Bolsonaro e filhos fugiram da PF de barco? – Nesta segunda-feira (29), a Polícia Federal (PF) realizou uma operação de busca e apreensão em uma casa em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou uma live nas redes sociais neste domingo (28).
A operação da PF era direcionada ao vereador e filho de Bolsonaro, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), no âmbito do inquérito que apura um escândalo de espionagem envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O ex-presidente e os filhos (Carlos e Flávio) estavam no local e deixaram a casa de barco justamente no mesmo momento da chegada das viaturas. No entanto, não havia nenhum mandado de prisão a ser cumprido. Mas afinal, Bolsonaro fugiu de barco com os filhos ao ver a PF ou não?
Fontes ligadas ao ex-presidente negam que a saída pelos fundos da casa, de barco, tenha sido uma “fuga”. O advogado da família disse que, na verdade, eles teriam ido “pescar”. Fontes ligadas a Bolsonaro ainda disseram que se tratava de um passeio matutino (eram cerca das seis horas da manhã) e que, por estarem na parte de trás da casa, não viram a chegada da Polícia Federal. Assim que foram informados da operação, voltaram à residência, garantem aliados.
O que se especula no meio político é que o ex-presidente e os filhos realmente “abriram fuga” ao verem a chegada da PF, imaginando que seriam presos no âmbito dos inúmeros processos que enfrentam em várias instâncias da Justiça. Nos bastidores de Brasília e do Rio de Janeiro, insinua-se que eles só voltaram ao imóvel ao serem informados de que a operação desta segunda era somente de busca e apreensão, não havendo qualquer mandado de prisão.
Mas, garantem aliados, a coisa não passou de uma grande “coincidência”. De acordo com uma fonte da PF, foram recolhidos celulares e aparelhos eletrônicos de todos que estavam na casa. Carlos, o pai e seus irmãos somente voltaram ao local no final da manhã.
Durante a operação, que também ocorreu na casa de Carlos e na Câmara Municipal do Rio, agentes da PF teriam apreendido um computador da Abin com Carlos Bolsonaro, segundo as jornalistas Daniela Lima e Andréia Sadi. A PF nega oficialmente. No fim da tarde desta segunda, a jornalista Daniela Lima, da GloboNews, corrigiu a informação e esclareceu que o computador não foi apreendido com Carlos Bolsonaro.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, é quem assina a autorização para os mandados.
Espionagem ilegal da Abin
A Polícia Federal suspeita que, sob o mandato de Jair Bolsonaro, a Abin atuou como um braço de coleta de informações ilegais, sem autorização judicial, e também como fonte de informações falsas, depois disseminadas por perfis de extrema direita para difamar instituições e autoridades.
Em outra frente, a Abin também teria sido acionada para blindar filhos do ex-presidente Bolsonaro de investigações da própria Polícia Federal.
Carlos Bolsonaro é vereador desde 2001 e está em seu sexto mandato consecutivo na Câmara Municipal do Rio. Ele foi apontado pelo ex-braço-direito de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, como chefe do chamado gabinete do ódio, uma estrutura paralela montada no Palácio do Planalto para atacar adversários e instituições – como o sistema eleitoral brasileiro.
O filho de Jair Bolsonaro não se pronunciou sobre a operação até a última atualização desta reportagem.
(Com informações de G1, Folha de S. Paulo e O Globo)
(Foto: Montagem/Reprodução)