Ato pela cassação de vereador em SP – Um dos fundadores do Soweto e criador do movimento Pagode Consciente, o cantor e compositor Claudinho de Oliveira (PDT) está organizando um ato em São Paulo pedindo a cassação do mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante).
Neste mês, o parlamentar usou uma expressão racista na Câmara Municipal da capital paulistana. Durante sessão da CPI dos Aplicativos, foi possível ouvir conversa em que Cristófaro, que participava virtualmente do encontro, diz:
“Não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?”.
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A manifestação está marcada para esta quinta-feira (19) às 10h, em frente à Câmara Municipal de São Paulo.
O ato também está sendo apoiado por outros grupos como o Sindicato de Músicos do Estado de SP e o Movimento Cultural Darcy Ribeiro.
Os organizadores alugaram um carro de som e conseguiram autorização para fechar a rua.
A Câmara já articula a cassação de Cristófaro, que tem nove denúncias sendo investigadas desde 2018 pela Corregedoria da Casa.
A expectativa é de que a admissibilidade do pedido de cassação seja levada a plenário no dia 19.
Leia a nota oficial divulgada pelos organizadores do ato:
“SÃO PAULO, ATÉ QUANDO?
Em uma cidade em que aproximadamente 37% da população se autodeclara negra, em que apenas 2% dos negros formalmente empregados ganham mais de dez salários mínimos, em que bairros com maioria esmagadora de pretos registram cinco vezes mais mortes por covid-19, em que a letalidade policial contribui enormemente para que a cada quatro horas um preto seja morto no estado de São Paulo, fica evidente que a ausência de políticas públicas garantidoras de direitos, em quaisquer esferas de governo, reflete no extermínio sistemático de vidas negras e de oportunidades. Empenhar-se para planejar, criar e aprovar projetos de lei que contemplem a rica diversidade do povo paulistano e o desenvolvimento do município, deveria ser o propósito fundamental para o vereador Camilo Cristófaro.
Mas ao invés disso, e ao arrepio da Constituição Federal, da Lei Orgânica do Município de São Paulo e do Regimento Interno da Câmara Municipal de São Paulo, o parlamentar prefere se utilizar do mandato legislativo para expressar fala racista em CPI dos Aplicativos: “é coisa de preto”, ele disse, recolocando o padrão supremacista no qual corpos negros são meros alvos preferenciais de uma mentalidade colonialista que rejeita a superação simbólica da velha ordem escravista para fazer valer suas crendices em certos determinismos de “raça”. Quer coisa mais obsoleta? Isso “é coisa de racista”, isso sim! E em nada coaduna com o decoro e a decência de um legítimo representante do povo, na Casa do Povo, em pleno século XXI.
Dia 19 de maio iremos para as ruas, formaremos fileiras em frente ao Palácio Anchieta e daremos a nossa resposta a essa ofensa criminosa à comunidade negra, mostraremos ao parlamentar o que “é coisa de preto”, do samba à capoeira, do rap ao funk, da poesia à palavra cantada, da umbanda ao candomblé, nossa histórica luta política e social , nossa força e resistência! Seremos todos e todas malungos!!! Junte-se, esta luta é de todas as cores e de toda a cultura!
Estamos cansados de pedidos de desculpas vazios!
Neste primeiro ato, exigiremos da Câmara Municipal de São Paulo a cassação do mandato do vereador Camilo Cristófaro por racismo.
E num segundo ato, fortaleceremos para que o vereador Camilo Cristófaro saiba que também “é coisa de preto” a Lei 7.716/1989, que define os crimes em razão de preconceito e discriminação de “raça” e de cor, de iniciativa de Carlos Alberto Caó de Oliveira, preto e constituinte.
REALIZAÇÃO/ORGANIZAÇÃO:
Pagode Consciente
Sindicato dos Músicos de São Paulo (Sindmussp)
Instituto Braços Dados”
(Com informações de Folha de S. Paulo)
Foto: Divulgação