso, reiterou o apelo para que Israel e Egito destravem negociações para a entrada de ajuda humanitária no território. Guterres denunciou que até agora, apenas três comboios com menos de cem caminhões foram permitidos em Gaza.
Uma fila quilométrica foi formada no Egito por um novo comboio de caminhões, que deveriam entrar nesta terça-feira (24) na Faixa de Gaza. Porém, a ONU disse que não havia autorização para cruzar a fronteira e tentarão de novo nesta quarta-feira (24).
A ONU disse que ajuda que já chegou não é nem um terço de todos os itens que os palestinos em Gaza precisam.
“Gaza precisa de envios frequentes de ajudas humanitárias de acordo com a enorme necessidade. E essa ajuda tem que ser sem nenhuma restrição”, disse.
Na mesma sessão o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, defendeu os bombardeios de seu país na Faixa de Gaza – que têm matado milhares de civis – e disse que a guerra “é uma questão de sobrevivência”.
Ministro das Relações Exteriores da Palestina, Riyad al-Maliki agradeceu aos países vizinhos, ao Brasil e à ONU pelo apoio recebido durante a reunião do Conselho de Segurança.
“Precisamos de uma realidade em que palestinos e israelenses não sejam mortos e que tenham paz e segurança. Essa realidade é que merece todos os esforços e investimentos”, disse.
ONU pode interromper ações humanitárias
Diretora de comunicações da Agência da ONU para refugiados palestinos, Juliette Touma afirmou que a entidade precisa de combustível para suas operações no território palestino e, se não houver abastecimento até a noite desta quarta, o atendimento será interrompido.
“Precisamos de combustível para nossa frota de carros, para os nossos caminhões carregarem suprimentos, para as padarias, para a estação de bombeamento de água, para os hospitais e outras instalações médicas. Combustível é essencial para as pessoas na Faixa de Gaza”.
Touma disse que as próximas 48 horas são importantíssimas para a agência da ONU que atende refugiados palestinos.
(Com informações de G1)
(Foto: Montagem/Reprodução)