“Ciro Gomes vai até o fim” – Quem não percebeu o óbvio ocorrido esta semana, não percebe é mais nada. A coisa foi bem nítida. “O golpe tá aí. Cai quem quer”, diria o meme.
No melhor estilo robôs de Bolsonaro, o lulismo infestou as redes paulatinamente com ‘opiniões’ defendendo que Ciro Gomes retire sua candidatura para ‘salvar a democracia’ votando, claro, no Lula.
A coisa partiu de ‘anônimos’ e foi subindo para perfis verificados, chegando a subcelebridades, em tamanha sincronia que qualquer analista de redes classifica o que ocorreu como ‘orquestrado’.
Quem já conhece como a turma daquele canto age, sequer pestanejou. Foi a semana do TiraCiro, negócio montado, com investimento e tudo, para fazer a ofensiva de meio do ano.
A cereja do bolo foi Gregório Duvivier, nosso revolucionário do Leblon que nos ensina sobre o interesse nacional de dentro da tela do canal norte-americano HBO. Mas chegaremos nele.
Ora, salvar a democracia. Vamos ter a coragem de sermos sinceros, esquerda brasileira. Quem dançou na beira do fascismo declarado, anunciado e em parte festejado, foi o Sr. Lula e o PT, em 2018.
Quem impôs uma candidatura impossível – por motivos óbvios – e lançou um candidato desconhecido a um mês do pleito em 2018 foi Lula. Um segundo poste, diziam os brasileiros indignados, depois do fracasso com direito a Golpe de Dilma Rousseff.
Ora, vivíamos o Brasil pós-golpe e Lula, condenado – ilegalmente – em segunda instância, estava fora das eleições por conta da Lei da Ficha Limpa que ele, Lula, sancionou. Essa não dá para dizer que não sabia.
Golpe que nós todos – e Ciro Gomes – combatemos nas ruas e nas redes. Só não me lembro de uma figura de toda a esquerda protagonizando aquele momento histórico e traumático: Lula. Onde ele estava? Vamos responder as coisas com a cabeça e não com o coração.
Aliás, quem denunciou o Cunha de golpista e achacador do alto da tribuna da Câmara dos Deputados, naquels tempos sóbrios, foi o Sr. Cid Gomes, então ministro da Educação do governo Dilma.
E que foi demitido por Dilma no dia seguinte, como forma de agradecimento a lealdade e coragem de enfrentar golpista de cabeça erguida. Deu no que deu. A democracia brasileira foi rasgada ao meio, com liderança notória do PMDB de Sarney, Renan Calheiros, Eunício de Oliveira, Geddel Viera, Eduardo Cunha e claro, Michel Temer.
E onde estão os que destruíram a democracia e derrubaram a primeira mulher eleita presidenta do Brasil na história? Estão declarando apoio e promovendo jantares com lagosta na mesa para a candidatura de….Lula!
E o vice escolhido não precisa nem de explicação, basta saber um pouquinho de merenda e de como os professores apanham nesse país. Ora, nossa bandeira é a Educação ou é a picanha e a cerveja?
Portanto, nos poupem de discursos enfeitados sobre defesa de democracia. Estivemos nas ruas exigindo a deposição do genocida por dois anos, enfrentando pandemia, luta e desespero. E onde estava Lula??? Ele não estava. Pelo contrário: sua turma debochava de quem ia para a rua com ‘golpistas’, esvaziando os atos.
E agora se abraçam com golpistas para nos pedir voto em defesa da democracia? Francamente.
Eu andei nessa calçada por uma década da minha jovem vida. Enquanto essa turma que comanda o pagode se mantiver por lá, eu não piso nessa calçada mas nem amarrado.
Não esperem de nós militância e aplauso. Que fique claro de uma vez: para nós trabalhistas, Lula traiu os trabalhadores, a esquerda e o país como um todo. Não terão nosso voto em 1º turno em circunstância alguma.
Não podemos votar em parte do problema para tentar resolvê-lo. Seria ilógico.
O lulismo mente, ataca, distorce, debocha e tenta humilhar o trabalhismo nacional desde sua aproximação com Ciro Gomes, tendo como base a defesa de um Projeto Nacional de Desenvolvimento.
E agora querem nosso voto? Nem a pau, Juvenal. Nós vamos até o fim.
E por fim:
“E aí sim, a gente ter chance de fazer pressão pra, quem sabe, avançar naquilo que o Ciro tem de melhor, que é o Projeto Nacional de Desenvolvimento. E forçar que Lula comece a fazer o que o PT nunca fez enquanto esteve por mais de 12 anos no poder: taxar grandes fortunas, reindustrializar o Brasil, enfrentar o baronato rentista”.
O que essa turma – Gregório Duvivier, autor da fala acima desafiado por Ciro a uma debate, incluso – não entende é que o próprio pedido de voto de vocês é a reafirmação da nossa posição política cada vez mais irreversível: não há como apoiar um não-projeto que não enfrenta os problemas estruturais brasileiros e os troca por cargos, apoios e sabe-se lá mais o quê no Congresso Nacional.
Dizem que não podemos vencer. Que não há jeito e que o jeito é se render ao neoliberalismo e ao país paraíso dos banqueiros, rentistas e privilegiados.
Ora, não poderiam estar mais errados. Pois a derrota real e a nossa própria desistência. Lutaremos. Seguiremos. Nem um centímetro recuaremos.
E para quem desistiu de lutar por um Brasil justo e desenvolvido para todos os nossos irmãos e irmãs em nome de uma semi-religião liderada por um deus-homem, fica um pedido:
Ao menos respeitem aqueles e aquelas que ainda têm coragem de lutar.
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