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Exercícios dos EUA na Amazônia – Recentemente, o novo chefe do Comando Militar do Norte (CMN) anunciou exercícios militares na Amazônia em conjunto com os Estados Unidos (EUA), gerando críticas de diversos setores da sociedade brasileira.
Em entrevista ao site Sputnik Brasil, o analista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, comandante Robinson Farinazzo, opina que as relações militares atuais entre Brasil e EUA não são favoráveis, e defende que o país deveria exigir contrapartidas de seu vizinho norte-americano.
“O Brasil deve exigir contrapartidas porque os EUA têm poucas oportunidades para se adestrar em ambiente de selva como o nosso. As relações bilaterais militares precisam ter o mínimo de reciprocidade.”, pontua Farinazzo.
O novo comandante militar do norte do país parece querer priorizar a realização de exercícios militares com os EUA na região amazônica, motivo de polêmica entre especialistas do setor de defesa.
Em seu discurso de posse, em Belém (PA), no último dia 24, o general Luciano Guilherme Cabral Pinheiro afirmou que um dos principais projetos da nova gestão será a Operação CORE 23, realizada justamente em conjunto com o Exército dos Estados Unidos, informa o portal Toca News.
“Essa operação é uma das que vão ocorrer. Será o coroamento do nosso ano de instrução. É a primeira vez que será realizado na região amazônica”, declarou o general.
Contrapartida
Ao assumir o CMN, Cabral Pinheiro passa a comandar as tropas do Exército nos estados do Amapá, Maranhão, Pará e parte do Tocantins. Uma área que corresponde a 20% do território brasileiro.
Especialista militar e fundador do canal Arte da Guerra – que conta com quase 500 mil inscritos no Youtube – o comandante Robinson Farinazzo opina que o Brasil deveria exigir contrapartidas efetivas dos EUA para garantir o treinamento de militares americanos na selva amazônica.
“As autoridades brasileiras deveriam explicar por que o país permite que os EUA realizem exercícios no nosso território sem pedir nada em troca”, questiona.
O especialista militar vai além e questiona o comportamento do vizinho do norte em território brasileiro.
“Tivemos recentemente voos de espionagem realizados pelos EUA com aeronaves Boeing WC-135R […] sobrevoando o nosso litoral por duas vezes. Que aliado militar é esse que nos espiona?”, disparou.
Este tipo de postura – que pode ser classificado como hostil – deveria ter gerado “no mínimo uma nota de protesto por parte do Itamaraty”, defende o comandante.
Soberania Nacional
Recentemente, o potencial candidato à presidência pelo Partido Republicano dos EUA, senador Ted Cruz, ameaçou a imposição de sanções econômicas contra o Brasil por ter dado autorização a um navio iraniano para atracar no porto do Rio de Janeiro.
“Precisamos também ficar atentos ao artigo publicado pelo ex-comandante militar da OTAN, almirante James Stavridis, que descreveu o Brasil como uma ameaça à segurança climática dos EUA”, alerta Farinazzo.
O comandante afirma que a omissão do Itamaraty perante este tipo de declarações “relativizam a soberania nacional”.
“Não temos um relacionamento de igualdade [com os EUA]. Temos ameaças chegando de lá. Vamos fazer exercícios militares com um país que tem atitudes hostis como essa contra nós?”, pondera.
Segundo Farinazzo, as relações militares entre Brasil e EUA poderiam ser equilibradas, e o país deveria exigir contrapartidas materiais do país da América do Norte.
“Os EUA não compram equipamentos militares brasileiros, como os aviões Super Tucano da Embraer. Poderíamos também solicitar a transferência de tecnologias militares, como a transferência de tecnologia do submarino nuclear à Austrália.”, sugere.
Outra contrapartida possível seria a compra de sistemas de foguetes Astros, produzidos pela empresa brasileira do setor de defesa Avibrás – que enfrenta uma crise econômica e está na mira de grupos estrangeiros, que tentam abocanhar a gigante brasileira.
“Precisamos abandonar a política do espelhinho. Temos que pedir contrapartidas, como diversos países fazem. Isso faz parte das relações entre os países e o Brasil precisa de muitas coisas na área militar”, conclui.
(Com informações de Sputnik Brasil)
(Foto: Montagem/Reprodução)