PDT e Ciro Gomes buscam Alckmin para aliança em SP – UOL – O PDT busca um palanque paulista que abrigue em 2022 Ciro Gomes, pré-candidato a presidente da República. O partido tem visto como ideal a busca por uma aliança com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que está de saída do PSDB, mas ainda sem partido definido. Ciro e Alckmin nasceram na mesma cidade no interior de São Paulo, o que fez com que alguns já batizassem a estratégia como a formação do “Império de Pindamonhangaba”.
Mas os cenários incertos fazem com que haja conversas inclusive com um político oposto a Alckmin, como Guilherme Boulos, que deve disputar o Palácio dos Bandeirantes pelo PSOL.
“Com todo mundo que nós conversamos, colocamos com muita clareza: nos interessa fazer um acordo em São Paulo, uma aliança no sentido que dê palanque ao projeto de desenvolvimento de Ciro”, diz Antônio Neto, presidente do PDT paulistano e que tem atuado nas articulações no estado. Em São Paulo, o partido não tem força, com apenas um deputado estadual e sem vereadores na capital.
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“O que ele [Alckmin] me falou é que tem muita simpatia pelo Ciro, são nascidos na mesma cidade [Pindamonhangaba], que ele quer sair da polarização [entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (sem partido)]”, diz o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
Lupi diz que as alianças só serão possíveis se o PDT estiver em alguma posição na chapa majoritária em São Paulo, seja como vice-governador ou candidatura ao Senado. E é nesse ponto que os acertos, hoje, se mostram mais difíceis em razão das variáveis envolvendo os personagens. E as principais dependem do movimento que Alckmin tomar.
Variável Alckmin
Ainda tucano, Alckmin tende a ir para PSD ou União Brasil, partido que está sendo criado pela fusão do DEM com o PSL. A única certeza, segundo seus aliados, é que ele fará o anúncio de saída do PSDB antes da prévia nacional do partido, marcada para 21 de novembro.
Inicialmente, o PSD aparecia como favorito na disputa, mas, nas últimas semanas, Alckmin tem se reunido constantemente, por iniciativa própria, com representantes do União Brasil. Um grande objetivo do ex-governador é não perder o PSD nem o partido que será criado. O ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, já sinalizou que estará com Alckmin mesmo que ele escolha outro caminho.
O PDT também ofereceu para Alckmin a possibilidade de ele se filiar ao partido, mas esse cenário é visto como improvável por pessoas próximas ao futuro ex-tucano.
Variável PSD
Uma possibilidade de caminho para Alckmin seria a filiação ao PSD. O partido, a princípio, terá candidato ao Planalto: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Nesse quadro, Ciro poderia ficar em uma aliança que teria palanque dividido. Mas Lupi diz não ver problema nisso.
“Não impede de você ter lá o Alckmin candidato a governador, e a gente ter um candidato a senador ou a vice [governador] que faça campanha pelo Ciro. Vai acontecer duplicidade de palanque em vários estados”, diz o presidente do PDT, que ainda faz uma observação sobre Pacheco: “ninguém tem certeza de ele ser candidato ou não”.
Provável vice de Alckmin, o ex-governador Márcio França (PSB) já deu declarações avaliando como possível a aliança de Kassab com Ciro.
Variável União Brasil
Alckmin no União Brasil seria o cenário mais favorável a um acerto com o PDT. Atualmente, o novo partido ainda não tem uma candidatura certa para a disputa a presidente da República.
Secretário-geral do União Brasil, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto conversou recentemente com Ciro Gomes, e lembrou que votou no pedetista na eleição de 2002. Ciro é visto como uma possibilidade de presidenciável para o União Brasil.
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Porém, uma novidade envolvendo outro partido pode enrolar o cenário. O Podemos pretende filiar em 10 de novembro Sergio Moro, ex-juiz da Operação Lava Jato e ex-ministro de Bolsonaro. O objetivo é tê-lo como candidato a presidente.
Uma ala do União Brasil estaria propensa a uma aliança com o Podemos para essa eventual candidatura, o que afastaria a possibilidade de palanque para Ciro não só pelo espaço, mas também pelo fato de o pedetista ser um crítico do ex-magistrado.
Variável MBL
No União Brasil, Alckmin ainda negocia com o MBL (Movimento Brasil Livre), que estava em tratativas com o PSL para que o deputado estadual Arthur do Val (Patriota-SP), membro do movimento, fosse candidato a governador paulista.
A proposta na mesa seria garantir a candidatura de Alckmin a governador, com Val sendo candidato a deputado estadual ou federal, mas com espaço para que ele volte a disputar a Prefeitura de São Paulo em 2024. Na última eleição, o parlamentar surpreendeu e terminou o primeiro turno com cerca de 10% dos votos. Val avalia a possibilidade, que não foi descartada de cara, algo que não era cogitado em situações anteriores.
O MBL é apoiador de Moro. Uma eventual aproximação do União Brasil à possível candidatura ex-juiz poderia facilitar a ligação do MBL ao projeto. Ou seja, seria um cenário também difícil para Ciro conseguir o palanque paulista junto com Alckmin.
Variável Boulos
Para Lupi, o “cenário ideal” teria “Alckmin no PDT”. “Se ele não vier com o PDT, tem essa conversa com o [jornalista José Luiz] Datena (PSL), a conversa com o Boulos”, diz o presidente do partido. “Meu irmão, na política tem que conversar com todo mundo”, completa, frisando que a exceção é o diálogo com bolsonaristas.
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Antônio Neto reforça que “existe uma proximidade bastante interessante entre Alckmin, Márcio França, Datena, Ciro”. “E, correndo por fora, tem a candidatura do Boulos, que foi abandonada pelo PT. E a gente não sabe como o Boulos vai se comportar.”
Do lado da campanha do PSOL, porém, a posição é de que não há chance para essa aliança. Mas as conversas continuam com PDT e outros partidos, como Rede e PCdoB, por exemplo.
Em entrevista a uma rádio paulista nesta semana, Ciro disse que deixou a porta aberta com o PSOL “para um entendimento”. “E eu preveni ao Boulos que ele está sendo enganado pelo Lula”, disse o pré-candidato, alegando que o petista destrói “qualquer possibilidade de o país respirar para o futuro”. “O Boulos vai amadurecer, vai ver no tempo certo se isso é verdade ou não.” O PSOL caminha para apoiar Lula para presidente.
Tudo depende de Alckmin
Em meio a essas incertezas, que deixam o partido ainda sem palanque certo em São Paulo, o PDT acompanha mais de perto os passos de Alckmin. “Ele é um player. Para onde ele se mover, você consegue entender melhor o quadro”, diz Antônio Neto, lembrando da dificuldade em interpretar o ex-governador: “Alckmin não fala; ele dá sinais”.
Ciro reforçou que “a ideia é produzir uma grande aliança em São Paulo que reúna PSB, PDT, Datena, Alckmin”. “Em nome de produzir uma alternativa, numa chapa complexa, mas que tem uma resposta para São Paulo e para a necessidade de basear o projeto nacional”, disse o presidenciável. “Sem São Paulo, o Brasil não vai mudar.” Mas não se espante se, como em 2018, Ciro ficar sozinho novamente.
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