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Atentado a bomba no Paquistão – Nesta segunda-feira (31), a polícia do Paquistão anunciou que subiu para 54 o número de mortos em decorrência de um atentado a bomba em um comício político no noroeste do país, ocorrido neste domingo (30).
Autoridades informaram o número de vítimas pode crescer ainda mais, já que dezenas de pessoas continuam internadas em estado grave.
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Assista o momento da explosão clicando aqui.
A explosão ocorreu quando centenas de pessoas que acompanhavam discursos de integrantes do partido Jamiat Ulema-e-Islam (JUI-F), acusado de possuir elos com o islamismo radical.
Nenhum grupo assumiu a autoria da ação, que provocou pânico e aumentou os temores de novos episódios de violência antes das eleições gerais no país, previstas para novembro.
Em comunicado, uma ala da polícia do Paquistão disse suspeitar que o Estado Islâmico (EI) esteja por trás do caso, mencionando que um braço local da organização extremista realizou atos terroristas recentes contra o JUI-F.
No ano passado, o EI afirmou estar por trás de ataques contra estudiosos religiosos filiados à sigla, que possui uma rede de mesquitas no norte e no oeste do país.
Shaukat Abbas, vice-inspetor-geral da polícia, disse que ao menos 12 dos mortos eram crianças. O ataque também matou Maulana Ziaullah, líder regional do JUI-F. No total, mais de 130 pessoas ficaram feridas.
Testemunhas descreveram cenas de horror e pânico após a explosão.
“Vi mortos e feridos ao meu redor. Foi uma situação muito ruim. Foi como o dia do juízo final. Logo após a explosão houve caos, com pessoas correndo por todos os lados”, disse à rede britânica BBC Imran Mahir, um dos organizadores do comício.
Mahir estava sentado no palco no momento da explosão. “Não sei como consegui escapar”.
Ataque à democracia
Autoridades disseram que mais de 500 pessoas acompanhavam o comício no momento do atentado.
Atual premiê paquistanês, Shehbaz Sharif condenou a explosão, classificando-a de ataque ao processo democrático, prometendo investigações ágeis. A embaixada dos Estados Unidos em Islamabad e o ex-primeiro-ministro do Paquistão Imran Khan também repudiaram a ação.
Sob forte comoção, milhares de pessoas acompanharam o enterro de algumas das vítimas na região de Bajur, nesta segunda. Nos hospitais lotados, dezenas de feridos continuavam recebendo atendimento nos corredores —as autoridades declararam emergência de saúde no distrito.
As motivações do ataque permanecem incertas. O JUI-F é liderado pelo clérigo linha-dura e político Fazlur Rehman, que não estava no comício.. Apoiador do regime talibã no Afeganistão, ele já foi alvo de ataques anteriormente, em 2011 e 2014.
Espécie de célula afegã do Estado Islâmico, o Estado Islâmico-Khorasan, ou Isis-K, acusa os extremistas do Talibã de não instituir o que considera uma interpretação estrita dos princípios islâmicos.
Cessar-fogo rompido
O Paquistão tem observado a volta de ataques de radicais islâmicos desde o ano passado, quando um cessar-fogo entre o grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP) e Islamabad foi rompido. No entanto, a maioria dos ataques recentes tem sido direcionada a forças de segurança.
Em janeiro, mais de 90 policiais foram mortos em um atentado a uma mesquita em Peshawar – o local sagrado ficava em um complexo que abriga vários prédios oficiais, incluindo as sedes das forças de segurança. Assim como desta vez, nenhum grupo assumiu a autoria do atentado.
Os ataques se concentram nas regiões que fazem fronteira com o Afeganistão, e Islamabad, inclusive, diz que algumas ofensivas são planejadas em território afegão, o que Cabul nega.
Além de enfrentar um agravamento da situação de segurança desde que o Talibã retomou o poder no Afeganistão, o país lida com inflação e desemprego, que vêm crescendo.
Além do temor de violência, a campanha política no Paquistão é marcada por polarização e acusações de envolvimento de militares na política. Autoridades das Forças Armadas negam interferência na disputa.
Em novembro do ano passado, o ex-premiê Imran Khan foi baleado durante um protesto em que exigia eleições antecipadas. Ele foi afastado do cargo em 2022 após perder uma moção de desconfiança.
(Com informações de Folha de S. Paulo)
(Foto: Reprodução)