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Bolsonaro convocou ministros – Vídeos de uma reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua equipe – peça central na operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) – foram divulgados na madrugada desta sexta-feira (09).
O vídeo da reunião – que foi marcada por reações de nervosismo, ofensas, palavrões e destempero do então presidente – foram publicados pela jornalista Bela Megale no jornal O Globo.
Segundo a PF, a gravação “revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”. O vídeo mostra Bolsonaro alterado, desferindo ataques ao então adversário Lula, a quem chega a se referir como “satanás”. O então presidente ainda profere sucessivas ofensas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
Assista trechos da reunião:
Segunda parte do vídeo: pic.twitter.com/ta27KRTkYH
— BRI – Brasil Independente 📰🇧🇷 (@obrindependente) February 9, 2024
“Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”, disse Bolsonaro.
Durante a reunião, o ex-presidente ordena que seus ministros atuem para questionar o processo eleitoral no Brasil, pois tinha certeza na vitória de Lula por conta de uma suposta fraude que alegava existir, antes mesmo da disputa.
“Todos aqui têm uma inteligência bem acima da média. Todos aqui, como todo povo ali fora, têm algo a perder. Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado, está pintado. Eu parei de falar em voto imp… e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que… eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes”, afirma Bolsonaro.
Na gravação, ele ainda defende que todos os integrantes da Comissão de Transparência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) façam uma nota conjunta, afirmando que “a lisura das eleições são (sic) simplesmente impossíveis de ser (sic) atingidas”.
O ex-presidente afirma que a nota precisa ser subscrita pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em um dos momentos de mais desequilíbrio, Bolsonaro joga os óculos na mesa e dispara contra os seus próprios ministros:
“Vocês sabem o que está acontecendo. Achando que esses caras estão de brincadeira? ‘Ah, vamos lá…’ Não estão de brincadeira. O que está em jogo é o bem maior que nós temos e contamos aqui na terra, que é a porra da liberdade. Mais claro, impossível. Nós [inaudível] vamos ter que reagir”.
O então presidente diz que o TSE errou ao chamar as Forças Armadas para integrar o comitê de transparência eleitoral da corte, acrescentando que é o “chefe supremo” da tropa.
“O TSE cometeu um erro [inaudível] quando convidou as Forças Armadas para participar da comissão de transparência eleitoral. Cometeu um erro. Eles erraram. Pra nós, foi excelente. Eles se esqueceram que sou o chefe supremo das Forças Armadas?”, aponta.
Em outro momento, Bolsonaro dispara ataques seguidos a ministros do STF, principalmente Moraes, Barroso e Fachin, dizendo que “os caras estão preparando tudo” para que Lula ganhe as eleições no primeiro turno, mas por meio de “fraude”.
“Alguém acredita em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Se acreditar levanta braço? Acredita que são pessoas isentas?”, questiona. Todos permanecem em silêncio diante da pergunta do presidente.
Em seguida, refere-se à cadeira presidencial como uma “cagada” e emenda: “cagada do bem”.
“Como é que eu ganho uma eleição, um fodido como eu? Deputado do baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado”.
(Com informações de O Globo)
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)