Dirigentes do Cidadania trocam ofensas – O Cidadania se tornou palco de um racha interno que se tornou público no último sábado (19). Numa reunião da Comissão Executiva Nacional da sigla, o comando do ex-deputado federal Roberto Freire, de 81 anos, foi questionado, já que é visto por parte dos caciques como uma pessoa “explosiva” e com dificuldade para lidar com opiniões divergentes.
Em videoconferência realizada no sábado, Freire perdeu a paciência com dirigentes como Regis Cavalcanti (secretário-geral) e Nonato Bandeira (dirigente da sigla na Paraíba). A reunião virtual foi gravada pelo Zoom e acabou vazando nas redes sociais.
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RACHA E OFENSAS
O Cidadania protagonizou um racha interno com direito a gritos e ofensas no último sábado (19).
Numa reunião da Comissão Executiva Nacional, foi questionado o comando do ex-deputado federal Roberto Freire, de 81 anos, dando início a uma discussão acalorada. pic.twitter.com/qGFahH6D9k
— BRI – Brasil Independente 📰🇧🇷 (@obrindependente) August 21, 2023
A desavença se deu porque a maioria do comando do Cidadania decidiu que o partido deveria integrar a base de apoio ao governo Lula (PT) no Congresso Nacional. A deliberação irritou Roberto Freire, contrário à adesão e que defendia que a sigla ampliasse a federação PSDB-Cidadania, com uma aliança com os partidos ao Podemos e ao MDB, opção rejeitada pela maioria.
No início da reunião, o presidente do Cidadania chegou a mandar o secretário-geral do partido, Regis Cavalcanti, se calar. “Você não está dirigindo a reunião. Eu estou abrindo essa discussão. […] Portanto, cale-se. Espere os outros falarem”, disparou Roberto Freire. Cavalcanti então foi ofendido pelo vice-presidente do partido, Daniel Coelho, que lhe chamou de “picareta e cínico”. O secretário devolveu a ofensa, chamando-o de “cachorro”.
O presidente da sigla, em outro momento do encontro, discutiu com Nonato Bandeira, que chegou a dizer que Roberto Freire havia conseguido “destruir um dos maiores partidos do Brasil”.
“Não transfira as suas responsabilidades. E não tente bater boca com todo mundo. Ninguém aguenta você provocar, um por um, todo mundo que tem o mínimo de discordância com você. Tenha postura de presidente. Você perdeu a compostura e não tem condições de liderar”, afirmou Bandeira.
Depois das brigas, o Diretório do partido decidiu realizar um congresso para eleger novos líderes do Cidadania e por conta de uma mudança no estatuto do partido, Roberto Freire não pode se reeleger. Na eleição de 2022, o Cidadania elegeu na Federação com o PSDB apenas 18 deputados – só 5 são, de fato, filiados à legenda.
“Ex-partidão”
O Cidadania é um braço do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 1922. Conhecido como “partidão”, o PCB abrigou várias correntes de comunistas ao longo de sua história.
Em 1992, uma ala do partido criou o Partido Popular Socialista (PPS), que em 2019, virou o atual Cidadania. O antigo PCB segue existindo com apoio de antigos militantes, mas com menor destaque do que o grupo hoje no Cidadania.
Em conversa com o site Poder360, Roberto Freire disse que a atual direção do Cidadania “não tem condições de continuar” e defendeu a realização de um congresso para novas eleições.
“Defendo minha saída, não posso ser mais presidente. Eu apoio novas eleições. O congresso muda o que quiser ou mantém o que desejar. É mais democrático. […] Não é disputa de cargo, mas que encontremos uma saída para superar a crise e não fazer o apoio incondicional ao governo”, disse.
“Defendo que o partido apoie o governo no que atender ao programa do partido e do país. No que não é, que seja oposição”, acrescentou Freire.
(Com informações de Poder360)
(Foto: Reprodução)