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BC reduz Selic – Nesta quarta-feira (02), o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o primeiro corte da Selic – taxa básica de juros – em três anos, de 0,50 ponto percentual (p.p.), levando o índice a 13,25% ao ano.
No entanto, o IPCA no acumulado de 12 meses a registrou apenas 3,16%, mantendo o Brasil no topo da escala global de juros reais (10,09%).
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Em comunicado divulgado após a decisão, o colegiado alega que a melhora do quadro inflacionário do país permitiu que o Banco Central (BC) desse início a um ciclo “gradual” de redução de juros no Brasil.
A autarquia ainda sinalizou que novos cortes podem acontecer nas próximas reuniões, caso o cenário esperado – de continuidade do processo de desinflação e de ancoragem das expectativas em torno de suas metas – se concretize.
A decisão pela redução de juros já era esperada pelo mercado, no entanto, mais do que o tamanho do corte, a expectativa dos agentes financeiros girava em torno do tom adotado pela autoridade monetária para justificar a decisão e das sinalizações do colegiado sobre como deve ser e quanto deve durar o ciclo de queda.
“Os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude [ou seja, de 0,50 p.p.] nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o comunicado.
Votação acirrada
Os diretores do Copom ficaram divididos sobre a dimensão do corte que fariam na reunião desta quarta-feira e segundo nota divulgada pelo colegiado, cinco diretores votaram a favor do corte de 0,50 p.p., enquanto quatro se manifestaram por uma redução de 0,25 p.p..
Votaram pela redução de 0,50 p.p.:
- presidente Roberto Campos Neto (indicado por Jair Bolsonaro)
- Ailton de Aquino Santos (indicado por Lula)
- Carolina de Assis Barros (indicada por Temer)
- Gabriel Galípolo (indicado por Lula)
- Otávio Ribeiro Damaso (indicado por Dilma Rousseff)
Votaram pela redução de 0,25 p.p.:
- Diogo Abry Guillen (indicado por Jair Bolsonaro)
- Fernanda Magalhães Rumenos Guardado (indicada por Jair Bolsonaro)
- Maurício Costa de Moura (indicado por Jair Bolsonaro)
- Renato Dias de Brito Gomes (indicado por Jair Bolsonaro)
O colegiado avaliou a atual conjuntura econômica nacional e internacional e fez um balanço de riscos para o cenário inflacionário.
Segundo o comunicado, os indicadores recentes de atividade continuam a refletir um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres, com indicação de uma elevação da inflação acumulada em 12 meses ao longo do segundo semestre.
“As medidas mais recentes de inflação subjacente [também chamada de núcleo da inflação, a medida desconsidera os preços mais voláteis, como energia e alimentação] apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta”, diz o Copom.
Além disso, o comitê também reforçou que seus cenários de análise para a inflação ainda apresentam fatores de risco tanto para um aumento quanto para uma queda dos preços.
Entre os riscos de alta, o comunicado destacou:
- uma maior persistência das pressões inflacionárias globais;
- uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada.
Já entre os fatores que podem levar a uma redução de preços, estão:
- uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições adversas no sistema financeiro global;
- os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
(Com informações de G1)
(Foto: Raphael Ribeiro/BC)