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Trabalho escravo no RS – Uma operação realizada neste fim de semana resgatou 82 trabalhadores – incluindo 11 adolescentes – em condições análogas à escravidão em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
Auditores-fiscais do trabalho atuaram em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho (MPT).
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O resgate foi feito em lavouras de arroz e é o segundo maior da história do estado, atrás apenas do recorde registrado em fevereiro, quando 207 trabalhadores foram descobertos em situações degradantes em vinhedos de três vinícolas da região.
A operação foi realizada em duas propriedades rurais do município após uma denúncia informar que havia jovens trabalhando sem carteira assinada. Ao chegar ao local, a fiscalização constatou a situação e identificou adultos também em condição de escravidão.
Os proprietários da estância São Joaquim afirmam que a propriedade está arrendada para uma pessoa que faz o plantio do arroz no local e que não sabiam das suspeitas de exploração de mão de obra.
As autoridades investigam quem são os empregadores desses 82 trabalhadores, já que os responsáveis pelas lavouras teriam contratado uma empresa para semear e cultivar o arroz, que por sua vez contratou o agenciador que fornecia a mão de obra.
De acordo com o auditor-fiscal do trabalho Vitor Siqueira Ferreira, o agenciador é um homem de 56 anos, natural de Uruguaiana, que chegou a ser preso, mas foi liberado após pagar fiança. Ele não tinha uma empresa para fazer o recrutamento, realizando a atividade de modo “informal e precário”.
Comida azeda e sem água
Os trabalhadores eram provenientes de Itaqui, São Borja, Alegrete e Uruguaiana. Eles realizavam o corte manual do arroz e a aplicação de agrotóxicos na plantação sem equipamentos de proteção, caminhando longas distâncias até o local de trabalho sob sol escaldante.
Além disso, a refeição e as ferramentas de trabalho eram custeadas pelos próprios empregados, e não nem sequer o fornecimento de água, segundo o auditor.
“A comida deles azedava e eles tinham que repartir o que não azedava entre eles. Sem local de descanso, muitas vezes tinham que dormir embaixo do ônibus, que era onde tinha sombra”, contou.
Se alguém adoecesse, o dia de trabalho era descontado do pagamento. Sem equipamento de proteção apropriado, um dos adolescentes sofreu um acidente com um facão e perdeu os movimentos em dois dedos do pé.
“Era um trabalho penoso, ficavam no sol, sem alimentação, sem água potável, muitas vezes tinham que andar mais de 50 minutos, muitos andavam descalços”, disse o procurador Hermano Martins Domingues.
O Ministério Público do Trabalho informou que os trabalhadores vão receber imediatamente três parcelas de seguro-desemprego, e os empregadores serão notificados para assinar suas carteiras de trabalho e pagar as verbas rescisórias.
Posteriormente, serão pleiteados também os pagamentos de indenizações individuais e coletivas.
A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) disse em nota que “estará acompanhando as apurações decorrentes do caso concreto, de modo a colaborar com seus devidos esclarecimentos”.
(com informações de G1)
(Foto: Divulgação)