A campanha eleitoral do segundo turno da eleição para presidente do Peru começou com um tom bem definido: será uma disputa pela manutenção ou rechaço das políticas neoliberais adotadas há décadas no país.
De um lado, se apresenta Pedro Castillo, professor e sindicalista que terminou o primeiro turno na primeira colocação, com cerca de 19% dos votos. Do outro, reaparece Keiko Fujimori, administradora de empresas e filha do ex-presidente Alberto Fujimori. Nas duas últimas eleições presidenciais (2011 e 2016) ela chegou ao segundo turno, mas foi derrotada. Neste ano ela teve 13% no primeiro turno.
Castillo é um crítico ferrenho do neoliberalismo, enquanto Keiko é uma ardorosa defensora de políticas de Estado mínimo e privatizações.
Em entrevista para o Página 12, o pesquisador Hernán Chaparro, da Universidade de Lima, afirma que é a primeira vez em muitas eleições que o Peru assistirá a uma disputa de votos baseada em valores ideológicos.
“Há muito tempo que não vemos isso no Peru. Não temos votos programáticos nas últimas eleições. É fundamentalmente uma disputa pela continuidade ou não do modelo econômico neoliberal”, afirmou.
No entanto, Chaparro destaca que a disputa no Peru envolve mais elementos: “Aqui não é possível simplesmente dividir os candidatos entre núcleos de esquerda ou direita. Questões étnicas, raciais e de reconhecimento de cada povo também estão em pauta”, complementou.
Primeiras pesquisas
No começo desta semana, um levantamento feito pelo Instituto Ipsos mostra Castillo na liderança das intenções de voto, com 42%, contra 31% de sua adversária.
A pesquisa deixa claro como o país está dividido: Keiko vence com facilidade na capital, Lima (43% contra 26%), mas é Castillo quem lidera no interior (51% contra 24%). O segundo turno no Peru será realizado em 6 de junho.
Lima corresponde a cerca de um terço da população do país. É lá que se encontra a população mais rica e escolarizada, nichos nos quais a candidata também alcança índices favoráveis.
Com informações do Página 12