Ainda não anunciada oficialmente pelo vencedor das eleições presidenciais deste ano, Luiz Inácio Lula da Silva, a composição do time de ministros do futuro governo já tem alguns nomes certos. Com muitos nomes de peso já cotados, o primeiro nome a ser anunciado será o do atual governador do Piauí e senador eleito este ano, Wellington Dias, que garantiu a Lula nada menos do que 76,86% dos votos válidos em seu estado.

O Piauí foi o estado em que Lula foi melhor votado proporcionalmente e tem 8 entre as 10 cidades em que o petista foi melhor votado proporcionalmente.

QUEM É WELLINGTON DIAS

Quadro histórico do Partido dos Trabalhadores no Piauí, Wellington Dias foi o primeiro deputado federal eleito pelo partido no estado. Nascido em berço de políticos, Wellington Dias é filho do ex-prefeito da pequena cidade de Paes Landim pelo ARENA em 72, Joaquim Antônio Neto. Sua mãe também foi vice-prefeita na mesma cidade pelo PFL, em 88.

Militante desde jovem, Wellington começou sua militância nas CEBs (Comunidades Eclesiásticas de Base) e no movimento sindical como bancário.

É eleito vereador por Teresina em 92 e logo depois deputado estadual, em 94, quando se torna o primeiro presidente da Comissão de Direitos Humanos do legislativo no estado. Como estadual, assume o controle do PT na região. Em 98, dois anos após perder disputa pela vice prefeitura da capital Teresina, se torna o primeiro deputado federal do partido no estado.

Foto: g1

TRAJETÓRIA COMO DEPUTADO FEDERAL

Com atuação destacada no Congresso em seu primeiro mandato, preside a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e é titular da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO). Em 2000 tenta novamente, agora na cabeça, a prefeitura de Teresina, mas é derrotado no primeiro turno por Firmino da Silveira Soares Filho, chefe do PSDB no estado.

GOVERNO DO PIAUÍ (2003-2010)

Após duas derrotas consecutivas para o Executivo da capital Teresina, Wellington Dias angaria importante apoio do ex-governador Mão Santa (então no PMDB), e é eleito governador do Piauí em 2002, ano em que Lula é eleito presidente pela primeira vez. Na disputa, Wellington Dias venceu Hugo Napoleão, candidato a reeleição ao governo e também ex-ministro da Educação e da Cultura de José Sarney e das Comunicações de Itamar Franco. Seu aliado, Mão Santa, entra para o Senado na disputa. Na reeleição, Wellington Dias e Mão Santa racham e o petista vence seu antigo aliado na disputa pelo governo.

SENADOR 

Ao término de seu segundo mandato como governador, Dias se candidata ao Senado e se reelege junto com o atual ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira, também de seu estado. À época, ambos fizeram parte da base do governo Dilma. Já em 2014, Wellington se candidata novamente para o governo do Piauí e vence sua eleição e reeleição já no primeiro turno.

Impossibilitado de disputar o governo do Piauí novamente, volta ao Senado este ano eleito numa disputa acirrada com 51,34% dos votos contra 47,6% de seu adversário Joel Rodrigues, do Progressistas. Wellington Dias conseguiu fazer seu sucessor para o governo e elegeu seu Secretário da Fazenda, Rafael Fonteles, com 56,86% dos votos no estado.

A CASA CIVIL

Comandada atualmente pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), a pasta tem função chave no planejamento e execução das ações do governo como um todo. Pasta chave para todo e qualquer governo, a Casa Civil é responsável direta pelo como o governo integra os Ministérios entre si (Executivo) e o Congresso (Legislativo). Por isso, geralmente é chefiada por nomes de confiança e com experiência na articulação dos bastidores.

Não por acaso, muitas vezes os comandantes da Casa Civil acabam se tornando candidatos importantes dos respectivos governos, como foi o caso dos ministros de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, candidato derrotado de Bolsonaro ao governo do Rio Grande do Sul, Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente com Bolsonaro. A pasta também foi chefiada pelo general Luiz Eduardo Ramos e hoje está nas mãos do senador Ciro Nogueira.

Com Lula, a pasta foi chefiada pelo então deputado federal José Dirceu (2003-2005), a ex-presidente Dilma Rousseff (2005-2010), Erenice Guerra (2010 por quatro meses) e Carlos Eduardo Esteves Lima (interino de setembro de 2010 ao fim do governo Lula).

Dias assume a Casa Civil depois da eleição mais polarizada da história e terá o desafio de compor e pacificar um grande arco de alianças nos ministérios do próximo governo.