Bolsonaro planejava golpe – O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo para dar um Golpe de Estado.
As declarações vieram a público na madrugada desta quinta-feira (02).
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A investida, segundo do Val, foi recusada e denunciada. O senador também afirmou que vai renunciar ao mandato.
A declaração do senador foi dada durante uma live nas redes sociais.
“Eu ficava puto quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é logico que eu denunciei”, afirmou.
Após a transmissão, Marcos do Val reforçou o que havia dito anteriormente. O parlamentar capixaba comunicou sua “saída definitivamente da política”.
“Perdi a convivência com a minha família em especial com minha filha. Não adianta ser transparente, honesto e lutar por um Brasil melhor, sem os ataques e as ofensas que seguem da mesma forma. Nos próximos dias, darei entrada no pedido de afastamento do senado e voltarei para a minha carreira nos EUA”, escreveu o senador.
“Desculpem, mas meu tempo, a minha saúde até a minha paciência já não estão mais em mim! Por mais que doa, o adeus é a melhor solução para acalmar o meu coração”, finalizou.
Reunião com Silveira
Em entrevista à revista Veja, o senador disse que o ex-deputado Daniel Silveira, preso nesta quinta, teria pedido para o senador gravar uma conversa com Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A gravação seria usada para anular o resultado das eleições.
O plano proposto por Silveira na presença de Bolsonaro previa captar um diálogo comprometedor com o magistrado que serviria para prendê-lo e impedir a posse de Lula (PT).
Marcos do Val afirma que o plano para anular as eleições foi revelado em uma reunião com Silveira e Bolsonaro no dia 9 de dezembro.
Na ocasião, Silveira apresentou a ideia de gravar Moraes, dizendo ao senador que ele seria um “herói nacional”.
O parlamentar relata que Bolsonaro teria dito na reunião que já havia acertado o suporte técnico à operação com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Seriam utilizadas escutas de operações especiais.
Golpe para “salvar o Brasil”
O então presidente da República disse a Do Val que a armadilha “iria salvar o Brasil”.
A escolha pelo de Marcos do Val se deu pela sua relação de mais de uma década com o ministro do STF e do TSE. O senador não respondeu prontamente e teria pedido para pensar sobre o pedido.
O senador conta que recebeu várias mensagens de Silveira insistindo para que ele aceitasse participar do plano. O agora ex-deputado garantiu a ausência de riscos na operação e falou que o conteúdo do áudio seria descartado se nada fosse extraído de Moraes.
Silveira ainda afirmou que que “pessoas muito importantes e relevantes” estavam envolvidas na operação e que todos depositavam em Do Val “uma esperança sem precedentes”, relata a revista Veja, que teve acesso às mensagens.
Reunião com Moraes
Três dias depois da reunião, em 12 de dezembro, Marcos do Val enviou uma mensagem a Moraes pedindo uma conversa presencial com o ministro. Escreveu que precisava falar com o magistrado sobre uma conversa que teve com Bolsonaro e Garcia.
De acordo com a revista Veja, o senador afirmou na mensagem que os dois haviam lhe convidado para “uma ação esdrúxula, imoral e até criminal”.
O encontro com o ministro ocorreu após dois dias. Nele, o senador contou detalhes sobre a “missão” que recebeu do presidente. “Não acredito”, reagiu Moraes.
Em seguida, o senador comunicou a Silveira que iria declinar da operação. O ex-deputado respondeu de forma sucinta: “Entendo, obrigado”.
Na madrugada desta quinta, Do Val falou pela primeira vez sobre a tentativa de ser coagido para dar um golpe de estado. O senador também anunciou que vai renunciar ao mandato.
(Com informações de O Globo)
(Foto: Montagem/Reprodução)