PSOL contra apoio a Lula – O apoio à chapa do ex-presidente Lula (PT) com o vice Geraldo Alckmin (PSB) levou o professor Plinio de Arruda Sampaio Junior e mais 50 nomes do PSOL a pedirem publicamente a desfiliação do partido. A carta de ruptura foi divulgada dois meses após outro documento assinado por mais de 600 membros da legenda protestando contra a decisão do partido de não lançar postulação própria em prol da candidatura petista e a intenção de fazer federação com a Rede, oficializada no mês passado.
O texto critica o modelo econômico dos governos petistas e afirma que Lula traiu a esperança que sua eleição trouxe em 2002 de mudar a agenda neoliberal implantada por Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. Em vez disso, seu mandato “acabou por se transformar num agente de defesa dos interesses do grande capital e da conciliação de classes, concretizada na Reforma da Previdência de 2003 e na corrupção do mensalão em 2005”, dizem os signatários.
Ainda de acordo com o manifesto, o PSOL nasceu “da resiliência militante ao projeto petista de adequação à ordem burguesa”, mas, nos últimos anos, correntes internas mais afinadas ao petismo se fortaleceram e atuaram para boicotar a organização de núcleos de base. “Em 2017, a linha política do PSOL já era claramente conciliatória, e o método político de tentar o enraizamento social pelos núcleos e setoriais passou a ser alvo de ataques sistemáticos. Como nesses espaços havia uma crítica maior às linhas do partido, eles foram esvaziados deliberadamente”.
Para esses militantes, o pior desempenho da história do partido nas eleições de 2018 não foi surpresa. Segundo a carta, aquele era o momento crucial para “o partido finalmente se apresentar como um aglutinador das lutas sociais e políticas, tornando-se referência nos processos de mobilização contra a barbárie capitalista (…), no entanto, o PSOL optou por ser uma legitimação à esquerda do petismo”. O processo então levou o eleitor a ter que escolher entre “uma ruptura à direta da ordem, encarnada por Bolsonaro, e um salto para o passado, apresentado por Haddad”, explica.
O maior afastamento das raízes históricas da legenda viria, por fim, a partir do congresso partidário em setembro de 2021, quando foi feita a opção por uma “frente eleitoral de esquerda e a criação de um programa sem participação militante, nem pautado nos espaços de base do partido”. Conforme diz a carta, a direção do PSOL “abandonou seu programa, aliando-se a setores inimigos da nossa classe” e “rompeu com o método, com o programa e com as políticas históricas do PSOL” ao aderir à candidatura Lula-Alckmin e aprovar federação com a Rede.
Com informações de: Yahoo! Notícias
Foto: Ricardo Stuckert
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