Relação entre joias e venda de refinaria – A Comissão de Transparência e Fiscalização do Senado Federal vai investigar se há alguma relação entre a venda de uma refinaria da Petrobrás durante o governo Bolsonaro e os presentes dados pela Arábia Saudita para o ex-presidente e Michelle Bolsonaro, incluindo as joias de R$ 16 milhões retidas pela Receita Federal em 2021.
O anúncio da investigação foi feito pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão. Ele disse que na próxima semana fará uma reunião com os membros da comissão para definir os primeiros passos da apuração e pedirá informações para a Receita Federal e para a Polícia Federal.
A falta de explicação sobre por que a Arábia Saudita teria presenteado Bolsonaro e sua esposa com joias acendeu o alerta a respeito da venda da refinaria Landulpho Alves, na Bahia, para um fundo de investimentos da Arábia Saudita.
Conforme as denúncias feitas repetidas vezes por Ciro Gomes durante o processo eleitoral no ano passado, relembradas pelo Brasil Independente, a refinaria foi vendida por metade do valor que ela de fato valia.
“Você [Bolsonaro] vendeu a Landulpho Alves por metade do preço para um fundo obscuro dos Emirados Árabes. Se vendeu pela metade do preço, alguém ganhou e o povo brasileiro perdeu. Aí tem!”, disse Ciro ao ex-presidente durante debate eleitoral em 2022.
É essa diferença no preço que Aziz quer investigar e, além disso, verificar se há alguma relação entre o fundo dos Emirados Árabes e o governo saudita.
A suspeita de uma possível ligação entre os casos se dá também pelo fato de a Arábia Saudita ter dado os presentes para um assistente do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que comandava a pasta responsável pela Petrobrás, e pela proximidade das datas em que a venda da refinaria foi concluída e a entrega das joias.
“A forma como se deu o caso foi bastante estranha. Se fosse uma propina de 3 milhões de euros, seria muito difícil transportar num voo normal. Mas isso, transformado em diamante, que não perde nunca o valor… [Há] valor agregado ali”, afirmou Aziz ao UOL.
O senador contou ainda que já pediu à Petrobras documentos sobre a avaliação do preço de venda da Landulpho Alves. A própria estatal chegou a avaliar a refinaria agora chamada Marataipe em US$ em 3 bilhões, mas fechou negócio por US$ 1,6 bilhão.
O valor final pago foi de R$ 1,8 bilhão em função de correção monetária e das variações no capital de giro, dívida líquida e investimentos até o fechamento da transação.
“Qualquer violação aos interesses da União, relação com a tentativa de descaminho de joias, ou qualquer ato que tenha gerado vantagens a autoridades nessa venda, será levado à Justiça para punição dos envolvidos”, declarou o senador.
(Com informações de UOL)
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