Vacina da dengue do Butantan – O Globo – A vacina da dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID) induziu a geração de anticorpos em mais de 90% dos voluntários que não haviam tido contato prévio com a doença.
Os dados são referentes à fase 1 dos testes clínicos e foram recém-publicados na revista científica Human Vaccines & Immunotherapeutics.
O novo imunizante, contra os quatro subtipos do vírus e de apenas uma dose, está em desenvolvimento há mais de dez anos.
Atualmente, a vacina disponível contra a doença (Dengvaxia) é indicada somente àqueles entre 9 e 45 anos que já foram infectados pelo vírus.
Isso porque, como a doença tem quatro subtipos, a reinfecção é possível e, quando acontece, costuma ser mais grave. Além disso, é ofertada apenas em serviços particulares e aplicada em um esquema de três doses.
“Por isso é muito importante que uma vacina contra a dengue proteja contra os quatro tipos do vírus ao mesmo tempo, para conferir proteção permanente”, disse o diretor de Alianças Científicas Internacionais do Butantan, Alexander Precioso, em comunicado.
O novo modelo, desenvolvido pelo Butantan, poderá ser incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), é feito com apenas uma aplicação e será destinado também a pessoas que nunca foram contaminadas pela doença.
Os resultados recém-publicados corroboram dados anteriores divulgados sobre a imunogenicidade da vacina, que está atualmente na fase 3 dos ensaios clínicos nos Estados Unidos.
As conclusões da fase 2, publicadas na revista The Lancet Infectious Diseases, mostraram que o imunizante induziu soroconversão em mais de 70% dos indivíduos contra os quatro subtipos do vírus com apenas uma dose.
Os dados também atestaram que a vacina é segura e sem efeitos adversos graves. No novo estudo, a imunogenicidade foi analisada durante o período de um ano por meio de testes de neutralização do vírus.
O Instituto Butantan desenvolve o novo imunizante contra a dengue desde 2009 junto com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos.
A pesquisa avançou para os testes de fase 3, últimos dos estudos clínicos, em 2016, com cerca de 17 mil voluntários. A expectativa é que os resultados finais sejam publicados até 2024.
A plataforma vacinal utilizada é a de vírus atenuados, uma tecnologia amplamente utilizada na produção de imunizantes.
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