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Após a anulação das condenações de Lula na Lava Jato, o PSDB deu sinais de que pode desistir de uma candidatura própria à presidência, e os sinais emitidos pelos líderes tucanos apontaram para um possível apoio a Ciro Gomes (PDT) na eleição de 2022.
Ciro foi mais uma vez ‘acusado’ de ser de direita, principalmente na blogosfera do PT. Enquanto isso, Lula articulava dentro do PT para buscar abrir negociações com o PSDB e o centro político em busca de apoio a uma eventual candidatura do ex-presidente.
Nas últimas duas semanas, a política nacional explodiu com a volta do ex-presidente ao cenário eleitoral. A partir desse fato, vários outros acontecimentos e sinalizações foram se encavalando, um atrás do outro.
A última notícia é de que o governador Wellington Dias (PT), do Piauí, será o emissário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas conversas com o PSDB e outros partidos do centro.
A estratégia é encontrar “um lugar para Lula na crise sanitária” para que, juntamente com outros ex-presidentes — como Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Michel Temer (MDB) —, exerça influência internacional a fim de conseguir vacinas e insumos para a produção de imunizantes no País.
“É hora de dar os braços ao João Doria, ao Eduardo Leite, independentemente de 2022. É a hora de os líderes demonstrarem grandeza”, afirmou Dias ao Estadão, sobre os governadores tucanos de São Paulo e do Rio Grande do Sul.
Dias e Lula conversaram na quinta-feira (11). O aliado do Piauí é o coordenador do consórcio de governadores do Nordeste, que anunciou, no dia seguinte, um acordo com o fabricante russo da vacina Sputnik para a compra de 39 milhões de doses.
A inclusão de Lula nos diálogos sobre a crise sanitária teria dois objetivos: mantê-lo em evidência, mas fora do noticiário sobre seus problemas judiciais, e reforçar a estratégia de buscar estabelecer pontes com o centro.
Na quarta-feira (10) o ex-presidente aconselhou o partido a repensar os encontros eleitorais que havia autorizado o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad a cumprir. Candidato ao Planalto derrotado em 2018, ele já havia se reunido com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).No dia seguinte, deveria ter se encontrado o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), mas cancelou.
A ordem é deixar baixar a poeira da decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), que tornou Lula elegível.
Exaltação à Doria
Para conseguir romper o canto esquerdo onde estava relegado nos últimos anos, o petismo não poupa, agora, elogios à atuação de Doria na pandemia. Wellington Dias afirmou: “O papel dele é importantíssimo. Se não fosse o governador Doria, não teríamos vacinação. São do Butantan cerca de 8 milhões das 12 milhões de vacina aplicadas até agora no Brasil”.
O governador do Piauí disse ter explicado a Lula que vacinas e respiradores são hoje alvo de um “leilão mundial” e que não há coordenação no País que auxilie os Estados nessa busca. “Lula é respeitadíssimo, assim como FHC e Temer. Eles podem usar seus contatos internacionais”, afirmou o petista.
Em janeiro Lula havia enviado carta ao líder chinês Xi Jinping para criticar Bolsonaro e elogiar o embaixador Yang Wanming e a parceria entre a chinesa Sinovac e o Instituto Butantan para a produção da CoronaVac, a principal aposta de Doria. No sábado (12), quando recebeu a primeira dose, voltou a exaltar a vacina e o Butantan.
O Estadão consultou outros líderes petistas com acesso a Lula, que confirmaram a ordem de enfatizar a pandemia para o partido se contrapor ao governo Bolsonaro, discutindo o que fazer para combater o vírus.
“O efeito da pandemia será devastador. E o tema será central na campanha. Bolsonaro lutou contra vacinas, não paga UTIs, é contra medidas de contenção. Ele vai carregar as mortes até a campanha”, disse o ex-governador de Minas Fernando Pimentel. “O antipetismo perdeu relevância. O relevante agora é o antibolsonarismo. Para a maioria do eleitorado, o que importa é derrotar Bolsonaro.”
Fonte: Estadão
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