PSDB pode abrir mão de candidatura – Matéria publicada pelo Diário do Nordeste informa que, apontado como um dos principais nomes do PSDB para concorrer à Presidência da República no próximo ano, o senador cearense Tasso Jereissati sugere dúvidas sobre candidatura sua e defende aproximação entre seu partido e o PDT de Ciro Gomes, de olho em uma postulação de centro em 2022.
Em entrevista ao Jornal Valor Econômico, Tasso admitiu que pode não chegar até o fim das prévias internas do partido, que têm ainda João Doria, Arthur Virgílio e o Eduardo Leite.
No Ceará, Tasso Jereissati e Ciro Gomes voltaram a ser aliados políticos nas eleições municipais do ano passado, após uma década de rompimento.
Nos bastidores, as costuras para a eleição estadual do ano que vem ocorrem dando como certa uma aliança entre PDT e PSDB, mesmo o PT, do governador Camilo Santana, estando no pacote e sendo protagonista do projeto.
Na entrevista ao jornal de circulação nacional, o tucano reforça a tese de uma candidatura de ‘centro’, onde considera estar o PSDB e também Ciro Gomes, a quem se referiu como alguém que “não é de esquerda” e nem “de extremos”.
Tasso considera que o centro precisa estar unido e que o nome a ser escolhido deve aglutinar as forças políticas neste campo para ser competitivo nas eleições presidenciais do ano que vem.
O senador afirmou ainda que gostaria que Ciro estivesse nessa visão de centro e sugeriu que PSDB e PDT assumissem compromisso para o ano que vem.
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“O Ciro não é um homem de esquerda, não é um nome de extremos. Adoraria que ele fizesse parte dessa visão de um grupo mais de centro, que tenha algum tipo de compromisso entre nós, para que essas posições radicais desapareçam do nosso cenário politico” – Tasso Jeiressati
Bruno Araújo dá entrevista na mesma linha
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, disse em entrevista ao ao jornal O Globo que o PSDB ainda pode apoiar outro candidato à presidência da República em nome da unidade do centro. Questionado se sua sigla pode abrir mão da candidatura própria, afirmou que “ninguém pode querer apoio sem ter disposição de apoiar” e que os tucanos estão abertos a negociar “até o último momento das convenções”.
Por outro lado, Araújo aposta que as prévias, marcadas para novembro, podem ajudar a impulsionar o PSDB na disputa por uma terceira via contra a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. Mesmo com a alta da reprovação de Bolsonaro em meio à CPI da Covid e denúncias de corrupção, Araújo afirma que ainda não vê condições políticas no país para um impeachment. Para Araújo, faltam a perda de apoio no Congresso e manifestações amplas nas ruas com mais diversidade política e ideológica.
As pesquisas mostram Lula e Bolsonaro em vantagem ampla. A construção de uma candidatura de centro alternativa a polarização é ainda viável?
As pesquisas envolvem um grau de complexidade maior. Elas mostram que há uma maior parte do eleitorado brasileiro que prefere não votar nem em um, nem em outro. A maior parte dos candidatos de centro nunca foi às urnas numa eleição nacional. O ex-presidente Lula termina tendo ganhos indiretos com o crescente aumento da rejeição do presidente Bolsonaro. E nessa construção que temos um conjunto de oito ou nove partidos que dialogam sobre alternativas. E o PSDB tomou uma decisão histórica este ano. Vai promover o maior e mais democrático processo de escolha de um candidato a presidente nas prévias, o que dará legitimidade a esse candidato.
Existe alguma chance de o PSDB, apesar das prévias, abrir mão da candidatura a presidente?
Ninguém pode querer um apoio sem ter disposição de apoiar. O PSDB está aberto até o último momento nas convenções de construir essa unidade no campo distante da polarização entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula.
Acho que a primeira etapa é a disputa interna. O fato é que quem sair vencedor dessas prévias nacionais, num processo amplo, rodando o país, vai sair com um importante ativo e força política para construir um processo de negociação com esse campo das forças políticas.
O governador Eduardo Leite revelou recentemente que é homossexual. Um candidato gay pode enfrentar resistência?
Primeiro, o governador Eduardo Leite ganhou ainda mais o nosso respeito. Acho que o atributo de uma relação franca com a sociedade entrega credibilidade e confiança. Acho que o Brasil tem maturidade de compreender que o mais importante é entender aquela pessoa que passa segurança para fazer as entregas que a sociedade precisa, para gerar empregos e reduzir as desigualdades do país.
