Globo facilitou para Bolsonaro no JN – Após a entrevista do sr. Jair Messias ao Jornal Nacional, nesta 2ª feira 22/8/22, resta aos democratas mostrar as graves mentiras e contradições de Bolsonaro. Mais do que a luta política, trata-se de desmascarar o mentiroso e restabelecer a verdade. Nosso povo tem direito à verdade. O que vimos na entrevista ao Jornal Nacional foi o império da falsificação. E, é preciso dizer, com uma boa ajuda da Globo. A Globo pegou tão leve que, ao final, Bolsonaro queria mais entrevista…
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Os 33 milhões de brasileiros com fome ficaram de fora da entrevista. Os 100 milhões com alimentação insuficiente, também. Na pergunta sobre economia, o Bonner chegou a, já na pergunta, aceitar os argumentos da pandemia e da guerra na Ucrânia como justificativa para o desastre econômico nacional. Ficou muito fácil para Bolsonaro. Nada sobre a inflação na mesa do povo. Nada sobre o abusivo preço dos combustíveis. Nada sobre a venda das refinarias da Petrobras e a importação de gasolina dos EUA. Nada sobre o atrelamento dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha ao dólar. Nem uma palavra sobre o que representou a falsa “solução” de corte no ICMS dos combustíveis para os estados, que terão ainda menos verbas para a Educação e a Saúde. Deixaram Bolsonaro sair ileso desses absurdos, emplacando o falso discurso de que o Brasil vai bem.
Sobre a pandemia, o atraso na compra das vacinas não foi devidamente cobrado, nem a denúncia de tentativa de propina nessa compra. O atraso no auxílio emergencial foi esquecido, a proposta de R$ 200 de Guedes, também, que só foi maior graças ao Congresso. Bolsonaro deixou centenas de milhares de pequenos comerciantes quebrarem e ficou por isso mesmo. Bolsonaro não foi confrontado pela Globo com os dados que mostram nossa péssima posição diante da covid no mundo. O Brasil tem 2,7% da população mundial, mas teve cerca de 12% de todas as mortes por covid. Ou seja, nosso percentual de mortes é 4 vezes acima do normal. Só esse dado já comprova a péssima gestão da pandemia por Bolsonaro, merecedor do adjetivo genocida.
Genocida, diga-se, não é um xingamento para efeito político-eleitoral. É uma acusação, uma denúncia de um crime, a ser apurado e punido pelas cortes nacionais e internacionais. Há estudos que apontam que pelo menos metade dos que morreram de Covid-19 no Brasil não precisariam morrer.
No tema da corrupção, apenas o caso do ex-ministro da Educação veio à tona (e de leve, nada sobre o pagamento de propina em barras de ouro). Sobre Sales, acusado de estar metido com contrabando de madeira, nada. Venda de carteira de crédito do BB ao BTG por 10% do valor, nada. Denúncia de propina na vacina, nada. A mansão de R$ 6 milhões do filho, nada. E os aliados envolvidos em denúncias de corrupção? Cláudio Castro… Valdemar da Costa Neto… etc. Nada.
Bolsonaro mentiu descaradamente, seguindo seu discurso falsificador da realidade. Isso era de se esperar. Mas cabe cobrar, porém, ao “jornalismo” da Globo por que deixou passar essa falsificação na boa, sem questionar de forma demolidora e cabal a mentirada do sr. Jair.
A pergunta que se faz agora é esta: por quê? Por que a Globo deixou barato, muito barato, para Bolsonaro? Incompetência? Improvável. Ou terá sido por interesse?
Será que não interessa fazer Bolsonaro derreter? Será que é preciso mantê-lo vivo eleitoralmente? Apto a ir ao 2° turno para, na estratégia (arriscadíssima, digo eu) da Globo, “perder” para Lula?
Se Bolsonaro derrete, quem tem tudo para subir é Ciro – e sua revolução antirrentista. Tudo o que o sistema bancos-Globo não quer. Talvez isso explique o que vimos no Jornal Nacional nesta 2ª feira, 22 de agosto.
Por Newton Barra, jornalista
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