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Aliciador atraía vítimas para serem mortas por policiais – O grupo de mais de 60 policiais militares investigado por 24 mortes em simulações de confrontos contava com a ajuda de uma pessoa que recebia vantagens financeiras para atrair suspeitos para a execução, segundo a investigação do Ministério Público Estadual (MPE) e Polícia Civil. Ao todo, 63 policiais foram presos na Operação Simulacrum, deflagrada nessa quinta-feira (31).
Os supostos confrontos entre a PM e criminosos ocorreram durante três anos.
Na decisão que mandou prender os policiais, consta trecho do depoimento da testemunha que diz que as vitimas eram pessoas com diversas passagens ou sem passagem pela polícia e que eram atraídas para emboscada.
“Os supostos assaltos eram armados em conjunto com policiais militares, visando atrair pessoas com passagens criminais ou não, para serem executadas sumariamente”, diz.
Essa testemunha diz que foi usada para atrair os criminosos porque transitava bem entre eles e que a parceria começou a mudar, porque, ao invés de prender os criminosos, passaram a promover matanças.
Entretanto, em dado momento, a finalidade dessa parceria começou a mudar, pois em vez de prender criminosos ele e os policiais militares passaram a focar na matança de supostos bandidos, como forma de promover o nome e o Batalhão dos PMs envolvidos.
A testemunha citou confrontos que teriam sido armados para promover os batalhões da Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam), Batalhão de Operações Especiais (Bope), Força Tática e o 1º Comando Regional.
Confronto do Bope resultou na morte de seis pessoas, em julho de 2020 — Foto: Polícia Militar
Confronto do Bope resultou na morte de seis pessoas, em julho de 2020 — Foto: Polícia Militar
Um deles foi no bairro Itamarati, em Cuiabá, em julho de 2020. O Bope teria trocado tiros com dois carros de suspeitos que iriam praticar um assalto na região. Seis homens morreram. Dois tinham passagem por roubo e tráfico.
Com os supostos crimininosos estavam ainda o soldado da Polícia Militar Oacy da Silva Taques e Leonardo Vinícius Pereira de Moraes, que era filho de um sargento da PM.
A testemunha informou à força-tarefa policial que a ordem era levar as vítimas até o ponto da execução e quando chegasse era para sair sem olhar para trás. Revelou que na estrada de chão não havia nenhuma viatura do Bope e a orientação dos superiores era de que no instante em que chegasse naquele ponto era para acelerar e não olhar para trás.
Os sete primeiros PMs presos ontem durante a operação já passaram por audiência de custódia e tiveram as prisões mantidas.
Por causa do número de policiais presos, a previsão é de que as audiências se estendam até a próxima segunda -feira (4).
Fonte: G1
Foto: Polícia Militar
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