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Opinião: Urnas eletrônicas e o voto impresso

Urnas eletrônicas e o voto impresso – Nestes tempos voltou à tona a discussão sobre a segurança das nossas urnas eletrônicas e o voto impresso. Muitos ainda não têm opinião formada sobre tal assunto, com isso, geram argumentos falsos e lacrações sem um debate mais profundo do tema. Tema complexo como esse requer bastante atenção, ponderamento e clareza. Afinal, o que é o voto impresso, a quem serve e qual motivo de partidos da direita e esquerda defenderem?

Muitas vezes a esquerda, melhor, parte dela, se molda as pautas do país de acordo com a conveniência de como pousará bem para o eleitor, preocupando-se apenas em um projeto de poder que possa abraçar a maioria, agradar a maioria no discurso, não tendo clareza no que se defende. Para um resgate breve e histórico queria relatar que em 2009, os deputados federais Brizola Neto e Flavio Dino, aprovaram em ampla maioria na câmara (mais de 400 votos), e no Senado com apoio do Senador Roberto Requião, a lei que permitiria a impressão do voto. Essa lei teve a sanção do então presidente Lula. Ora mais, essa não seria uma pauta da direita bolsonarista? Como os deputados do PDT, PCdoB, PSB, PMDB e o presidente Lula do PT aprovaram, apoiaram e sancionaram? Não seria uma contradição, ou até mesmo antagonismo? Essa pauta só é válida e justa quando feita por alguém da esquerda hegemônica? Foram essas posturas, e outras mais, que levou o país ao trágico estado que se encontra hoje!

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O questionamento da urna eletrônica é uma bandeira histórica de nós trabalhistas. Não meramente por que queremos concordar ou pactuar com quaisquer teorias de conspiração, e muito menos contribuir na narrativa do Bolsonaro não querer reconhecer os resultados eleitorais em 2022 pelo seu derretimento popular. Claro que temos muita consciência do jogo político e sabemos que é uma pauta delicada, mas se acovardar e não ter firmeza no que defende, não é algo que faz parte da história do trabalhismo. Ouvir muitos camaradas queridos questionarem quando afirmamos que essa luta histórica é do PDT, é de Brizola. Alguns falaram que é uma pauta vencida, atrasada e não mais moderna.

Alegaram que Brizola morreu a quase 20 anos e isso é atrasado! Porém gostaria de fazer um contraponto. Getúlio Vargas morreu a quase 70 anos atrás, Darcy Ribeiro a mais de 20 anos, Abdias do Nascimento a mais de 10 anos, Leila Gonzalez a mais de 15 anos, sem falar do bom e velho Marx que fundamentou a luta de classes tão requerida intelectualmente pelas esquerdas no mundo, que morreu há séculos. Então, por isso todas suas pautas, lutas e questionamentos não são mais modernos? Não há inteligência nesse argumento. Luta histórica e da sociedade não tem prazo de validade, apenas temos que ter uma compreensão atual dessas obras e contribuidores.

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Não há algo mais moderno do que querer aperfeiçoar um mecanismo que é usado a quase 30 anos e não houve um aperfeiçoamento. Como falar em modernidade, segurança e transparência quando o mecanismo democrático que usamos não se aperfeiçoa, não pode se quer ser auditável. Como falar em confiabilidade democrática se é apenas o Brasil que usa esse tipo e modelo de urna, que já tem mais 6 gerações de outros modelos da mesma urna? Não podemos ser negligentes a esse ponto. A democracia é algo inegociável e que nos custou muito caro. Para ela toda segurança, transparência e dedicação em aperfeiçoar.

Urnas eletrônicas e o voto impresso
Urnas eletrônicas e o voto impresso / Foto: Reprodução

Entendemos os tempos sombrios e terríveis que o Brasil passa, mas não cabe a nós trabalhistas fugir das nossas lutas. Podem perguntar a nós, já que é luta histórica, o porquê de não está na carta de Lisboa, estatuto etc. Mas lembramos também que uma das maiores bandeiras históricas do PDT não se encontra lá, que é a escola de Tempo integral, nossos valorosos e maior projeto educacional desse país, os CIEPs de Darcy, Brizola, Anísio Teixeira e Oscar Niermeyr. A Escola pública, de tempo integral é algo não mais moderno por que seus protagonistas morreram? Isso é oportunismo, ou simplesmente falta de compreensão do que estamos tratando.

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Parte da esquerda não quer usar o verde e amarelo porque Bolsonaro e seus seguidores abraçaram essas cores. Então por que o Bozo e seu time fez e defende, nós não usaremos? É pequeno demais pensar assim, além de nada estratégico.

As tecnologias, informáticas e todo avanço global, devem servir para melhorar sempre a vida de humanidade. Queremos avanço de modernidade nas eleições no Brasil, além de segurança democrática cada vez mais. Não é possível que uma urna com 30 anos, sem aperfeiçoamento, possa ser considerada moderna. Não podemos negligenciar o debate que é de extrema importância. Nossa causa não é eleição, mas sim a transparência da democracia e sua soberania. Um povo que não pode saber através de uma auditoria a certeza das suas escolhas, isso sim é um cabresto, conspiração democrática e fraude.

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Para finalizar, quero dizer que o Trabalhismo não é uma corrente política simplória, pelo contrário, ela é profunda e complexa, assim como o Brasil. No trabalhismo não cabe lacração, cabe debate, inteligência e clareza no que defende. A luta histórica de Leonel Brizola perante as urnas eletrônicas não morreu, continua viva, atual e moderna. Será uma luta de todos nós! É uma luta do Presidente do PDT, Carlos Lupi, de toda direção do partido, e do nosso pré-candidato à presidência, Ciro Gomes, e deve ser de toda militância pedetista. O sonho de uma democracia transparente e soberana não morreu, nem morrerá, afinal: ‘SONHOS NÃO ENVELHECEM”

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Por Roberto Viana Jr., presidente nacional do Movimento Cultural Darcy Ribeiro (MCDR)

Fonte: Portal Disparada

Este texto é opinativo e não reflete, necessariamente, a opinião do site Brasil Independente.

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Por Redação

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