A deputada federal Carla Zambelli e outros bolsonaristas radicais – incluindo até mesmo Eduardo Bolsonaro – entraram na mira de uma ala do PL que defende que o partido adote uma linha mais moderada no próximo governo para evitar atritos. A informação é do blog de Andreia Sadi no G1.
De acordo com o relato de um deputado federal aliado de Bolsonaro e membro do PL, esse grupo dentro do partido quer isolar os parlamentares considerados mais bélicos com a saída de Jair Bolsonaro do poder, tirando o protagonismo dado a Zambelli e outros nos últimos anos.
“A maioria [do PL] não quer confusão. Se tiver que ser feito embate pela racionalidade, vamos fazer. Mas desse comportamento bélico, estamos fora”, contou à jornalista.
O problema ficou maior depois que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi hostilizado por apoiadores de Bolsonaro na porta de um restaurante onde integrantes do PL se reuniram na terça-feira (29), mesmo dia em que Lira recebeu o apoio do PT para sua reeleição no comando da Casa.
Instruídos pelos membros radicais da legenda, os bolsonaristas chamaram Lira de traidor e omisso, e cobraram até mesmo apoio aos atos golpistas em frente a quartéis e em rodovias.
O fator Eduardo
O filho 03 do presidente planeja assumir a liderança da oposição a Lula na Câmara, mas precisa do PL e seus 98 companheiros de partido para isso. Apesar de ter a maior bancada a partir do ano que vem, a legenda pode ficar isolada se escolher não apoiar a reeleição de Lira, que já tem maioria garantida.
Na disputa por espaço com Zambelli, e sem o pai no Planalto, Eduardo apoia o isolamento de Zambelli, mas também enfrenta resistência dentro do partido, especialmente após ser flagrado assistindo ao jogo do Brasil no estádio no Catar.
Seus colegas avaliam que a viagem desmoralizou seu discurso radical de confronto com as instituições. O roteiro de confronto levou o partido a ser punido pelo Tribunal Superior Eleitoral e, agora, foi enfraquecido justamente pelo filho que mais o alimenta.
Assim, a expectativa é que também Eduardo deve ser isolado, aos poucos, pela cúpula do PL.
Mais confusão
No mesmo jantar onde Lira foi hostilizado, Carla Zambelli teve uma discussão com Bolsonaro após cobrar que ele dê orientações a seus apoiadores que não se conformam com a derrota.
O presidente se irritou com o questionamento e desviou do assunto, dizendo que não falaria nada. A deputada não conta mais com a boa vontade do clã desde que, na véspera do segundo turno, ela perseguiu um homem empunhando uma arma em um bairro nobre de São Paulo. Para Bolsonaro, a cena que viralizou afastou eleitores indecisos.
Ainda na terça, Zambelli havia gravado um vídeo direcionado ao alto escalão das Forças Armados, pedindo que apoiassem as manifestações que pedem intervenção militar para impedir que Lula tome posse. “Vão querer prestar continência a um bandido?”, disse ela se referindo ao presidente eleito.
Informações: G1 e Metrópoles
Foto: Reprodução/Vinicius Costa Martins (twitter.com/vinicostamart)