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O senhor defendeu a pré-candidatura do senador Tasso Jereissati nas prévias. No entanto, ele não tem feito agendas. A pré-candidatura dele é pra valer?
Cada um tem um estilo. Tenho notícias de que o senador Tasso está tendo conversas constantes dentro do partido. Tasso reúne um conceito e um ativo importante no PSDB e à medida que o tempo passar a gente vai ter clareza de quem vai se consolidar como pré-candidato.
Quando chegar a data das prévias, pode haver um rearranjo, com candidatos abrindo mão?
Eu acho que é possível e pode até haver até o surgimento de mais nomes. Tudo é possível nesse espaço que nós temos até as prévias.
O senhor criticou o almoço do Fernando Henrique com o Lula que aconteceu em maio. Existe algum compromisso do ex-presidente de não repetir movimentos nesse sentido?
Claro que do ponto de vista político não ajuda um candidato do PSDB. Mas Fernando Henrique Cardoso é um ativo da história brasileira, é um sociólogo, um intelectual e que compreendeu como poucos respeitar e preservar a instituição da Presidência e de um ex-presidente da República. Ninguém no PSDB pode, nem tem o direito, de tutelar a vida política, pessoal e ideológica, intelectual, acadêmica de Fernando Henrique Cardoso. Ele sempre terá ao nosso respeito. Essa posição do presidente Fernando Henrique é de cunho absolutamente pessoal. Ela não representa o partido, mas representa algo com autoridade que a vida lhe deu.
O ex-presidente Fernando Henrique declarou que num segundo turno votaria no Lula contra o Bolsonaro. O PSDB apoiaria Lula nessa circunstância?
O PSDB tem a convicção de que nós vamos fazer o processo de escolha mais democrático da história de um partido na América Latina, que esse candidato vai reunir condições políticas e de viabilidade para construir uma aliança no campo fora dos polos que estão estabelecidos hoje, vai ao segundo turno e vai vencer a eleição para presidência da República.
O PSDB apoiou o impeachment de Dilma Roussef. Não pode ser cobrado como incoerente se não apoiar o impedimento de Bolsonaro?
Impeachment envolve falta de apoio no Congresso, que o presidente ainda tem. Envolve povo na rua, o que é uma limitação por conta da pandemia. Quando digo povo, falo em diversidade política ideológica. Não é só um lado, uma posição. Claro que o presidente flerta de forma rotineira com desrespeito às relações com as instituições de Estado. E estamos vigilantes a isso. Mas os ingredientes necessários para formar essa receita ainda não estão postos à mesa.
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As ameaças à democracia de Bolsonaro são mais graves que as pedaladas da Dilma?
No caso da Dilma, o PSDB identificou todos os ingredientes que eu disse: crime de responsabilidade, falta de apoio no Congresso e povo na rua. Impeachment não se inventa. Mas uma coisa é tentativa. Tentativa tem um grau de seriedade e tem a devida reação. Outra coisa são fatos concretos e sem os elementos que eu disse anteriormente. O PSDB não só discorda e hoje faz oposição a tudo isso. Mas institucionalmente, o PSDB não participou de atos por impeachment. Pode ser em algum momento que haja uma compreensão nesse sentido. Mas não há até aqui.
Qual a posição do PSDB sobre o voto impresso?
Em 2014, o PSDB foi ao Tribunal Superior Eleitoral e perguntou se podia fazer uma auditoria. Foi respondido sim. O PSDB, na época, pagou para uma empresa, que fez uma auditoria e sugeriu melhorias no processo de segurança. Essas melhorias foram adotadas. Então, objetivamente, o PSDB foi atendido. Em segundo lugar, todo processo de segurança é importante e deve ser discutido. Agora, não faz bem à democracia iniciar a discussão com a afirmação de que as eleições anteriores foram roubadas. Então, a premissa da discussão está equivocada. O voto impresso não deve vir por causa das afirmações do presidente da República de que as eleições foram fraudadas. Tem que começar com um reconhecimento de que o processo de eleição, inclusive que nós perdemos, foram limpos.
O senhor tem feito esforços para evitar a saída do Geraldo Alckmin do PSDB?
Há sólida relação entre a instituição partidária e a liderança do governador Geraldo Alckmin. A nossa aposta é que essa relação seja maior do que toda e qualquer divergência pontual que o governador possa ter nesse momento em São Paulo e que isso possa caminhar com ele até o último momento da sua vida pública.