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Ala do PT é contra apoio a Boulos – Uma ala do PT está disposta a procurar o presidente Lula (PT) para pedir a ele que reveja a decisão de não lançar candidato próprio do partido à Prefeitura de São Paulo, em 2024.
O presidente já mandou avisar ao grupo de que o acordo para o PT apoiar o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) será cumprido, mas petistas pretendem insistir e há quem diga até mesmo que é “burrice” abrir mão de uma candidatura na maior cidade do país.
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“A aliança com o PSOL é burra. É jogo de perde-perde”, dispara o deputado federal Jilmar Tatto (SP), secretário de Comunicação do PT, ao jornal Estadão.
“A gente perde bancada porque a aliança fica estreita, não ganha a eleição na capital e perde, mais uma vez, porque o PSOL não está votando com o nosso governo”, afirmou.
O parlamentar lembra que os 13 deputados do PSOL na Câmara votaram contra o projeto do novo arcabouço fiscal e afirmou que a dobradinha com Boulos também pode causar “estresse” com partidos de centro que são aliados do governo Lula.
“Eu acho que, se essa aliança com o PSOL continuar, o presidente nem vai poder fazer campanha na cidade de São Paulo porque o MDB e o PSD vão chiar demais”, alerta o secretário de Comunicação do PT.
“Qual é a explicação para esses partidos apoiarem o Lula e ele ir lá e subir no palanque de um candidato que vota contra o governo dele?”
O atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, é do MDB e vai disputar novo mandato com aval do PSD de Gilberto Kassab, secretário estadual de Governo.
Os dois partidos integram a base aliada de Lula e cada um comanda três ministérios.
Movimento
De olho em Nunes, o PL – partido do ex-presidente Jair Bolsonaro – tem feito incursões políticas na capital paulista. Mas para apoiar o prefeito na busca pela reeleição, a sigla quer que ele deixe o MDB, migre para as fileiras liberais e mostre ser competitivo para atrair o centro e enfrentar a esquerda.
O movimento do PL na direção do MDB fez o deputado Ricardo Salles (PL-SP) desistir do plano de concorrer à Prefeitura.
Salles queria ser o candidato do bolsonarismo, mas foi preterido. Saiu atirando. “O Centrão venceu”, afirmou.
Valdemar vê Salles como um postulante de extrema direita, espectro político que, no diagnóstico da cúpula do PL, não ganha a eleição em São Paulo.
“Mas Bolsonaro não vai apoiar alguém que não seja do nosso partido”, disse o presidente do PL ao Estadão.
Se o acordo com Nunes não der certo, o PL pode lançar o senador Marcos Pontes (SP), mais conhecido como “astronauta”.
“É um doce de pessoa e não é de extrema direita”, afirmou Valdemar.
Agora, a ala do PT que defende candidatura própria na capital paulista alega que as novas articulações no campo bolsonarista exigem da esquerda uma estratégia mais sólida sobre como dialogar com parte do centro político.
Na eleição municipal de 2020, Jilmar disputou a Prefeitura com o próprio Boulos, mas não chegou ao segundo turno, disputado entre Bruno Covas (PDSB) e o psolista, que acabou derrotado.
Desidratação
O PT vem perdendo prefeituras em ritmo acelerado nos últimos anos. Conquistou 637 em 2012, passou para 254 em 2016 e chegou a 183 em 2020.
Boulos retirou a pré-candidatura ao governo do estado de São Paulo nas eleições de 2022 para aderir à campanha de Fernando Haddad, hoje ministro da Fazenda. Em troca, Lula, Haddad e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, selaram acordo para apoiá-lo na corrida pela Prefeitura, em 2024.
Gleisi tem dito que o acerto feito para a eleição de 2024 continua de pé.
“Acordo é para ser cumprido”, responde, sempre que questionada sobre o assunto.
“O presidente Lula firmou seu compromisso com minha candidatura. Gleisi e Haddad também”, disse Boulos, em recente entrevista ao Estadão.
O grupo que prega candidatura própria no PT tem uma lista de nomes, mas nenhum deles aparece à frente de Boulos, líder do PSOL na Câmara.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) defendeu a posição de seu partido na votação do arcabouço fiscal e disse ver petistas “prisioneiros do narcisismo”, procurando as mais “insólitas desculpas” para romper o acordo.
“O PSOL nunca fez ‘toma lá, dá cá‘ nem vai cercear suas avaliações sobre as propostas do governo em troca de nada”, disse Alencar, que já foi filiado ao PT.
“Aliás, havia número expressivo de parlamentares do PT bastante incomodados com o projeto de arcabouço fiscal.”
Alencar lembra que o PSOL ficou ao lado do Palácio do Planalto na maioria das votações realizadas até hoje.
“Nós nos diferenciamos muito da oposição de direita, muitas vezes mais do que o próprio PT”, afirmou.
(Com informações de Estadão)
(Foto: Montagem/Reprodução)