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Opinião: “Tarcísio debocha do eleitor paulista na venda da Sabesp”

Venda da Sabesp – É impressionante como certas coisas não mudam no Brasil, até por quem jura que “chega para mudar” as tais “coisas”. O governador bolsonarista de São Paulo precisa entregar a maior empresa de saneamento do mundo para o capital privado a todo custo. Depois de concluído, claro, os paulistas que se explodam se a tarifa subir – e vai -, se o serviço cair de qualidade – e vai -, se cidades inteiras ficarem sem abastecimento de água – e vão. Me cobrem.

No Rio de Janeiro foi a mesma coisa. O mesmo discurso. As mesmas mentiras. A mesma ladainha. O resultado é o esperado: serviço pior, tarifa mais alta e com direito a água podre saindo das pias dos cariocas e fluminense por meses a fio. Só esqueceu quem não teve que passar quase um ano – ou para sempre – comprando água mineral para LAVAR LOUÇA.

O entreguismo neoliberal, no Brasil, não vem só pela direita, é importante apontar. Para ser justo, o país está entregue aos bancos, rentistas e especuladores desde governo municipais, passando por governo estaduais e chegando em Brasília. Mas isso é assunto para outro texto. Hoje, o foco aqui é mostrar como o governador carioca de São Paulo, imagino, deve achar que o eleitor paulista é idiota. Só pode. Tudo bem que ele conta com o apoio descarado da Grande Mídia em sua sanha privatista, visto que os patrocinadores de ambos são os mesmos, mas o descaramento, amigos, é muito grande.

Vejamos alguns fatos, juntos. Durante a eleição…aliás, permitam-me um adendo: eleição que já estava vencida antes de terminar, visto que a “esquerda” lançou o maior fracasso eleitoral da história do PT para disputar o governo. O candidato, de tão neoliberal, virou interlocutor dos interesses do capital privado – nacional e internacional – no ministério da Fazenda do governo eleito com o meu voto, aliás, visto que nada pode ser pior do que o bolsonarismo, também entreguista, mas ainda politicamente débil mental e desumano. Voltemos à eleição de 2022.

Tarcísio, ao ver que a opinião pública paulista era em maioria CONTRA a privatização da Sabesp, jurou, ao longo da disputa, que defendia apenas um “estudo” sobre a entrega da estatal. Horas após ser eleito, riu da cara do paulista pela primeira vez e disse que iria privatizar a empresa, doa a quem doesse. E começou a fazer andar o projeto – tudo, claro, sob aplausos da imprensa que assessora os interesses do capital e regado a milhões em emendas para deputados de SP – que vale frisar, é “corrupção” quando ocorre em Brasília, mas aqui, virou “articulação” elogiável, usando o termo utilizado por um grande jornal destas terras.

Quando trabalhadores fizeram greve contra a privatização, o cabra ameaçou os próprios trabalhadores e, como bom governante brasileiro, “cagou e andou” para a opinião pública, garantindo a venda. Em abril, é importante dizer, a imprensa teve que publicar – a contragosto, claro – que a Datafolha mostrava que 53% dos paulistas são CONTRA a venda da estatal. Mas de que importa a opinião do cidadão, né? Cidadão opina na urna e depois cala a boca, assim entende a nossa débil democracia.

Mas para emplacar a privatização, o governador carioca de São Paulo começou a empreender outra “caô”, diríamos nós se estivéssemos na praia de Copacabana. A razão para privatizar, jurava Tarcísio, era que assim seria possível reduzir, repito, reduzir a tarifa.

“O que estamos criando é inovador no mercado de saneamento: um fundo com recursos do próprio Estado, seja por meio da venda de parte das ações do Governo de São Paulo na Sabesp ou pela participação nos lucros da empresa para REDUZIR TARIFA à população. Queremos levar saneamento de qualidade para todos, mais rápido, melhor e mais barato”, destacou o governador em outubro, em texto sobre as mudanças na Sabesp, na página oficial do governo do estado.

Essa não foi a única vez que se repetiu o mantra da redução da tarifa para os paulistas. Secretários e agentes do governo repetiram a duplinha “reduzir tarifa” aos quatro cantos da imprensa e do estado. ‘Vai ser ótimo, vai reduzir a tarifa, melhorar o serviço e todo mundo vai ser feliz’, juravam os loroteiros.

Eis que menos de uma semana após aprovar na Alesp a privatização da Sabesp – em sessão marcada por pancadaria e repressão da PM contra manifestantes -, o governador mudou (jura?) o discurso – mais uma vez – e agora diz que a tarifa irá subir após a privatização.

“A tarifa vai subir, mas a privatização garante que ela vai subir num valor menor”, disse Tarcísio, sem nem corar, durante evento da XP para banqueiros e rentistas, aquela turma citada no início do texto, realizado nesta segunda-feira (11).

Tudo, claro, sustentado por editoriais em grandes jornais, que não tiveram o menor pudor em distorcer a realidade para atender os interesses de todo mundo, menos os do eleitor e cidadão paulista.

A pergunta que fica é: até quando vai colar?

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Este texto é opinativo e não reflete, necessariamente, a opinião do site Brasil Independente

(Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo)

Por Thiago Manga

Thiago Manga é carioca, jornalista, assessor, já atuou em campanhas eleitorais. Atualmente é Diretor de Redação do Brasil Independente.

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